Capítulo 18 - Quem procura, acha

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 Marcus encarou seu relógio. Já passavam das três e dez. Ela estava mais de dez minutos atrasada, notou. Coçou a careca em desaprovação e suspirou fundo; Lymeri não era de se atrasar. Da capital para a cidade dos Kantaa eram apenas algumas horas, e a companheira tinha um cavalo que facilitaria seu deslocamento. Será que havia a ilustre faxineira de Nerken Kantaa conseguido cumprir com o pedido de Marcus? Ele temia que não.

E se acontecesse algo à amante por conta de seu pedido, o alfaiate jamais se perdoaria.

Quando o som dos cascos do cavalo chocando-se contra a pedra fria invadiu a cena, Marcus se permitiu sorrir. Apertou seus olhos e ao horizonte via-se a esperada, Lymeri, uma mulher loura e alta já com seus trinta e poucos anos; Não uma moçoila, no entanto consideravelmente mais jovem que o alfaiate. Ela era linda com seus belos olhos da cor do oceano cintilando ao refletir a luz do sol e seu cabelo amarelo esvoaçante ao vento.

E a alegria de Marcus se tornou ainda mais vivaz quando percebeu que a mulher carregava pastas beges consigo. Talvez ali estivessem os documentos que ele sempre sonhou em colocar as mãos.

Lymeri desceu do cavalo e trocou alguns beijos com Marcus, seu amante de tanto tempo. Os olhos do alfaiate brilhavam; Ali, sob os dedos de Lymeri, havia algo mais valioso que ouro.

Boa tarde, querida. ー Cumprimentou ele, tirando o chapéu e desenhando o fino rosto de Lymeri com os dedos. ー Trouxe o que lhe pedi?

A loura olhou para os dois lados, ansiosa, como se estivesse temendo que alguém ouvisse sua conversa. Então, notando que ambos estavam sozinhos, assentiu com a cabeça.

Está tudo aqui. Os documentos sobre a morte de Maera Kantaa. ー E entregou as duas pastas que trazia consigo para Marcus. ー Foi difícil roubá-las dos papéis de Nerken. Ele possui dois guarda-costas imensos que me assustam.

Pelo menos você conseguiu. ー Marcus deu-lhe um beijinho na testa. ー Você é ótima, Lymeri. Mas... Do que se trata esta segunda pasta?

Pode ser apenas coincidência... Mas... ー Lymeri mordeu os próprios lábios. Parecia estar com medo de dizer o que sabia. ー O roubo do crânio de Gillani Gaspez ocorreu no mesmo dia que o assassinato de Maera. Imaginei que ambos os fatos poderiam estar ligados.

Marcus arqueou as sobrancelhas.

O crânio de Gaspez foi roubado?

Ao que tudo indica, sim. ー Confirmou Lymeri. ー Ainda não identificaram a algoz do crime. Mas, se quer minha opinião, eu acredito que tenha sido mandado pelos Eran.

Assim como o assassino de Maera... ー Marcus ponderou. ー Mas por que os Eran iriam querer o crânio de Gaspez?

Ah, o souvenir dos Kantaa demonstra a superioridade destes em relação aos Eran. ー Lymeri deu de ombros. ー O bando de Gaspez atormentou tanto os Eran quanto os Kantaa e os Saphira por muito tempo, e os Kantaa conseguiram destruí-lo antes dos seus arqui-rivais. Talvez, e apenas na minha opinião, os Eran queiram o crânio de Gaspez apenas para mostrar aos Kantaa que podem ter o que quiserem deles. Inclusive os frutos de sua maior vitória.

Faz sentido. ー Marcus coçou o queixo. ー E, se os meus apontamentos estiverem certos... Os Eran delegaram as duas coisas a uma única pessoa. E eu sei o nome e rosto dessa pessoa, sei qual é sua ferramentinha do poder. Obrigado, Lymeri. Você foi muito útil. Agora eu devo ir...

Quando Marcus abaixou-se para dar um beijo de despedida em Lymeri, a amante segurou-o pelo terno e o encarou bem no fundo de seus olhos.

Acho que não há necessidade de ir agora... ー Lymeri mordeu os lábios. ー Podemos curtir um tempo juntos, eu e você...

Caos e Sangue | COMPLETOWhere stories live. Discover now