EPÍLOGO: EM CASA

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Londres

DECKARD SHAW

Diminuí os passos da corrida, sentindo minhas contrações musculares irem se relaxando. O portão da garagem subterrânea abriu e eu entrei na mesma, descendo a rampa correndo mais devagar. Corri pelo corredor de carros meus e de Amélia e parei em frente à porta blindada, colocando minha digital no leitor e entrando na área da casa, onde uma academia climática e um vestiário me esperavam. Tirei os fones do ouvido, passando a música para os alto falantes e me livrei do casaco, dos tênis e da calça, indo direto pra debaixo da ducha fria. Checando a hora no relógio, me certifiquei de que ainda era cedo para Illeana estar acordada, terminei o banho e enrolei a toalha na cintura, subindo para o térreo da casa, onde tudo estava quieto demais. Passei pela cozinha, sala de jantar, de estar, de visitas e subi para o segundo andar da casa, que ainda estava com as luzes apagadas. fui até o fim do corredor e virei à direita, onde as portas duplas do meu quarto me esperavam. O cômodo ainda estava escuro e mais gelado que o restante da casa, do jeito como Amélia adora. Passei pelo hall de entrada e segui até o quarto, onde mesmo com a escuridão, eu pude perceber que Amélia estava deitada, nua, do jeito que eu a deixei quando transamos e eu saí pra correr. Fui até o closet, onde me vesti de maneira apropriada e voltei para o quarto, desligando o ar condicionado e ativando o aquecedor.

— Se você abrir essas cortinas, Deckard Shaw, eu juro que peço o divórcio. — a voz da minha mulher soou abafada, por ela estar soterrada sob cobertores e travesseiros

— Você não vai pedir o divórcio. — murmuro rindo e abro as cortinas, vendo a luz do céu nublado entrar

— Eu não quero levantar. — ela reclamou, sem nem mesmo se mover

— Você já não foi treinar hoje. — digo recolhendo sua camisola e meu pijama, que estavam jogados no chão — Quer mole?

— Não, eu prefiro bem duro mesmo. — murmura e eu acabo rindo de novo, agarrando a barra do edredom e o arrancando da cama, exibindo seu corpo nu que se arrepia com a temperatura

— Decks, é natal. — ela reclama ao deitar de bruços e esconder o rosto no meu travesseiro — É uma data sagrada.

— O que fizemos nessa cama, duas horas atrás, não foi nada sagrado. — comento jogando o edredom na poltrona — Anda, Amélia.

— Você é a única pessoa que sai pra se exercitar em pleno vinte e cinco de dezembro.

— Anda, levanta! — acerto um tapa estalado em sua bunda — Daqui a pouco nossa família está aí.

— Está tudo pronto, Decks. — resmunga — Me deixa dormir mais um pouco.

Sono. Essa foi a primeira coisa que me fez reparar mais nela. Isso e o fato de, exatamente como da outra vez, eu arrumar a necessaire dela. Eu quero ser pai de novo. Realmente quero e sei que ela está ciente de seu status atual, mas estou preso na fina brecha entre "ela sabe o que é melhor para o corpo dela" e "o filho é meu também". Se ela não quer falar sobre isso agora, quem sou eu pra apressar as coisas? Gosto de pensar que ela está analisando os prós e contras dessa decisão e não quero que ela se sinta obrigada a fazer nada por minha causa.

Reviro os olhos, impaciente e agarro seus tornozelos, puxando-a para fora da cama. Ela se debate e se agarra nos lençóis, mas não há mais o que resistir. Em questão de segundos, ela está estatelada no chão, me lançando o olhar mais mortal do mundo.

— Te vejo lá embaixo. — pisco para ela e saio do quarto, a ouvindo me xingar de alguns nomes bem podres

Vou até a outra extremidade do longo corredor e encaro a porta cheia de colagens. Ali há fotos de Illeana com todo mundo. Comigo, com Amélia, com a boca pintada de vermelho igual à minha mãe, com Letty e Dom, montando nas costas de Roman, fazendo judô com Owen, jogando água no computador da Ramsey. Todas as fotos mais insanas, ela tem ali. Inclusive uma que tirou nos ombros da Hattie, enquanto Hattie estava nos ombros de Hobbs. Eles amam brincar de "pirâmide humana" e me fazer ter quase um infarto. É a atividade favorita deles.

Bring Me Back - O Retorno de TorettoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora