CAPÍTULO 5: BEM VINDA AO LAR

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AMÉLIA ELIZABETH

Abri os olhos embaçados e senti braços musculosos em torno de mim. Me ninando como se eu fosse uma criança, Dominic Toretto me tinha em seus braços e me observava, enquanto cantarolava a melodia de alguma música infantil que eu não me recordava. Ele sorriu ao me ver acordada, mas seus olhos estavam molhados de choro. Eu franzi o cenho, estranhando, e ele me ajudou a sentar na poltrona de couro marrom rasgada. Ainda estávamos na garagem.

Eu ofeguei e ele me soltou apenas para me entregar uma garrafa d'água, que eu fiz o favor de aceitar e beber um longo gole.

— Que loucura, não? — murmuro sem saber o que dizer

— Como você cresceu. — diz sorrindo e tentando impedir mais lágrimas — Mas seu olhar é o mesmo.

— Então você se lembra? — o olho

— Sempre lembrei. — garante, se abaixando em minha frente — Todos os dias, nos últimos vinte anos.

— Verdade?

— E por que não seria assim? — franze o cenho — Maria, não houve um único dia, em toda a minha vida, que eu não lamentei o que aconteceu. A forma como eu te perdi, a dor que eu senti, as coisas que fiz achando que por minha culpa você estava morta. — diz me olhando nos olhos durante todo o tempo — Eu fui ao inferno, por todos os dias. — fungou secando as lágrimas — Mas agora você está aqui, comigo. — sorri — Como costumava ficar.

— Dominic, olha...

— Dom. — me corrige — Talvez não se sinta à vontade pra voltar a me chamar de Nikito, mas me chame de Dom.

— Dom. — me corrijo — Eu não estou aqui pra trair os Shaw e me aliar a você, assim como não estou com os Shaw pra matar você. — digo o olhando nos olhos — Eu quero respostas, foi pra isso que eu fui pra Abu Dhabi.

— Então faça as perguntas. — segura minha mão — Faça.

— Tem uma coisa que não bate, Dom. Você tá aqui, na minha frente, chorando, dizendo que lamenta, que sentiu saudades, no entanto fui eu quem acordei sozinha, dois meses depois de um coma. — digo sincera — Eu fui colocada pra adoção e passei de casa em casa, porque as famílias não estavam preparadas pra cuidar de uma semi aleijada. Eu preciso de respostas muito convincentes, Dominic. Por que tem uma sepultura com o meu nome, no cemitério da cidade?

— O que se lembra do acidente? — me encara sério

— Eu estava em um carro, olhei pela janela e você olhou pra mim, desesperado. — descrevo a cena que me atormenta há vinte anos — Você chamou por mim, mas alguma coisa colidiu com o carro e eu voei. É tudo o que me lembro há vinte anos. Seus olhos, meus gritos e você me chamando.

— Bom, — ele suspira — houveram mais coisas, mas podemos pular essa parte. — desvia o olhar e se levanta

— Eu quero a história toda, Dom. — o acompanho com o olhar

— A polícia invadiu a nossa casa em um mau momento, o caos estava formado em nossa família.

— Me lembro de gritos e você mandando a... — me esforço para lembrar

— Mia. — me olha

— Isso, Mia! — o olho — Você mandando Mia me tirar de perto. Você estava machucado.

— Sim, estava. — confirma — A polícia não estava sozinha, o pessoal que uma das pessoas da nossa família estava metida, também veio. No desespero, cada um entrou em um carro e correu. Só queríamos deixar Mia e você em um lugar seguro. E então bateram no carro que você estava e eu vi o seu corpo voar.

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora