CAPÍTULO 14: CUBA, PARTE 01

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AMÉLIA TORETTO

A barba roçava pelas minhas costas a cada beijo, mordida e lambida que eu recebia. Sorri sonolenta e abri os olhos, vendo Mike sentado ao meu lado, na cama. Virei de barriga pra cima, ainda sorrindo. Ele tinha as bochechas coradas e os ombros vermelhos do sol dos últimos dias. Apesar do sorriso que carregava, eu via sua preocupação também.

— Bom dia, flor do dia. — ele murmura

— Bom dia. — sorri e coloquei a mão em seu rosto — Que carinha é essa?

— Recebi uma ligação. — suspira — Preciso ir.

— Mike, a gente combinou que ia ficar por aqui. — franzo o cenho — Você, eu, minha família. E, depois, passar o réveillon em Cuba.

— Eu sei que a gente combinou, mas não vai dar.

— Por que não? — me sento na cama, o encarando

— Precisam de mim. — resmunga se levantando, sem se preocupar com sua nudez

— Quem precisa? Michael, você enche a boca pra falar que sua família somos Laura e eu. Quem precisa de você agora?

— Amélia, é complicado. — revira os olhos vestindo a cueca

— O que é complicado? Você tá sempre sumindo, quando a gente precisa.

Ele fica em silêncio e veste sua calça jeans. Parece pensar e ponderar sobre alguma coisa que eu não faço ideia.

— Michael! — o chamo

— Aqui. — ele puxa sua mochila e tira uma foto dali de dentro — É por isso que eu tenho que ir.

Pego a foto e arregalo os olhos. A foto ilustra um aniversário, onde Mike está sorrindo com uma garotinha no colo e uma mulher ao lado, batendo palmas. A menina é tão parecida com eles dois que eu fico assustada.

— Por que essa menina tem os seus olhos? — franzo o cenho

— Porque ela é minha filha.

— O que? — o encaro — Para de piada.

— Não é piada.

— Essa menina tem o quê? Cinco anos?

— Quatro e meio. — me corrige

— Como você nunca contou isso? — arregalo os olhos, incrédula

— Em minha defesa, eu só descobri quando ela tinha uns dois anos. — tenta se defender

— Eu não acredito que você me escondeu uma filha. — deixo a foto na cama e me levanto, vestindo a blusa quadriculada azul, que estava no chão

— Eu não sabia como contar. — se defende — Você ia me chamar de imbecil e irresponsável.

— Bom, você é irresponsável! — o olho — Colocou uma filha no mundo perigoso que você vive. Devo te lembrar que, no início do ano, você tava devendo pra um cara de uma boate no México?

— Não precisa me lembrar e nem jogar na minha cara minha irresponsabilidade. Aliás, pra você, ninguém presta além do Deckard.

— É você quem está falando do Deckard e não eu. — bufo dando as costas para ele, pegando minha calcinha no chão e a vestindo

— Tenta entender o meu lado, eu nunca vi uma brecha pra contar isso. Eu não podia, enquanto te comia, falar então, eu tenho uma filha né?! Haha.

— Idiota. — reviro os olhos, vestindo uma samba-canção que não sei se é do Mike ou do Dimitri

— Amélia! — ele insiste — Rose me ligou, ela disse que a Olivia está doente.

Bring Me Back - O Retorno de TorettoWhere stories live. Discover now