01_ Que morra cagada!

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Eliza Claire

- Eu nem caguei hoje... - Soltei encarando a minha barriga e esfregando a mesma preguiçosamente.

Me julguem, mas eu morria de medo de precisar abrir os meus portões do inferno para qualquer lugar que não fosse o meu banheiro.

- E por que, exatamente, isso é importante? - A minha irmã de 13 anos argumentou enquanto se sentava na minha mala de viagem pra me ajudar a fechar.

A mala era de uma vaca rosa, porque, segundo a minha mãe, se alguém tentar roubar a minha mala, a pessoa vai parecer uma idiota correndo com uma mala de vaca.

Mas ela nem se preocupou que a filha andasse com a mala de vaca.

"O importante é não ser assaltada", ela disse.

O que ela esqueceu, é que o meu pai é do Rio de Janeiro. Eu ando até com um celular reserva caso for assaltada.

- Tirando que eu posso estar com prisão de ventre... Imagina no meio do voo eu sinto vontade de rebolar igual o Neymar? - Pensei preocupada.

Tentei fechar a mala e a minha irmã cruzou as pernas ainda sentada na mesma.

Eu não sei se ela tá tentando ajudar ou atrapalhar, mas na cabeça dela o importante é participar.

E na minha cabeça, o importante é enfiar a minha mão na cara dela se ela se mexer de novo.

Parece que tem lombriga no rabo do jeito que se revira pela casa.

- Eu vou ficar sentada com a bunda batendo vento naquela privada que tanta bunda já deve ter tocado. - Arregalei os olhos lentamente começando a entrar em pânico. - Eu vou acabar chorando de desespero na hora.

- Você não vai. - A minha irmã me assegurou.

- E se eu esquecer de trancar a cabine do banheiro no avião? - Pensei na outra possibilidade.

- Você tá paranóica demais pra não checar umas 30 vezes. - Deu de ombros. - E o que pode acontecer na pior das hipóteses? Um velho rico entrar e ficar tão encantado com a sua bosta presa no rabo, ao ponto de te sequestrar e fazer de você uma rainha da máfia?

- Eu já falei pra você parar de ler esses livros de máfia. - Falei tentando esconder o meu sorriso.

Talvez eu sinta saudades dela, apenas talvez.

- Prefiro ler sobre os meus mafiosos lindos, do que chorar por causa de um feérico. - A Luma provocou.

- Ele é o filho de um grão-senhor. - Corrigi com ódio.

- De qualquer jeito, eu não aguento mais escutar seu choro por ele ser perfeito demais. - Ela semicerrou os olhos pra mim com desgosto.

- O Lucien vale cada lágrima minha. - Falei com orgulho e raiva.

A minha irmã sorriu sem mostrar os dentes provocando e então eu suspirei percebendo que ela só criou aquela pequena briga para me deixar menos preocupada com a viagem.

- Você só tá falando tudo isso porque não tá indo para a California durante 6 meses. - Abaixei o olhar tentando fechar a mala de novo. - É literalmente do outro lado do mundo.

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora