✓ FRIDAY ━ JAMES POTTER.

trinta e quatro.

PEQUENOS RAIOS de sol atravessaram a fresta da janela, clareando o quarto extenso e despertando James de um sono tranquilo.
O homem mexeu-se milimetricamente, soltando um pequeno bocejo ao abrir o olhos.

Friday ainda estava ali, dormindo calmamente. Mas já não estava isolada em outro ponto da cama, e sim encolhida nos braços de Potter, em uma posição que a deixava fofa — James nem sabia que Friday conseguia ser fofa.

Seu cabelo esparramado no travesseiro e no ombro do homem o fez dar uma risadinha, e quando o vento bateu na cama e fez o cheiro de baunilha de Friday voar em direção ao seu nariz, ele sentiu suas pernas tremerem por um momento e precisou se lembrar do motivo de ter deixado Dunequim dormir ali. Sabia que ela acabaria dormindo no chão se ele não insistisse.

Mas vê-la tão indefesa e a vontade em seus braços o lembrou de coisas, coisas que já deviam estar muito bem enterradas e escondidas, meses haviam se passado e ainda sim ele sentia seu corpo vacilar ao entrar em contato com Friday. Tão linda e afastada dos problemas que a rodeavam...

Acabou por deixá-la dormir ali, não teria forças para tirá-la daquela bolha.

James ficara ali por pelo menos três horas, esperando que Friday acordasse — e ele realmente não sabia que a loura dormia tanto.
E quando ela finalmente acordou, a situação não pôde ser mais estranha.
Ela se enganchara mais no corpo de Potter e de tempos em tempos parecia que ia acordar, mas sempre continuava a repousar.

— Gente, tem.. — Lily abriu a porta, imaginava que Friday e James já estavam acordados, mas a cena fez-lá rir.

— Bom dia. — James sorriu cafajeste, como sorria em Hogwarts.

As bochechas de Friday ganharam uma coloração avermelhada ao pular de susto, logo pondo os olhos em James e depois em Lily. Ela puxou o lençol para cima e escondeu o rosto.
Como diabos fora parar ali?

Estava muito cansada de fato, mas sempre havia dormindo encolhida e odiava dormir em concha, então por que tinha se aninhado em Potter? Não era como se seu corpo funcionasse conscientemente de noite, então certamente não tinha culpa daquilo ter acontecido, mas era estranho acordar nesse tipo de posição, ao lado de seu ex namorado.

— Vou deixar a carta aqui. O café já está pronto. — Lily pousou um envelope fechado e Friday se levantou para pega-lo, dando a ruiva a chance de sussurrar em seu ouvido — Precisamos conversar sobre isso.

Friday, que deu uma risada curta, não teve isso por muito tempo, pois bastou que visse o nome do remetente para que seu coração desacelerasse e o sangue gelasse.
Planejava ler a carta em outro lugar, longe de James e a vergonha que ele lhe causava. Mas suas pernas vacilaram e o homem praticamente precisou a segurar para que não caísse no chão.

— Friday, eu...

— Não James, agora não.

A letra bastão era conhecida e o endereço do remetente também. A caligrafia delicada de sua mãe a pegou de surpresa, e o conteúdo a faz quase gritar; só que não podia, não na frente de Potter. Ele acabaria achando dela uma maluca por se afligir com uma visita da mãe.
Mas ele não sabia, não sabia o que era temer pela vida de seus pais, nem ter medo de que seu contato possa assinar a sentença de morte deles. James tinha pais bruxos, que morreram de velhice e obviamente não sabia do pavor que a consumia.
Só que sentado ali, ao seu lado, esperando uma confirmação de que a loura estava bem, ele parecia compreensivo. Mas não o suficiente, não o suficiente para que Friday se abrisse.

— Está tudo bem. Mas vamos precisar de um quarto a mais.

James pareceu confuso a princípio, mas a letra não lhe era estranha. E ao contrário do de Friday, seu coração disparou. A preocupação de ter dormido colado dela esvaiu-se, e uma nova precipitava. Sammy provavelmente o odiava, porque era assim que ex-sogras funcionavam, não era?