52_ Senhorita Claire!

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Eliza Claire

... que a Brenda estava perto demais do computador ligado.

Eu tinha me afastado da mesa e do computador do diretor sem nem perceber, mas a Brenda tinha se aproximado dos mesmos.

Isso tudo tornava a Brenda suspeita, suspeita de algo que eu fiz.

O computador estava ligado, eu tinha ligado ele bem na hora que a Brenda me encontrou na sala.

O diretor, parecendo também ter notado o computador ligado, se aproximou da Brenda com um passo. O olhar do homem era confuso, as suas sobrancelhas estavam franzidas diante das mãos agora inquietas da Brenda. Suspeita, suspeita demais, mais do que deveria.

Foi egoísta, mais do que eu me orgulho, mas apesar da situação, o meu olhar estava fixo no Theo.

O seu olhar me machucou mais do que as suas palavras poderiam no momento. Eu conseguia ver a confusão, o medo e a incerteza no rosto dele. Ele me fitava de volta com mil pensamentos provavelmente destruindo a sua mente naquele momento.

Eu queria gritar, explicar que eu não estava ali para acabar com o seu futuro ou com qualquer chance de ter uma vida feliz que ele tinha. Ele precisava saber que eu não estava ali por vingança ou ódio.

Eu estou aqui porque eu estou magoada. Eu estou na sala do diretor por impulso, pela minha mente ter me convencido que eu precisava saber porque eu não ganhei a bolsa.

O olhar do Theo desceu do meu rosto, se demorando nas minhas bochechas e boca, passando pelo meu corpo e depois voltando a se erguer para os meus olhos.

Ele parecia se certificar, de alguma maneira, que estava tudo bem.

Não estava.

Nada estaria bem até os meus braços estarem em volta da sua cintura ou pescoço. Nada estaria bem até que eu sentisse o seu cheiro de menta mais uma vez. Nada estaria bem até o cheiro de café nele ser apenas uma terrível lembrança.

O seu olhar deixou transparecer todo o medo que ele sentia naquele momento — o medo que eu o tivesse traído — por um segundo. Parte dele parecia tentar se convencer que eu não faria aquilo, então o medo e a mágoa eram rapidamente substituídas pela sua expressão confusa.

Ele esperava o pior e o melhor de mim, mais do que eu alguma vez ousaria esperar de mim mesma.

Ele parecia confiar em mim mais do que eu confiava em mim própria — e isso, despedaçou o meu coração ainda mais.

As suas narinas se dilataram e o Theo pareceu tentar recuar, mas o passo do diretor na direção da Brenda o fez travar.

— Alguma de vocês gostaria de explicar o que se passa aqui? — A voz do diretor ecoou pelo cômodo que agora não parecia tão confortável.

— Eu posso. — Falou a Brenda em uma tentativa de deixar a voz firme, mas falhando quando as palavras saíram trêmulas. Tão trêmulas quanto as suas mãos. — Eu posso contar o que eu fiz.

O meu coração parecia ter errado uma batida quando eu ouvi a Brenda pronunciar aquelas palavras. A minha cabeça se virou para que eu pudesse encarar a sua expressão decidida.

— Eu achei isso tudo uma injustiça. — Disse a Brenda aumentando o tom da voz e erguendo o queixo. — O Cooper é inteligente e tem muitas capacidades, mas a Eliza também. Ela apresentou os melhores trabalhos nos melhores prazos. Principalmente o seu último trabalho.

— O último trabalho não contou. — Interrompeu o diretor com o olhar duro, tão penetrante e irritado que eu me perguntei se seria capaz de perfurar o rosto da Brenda. — Nenhum dos trabalhos do último tema contou, nem mesmo o do senhor Cooper. Pois todos os trabalhos foram perdidos quando o alarme de incêndio soou e encharcou todos os papéis e qualquer pendrive. Seria injusto contar apenas o trabalho da senhorita Claire naquele tema, então nós excluímos aquele tema da competição.

Choque transpareceu no rosto de todos quando o diretor proferiu aquilo.

Os lábios do Theo, não tão avermelhados como sempre, se separaram levemente, demonstrando o choque. Os seus olhos se arregalaram e um peso invisível pareceu ter sido retirado das suas costas pelo jeito como os seus ombros se ergueram.

— Agora, podem me explicar o real motivo de vocês duas estarem aqui? — Pediu o diretor, colocando o seu olhar em mim.

A Brenda percebendo quando o diretor colocou o seu olhar na minha direção, se apressou em voltar a falar, interrompendo a minha confissão:

— Eu vim aqui para descobrir porque a Eliza não ganhou, a Eliza me viu entrando e decidiu me seguir. Ela me convenceu a não fazer nada e foi nessa hora que o diretor e o Cooper chegaram. Foi tudo minha culpa, a Eliza só estava tentando me impedir de fazer algo idiota. — Soltou firme, erguendo o queixo mais uma vez.

— Brenda... — Chamei em choque, dando um passo na direção deles, pronta pra desmentir tudo que ela falou. Ela não podia levar a culpa por mim. Ela não podia destruir a sua vida por mim.

— Senhorita Claire, não precisa de mais explicações. — O diretor decidiu com o olhar determinado sobre a Brenda.

— Não, não, o diretor não entende, isso não é-

— Senhorita Claire! — Advertiu o diretor se virando pra mim.

O seu rosto e expressão foram capazes de me fazer estremecer.

O diretor não me deixou dizer mais uma palavra enquanto me colocava pra fora daquela sala.

continua...

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qnd tiver 5555 comentários eu posto o próximo cap ainda hoje

O IntercâmbioWhere stories live. Discover now