23_ Ele me traiu.

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Eliza Claire

Oh não...

- Nós... - A Brenda começou mas não conseguiu terminar.

Eu to toda me tremendo e acho que vou desmaiar.

- Eu não consigo mais mentir! - O Adam se aproximou com o olhar culpado. - Nós entramos aqui para ler o seu diário.

- Eu não tenho um diário. - Respondi assustada.

Pelo menos eles não acharam o mini vibrador que eu comprei da Soso.

Nem tive chance de usar...

Ela me deu golpe e o vibrador veio quebrado.

Nunca tive coragem de perguntar como ele quebrou.

- Sério? - O Adam perguntou quase chorando de alívio.

- Então que livro é esse? - O Bigode levantou um dos livros da minha estante e eu arregalei os olhos.

Corte de Espinhos e Rosas.

- Esse é um livro de fantasia. - Avisei com os olhos arregalados.

- Então eu não sou o Tamlin? - Vi uma lágrima escorrer do olho do Adam e eu neguei com a cabeça. - Viu? Eu falei que ela não me insultaria assim. - O Adam me abraçou.

A Foguinho pegou o livro da mão do marido dela com o rosto irritado e voltou a colocar na minha estante.

- Mas o real motivo de nós termos te acordado, é que já era suposto você estar na escola apresentando o trabalho. - A Brenda puxou o Adam de mim. - Por que você ainda tá na cama?

22 minutos antes da merda...

Os minutos seguintes foram caóticos.

A minha pressão quase me derrubou de cara no chão várias vezes.

Eu levantei da cama correndo e peguei uma roupa aleatória do meu armário. Coloquei tudo na mochila e o pai me levou para a escola quase atropelando 7 pessoas. Chegando na escola, eu troquei de roupa e sai correndo até a sala que iríamos apresentar o trabalho.

No corredor, encontrei a Brenda vestida de líder de torcida e ela suspirou aliviada me vendo.

Como ela chegou aqui tão rápido?

Notei que ela segurava o meu trabalho e o celular dela nas mãos, mas a sua atenção era toda para o meu trabalho.

Enquanto eu me aproximava, vi ela receber uma notificação no celular e abrir um vídeo.

O som parecia muito familiar e só quando cheguei perto o suficiente dela, consegui ver que quem estava no vídeo era eu e o Theo.

Era um vídeo da festa que mostrava o exato momento em que a Zoé nos tirava daquele armário.

Levantei o olhar para o rosto da Brenda e ela me encarou ao mesmo tempo.

O rosto dela apresentava confusão e dor.

- Boa sorte na apresentação. - Ela me entregou o trabalho que eu esqueci e saiu andando.

Eu fechei os olhos com força, quase sendo destruída pela minha dor de cabeça. Caminhei até a porta da sala e bati na mesma, entrando logo em seguida.

O olhar de todos estava sobre mim.

Foi assustador ser banhada com tantos olhares de uma vez só. A maioria dos rostos estavam decepcionados, desiludidos e com irritação.

Isso com certeza acabou de baixar todas as chances que eu tinha de ganhar essa bolsa.

Abaixei o rosto e caminhei até uma das cadeiras do lugar ainda sentindo os olhares de reprovação em mim, enquanto eu me sentava.

- Senhor Cooper, por favor continue a sua apresentação. - O diretor pediu, desviando o olhar de mim e virando o rosto para o Theo que estava no centro da sala.

Segui o olhar do diretor e também encarei o Theo.

Ele me deu um pequeno olhar tranquilizador, como se entendesse e tentasse me confortar.

3 segundos antes da merda...

Eu assenti, agradecendo, e desviei o olhar para os slides que passavam no telão.

Pisquei os olhos algumas vezes, tentando ignorar a minha dor de cabeça mais uma vez.

A voz do Theo soou, explicando algo que parecia muito familiar e eu me virei pra ele confusa por um segundo.

Eu só posso estar ficando louca...

Sorri desacreditada pegando o meu trabalho o meu trabalho e depois voltei a observar um dos gráficos que o Theo explicava, antes de arregalar os olhos.

Era o mesmo trabalho.

Não...

Aquele era o meu trabalho.

O Theo estava apresentando o meu trabalho.

O meu coração parecia querer explodir de tão rápido que batia e o meu corpo parecia ter congelado.

O meu olhar de pânico estava sobre o garoto que me ajudou a montar o meu trabalho e o roubou.

Quando os nossos olhares se cruzaram, ele fez questão de dar um pequeno sorriso pra mim.

Eu não conseguia me mover.

Era como se alguém tivesse paralisado o meu corpo todo e o meu castigo era assistir o Theo apresentar o meu trabalho.

Os gráficos já não tinham mais cor. O trabalho parecia tão sem graça. A voz do Theo apresentando parecia tão falsa. O rosto dele apresentando era robótico. Os meus olhos ardiam.

O oxigênio parecia estar sendo cortado lentamente do meu corpo e as minhas mãos apertaram o trabalho sem nem perceber.

O Theo me ofereceu um olhar satisfeito e eu senti uma dor imensa se acumular no meu peito, junto do ódio e da raiva.

Ele me traiu.

Eu tinha acabado de perder tudo...

continua...

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qnd tiver 7777 comentários eu posto o cap do pescoço:))))

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