Bring Me Back - O Retorno de Toretto

CAPÍTULO 33: JAKOB

Santa Mônica, Califórnia — 1997

Apenas uma coisa conseguia ser mais bonita que o pôr do sol em Santa Mônica; o sorriso de Maria, sujo de sorvete. Jakob sempre foi um caso à parte, na família. Filho de um caso do pai, não tinha a mesma mãe que Dom e Mia, e esse era um dos principais motivos para justificar seu afastamento. Ele se sentia naturalmente excluído, deixado de lado. Quando soube da existência de Maria Christina Toretto, quando ela ainda era um feto, algo dentro dele se alegrou em saber que ele não seria o único a ser excluído. Ele queria ser o irmão mais velho protetor e, agora, finalmente poderia ser. Teria uma irmã para chamar de sua. Alguém que não endeusa Dominic por tudo.

— Está gostoso, esse sorvete? — ele perguntou vendo a menor se lambuzar inteira

— Muito delícia, Jay. — ela respondeu concentrada e ele sorriu

Quando o patriarca da família faleceu, pouco antes do primeiro aninho da caçula, Jakob prometeu que seria a melhor figura paterna que ela teria. Ajudaria com os trabalhos escolares, levaria pra passear, espantaria os garotos. Maria e ele tinham uma conexão grande, embora ela sempre ficasse do lado de Dom, nas brigas. Jakob sempre foi o primeiro a perder a cabeça e partir pra briga física, isso a deixava assustada. Era sempre muito difícil fazê-la perder o medo dele, após uma briga.

— Tina, precisa limpar essa mão direito. — ofereceu mais guardanapos para a menor

— Eu não sou Tina, eu sou Maria. — disse brava, tentando se limpar

Jakob riu de novo. Ela sempre odiou seu segundo nome e qualquer apelido relacionado a ele. Jake gostava de vê-la brava, era engraçado. Com ela, sorrir era muito fácil.

— Podemos ir pra casa? — perguntou pegando a mochila da menor e colocando-a no ombro, ao se levantar

— Você e o Nikito não vão brigar de novo, vão? — ela se levantou, erguendo bem a cabeça para olhar o rosto do irmão

— Não, amor. — ele diz envolvendo a mão pequenina em sua mão enorme

— Mas ele não vai gostar de eu ter saído mais cedo da escola.

— Ele não precisa saber. — o mais velho sorriu — Será nosso segredinho, certo?

— Não pode mentir, Jay. — a pequena o olhou

— Deixa que eu resolvo, tá?

Caminharam pelo píer juntos, de mãos dadas. Qualquer um que olhasse, diria que aquele era um passeio entre pai e filha orgulhosos e felizes. Atravessaram a rua, para seguir para o local onde o Toyota estava estacionado.

— Olha, Jay! — ela gritou — Um cachorrinho!

Ela soltou a mão do mais velho e correu pra cima de um dálmata filhote, mas antes de chegar até o cachorro, os pezinhos tropeçaram e a derrubaram, fazendo seus joelhos irem de encontro ao asfalto quente e a boca bater no chão. O mundo pareceu parar, ao redor de Jakob. Antes que ela se desse conta de que estava ralada, ele a levantou em seus braços e a pegou no colo. Os olhinhos deixaram as lágrimas transbordarem e então a boquinha se abriu, soltando um choro sofrido. Jake percebeu o corte no lábio e os joelhos ralados. A abraçou apertado, acalentando e acalmando. Não demorou muito para que ela escondesse o rosto no pescoço do irmão.

***

Segurando a irmã no colo e tentando convencê-la de que o Merthiolate não iria fazer seu machucado arder, Jakob pendurou a mochila da pequena no ombro e subiu a rampa da garagem de casa, vendo Mia carregando algumas sacolas de mercado.