18_ De joelhos.

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Eliza Claire

- Morta e muito bem enterrada, eu espero.

Ele respondeu aquilo como se não fosse nada, ainda encarando os papéis.

- Você espera? - Soltei sem querer.

- A minha mãe fugiu e se suicidou. - Observei a mão do Theo com o lápis e notei que os movimentos tinham ficado um pouco mais rápidos. - Pelo menos, foi o que o meu pai me contou. Talvez ele tenha enterrado ela ou jogado as cinzas dela na porra de um campo de flores, como ela sempre pediu, afinal, ela parecia amar aquelas flores mais que o próprio filho.

- Eu sinto muito. - Foi tudo que eu consegui falar depois de encarar o Theo sem reação por muito tempo.

Era estranho demonstrar empatia com o Theo, mas naquele exato momento, parecia necessário.

- Não sinta. - Ele falou rápido e com a voz calma desviando o olhar pra mim.

Eu encarei a folha de anotações na minha frente e me preparei pra voltar a estudar quando a voz do Theo soou.

- Ok, chega. O que você tá fazendo? - Ele me encarou confuso e eu devolvi o olhar. - Você tá sendo legal e isso não faz sentido. Eu to considerando que Jesus finalmente voltou...

- Nada. - Neguei com a cabeça.

- Não temos que ser amigos pra fazer isso funcionar. - Apontou para a mesa.

- Eu apenas achei que seria mais fácil se não fôssemos inimigos. - Deixei claro.

- Claro. - Ele semicerrou os olhos pra mim.

- O que mais eu poderia querer ser sua? Namorada? - Soltei indignada.

O sorriso do Theo caiu e ele me olhou em choque.

Talvez ele tá com defeito hoje.

Ou talvez aquele chupão/mordida de ontem tenha sugado não só o pau dele, mas também a inteligência.

- É brincadeira! - Me defendi. - Você realmente precisa entender o que é ter sentido de humor. - Revirei os olhos.

- Eu sei o que é ter sentido de humor, eu apenas não gosto do seu sentido de humor. - Falou.

- Claro, você ama ele. - Sorri provocando.

A careta de choque voltou para o rosto do Theo e eu suspirei irritada me perguntando se ele nasceu tão burro assim mesmo.

- Você realmente precisa parar. - Ele me encarou com uma cara de bunda.

O Adam deve ter pegado na rua esse pobre.

[...]

Soltei os gráficos na mesa e suspirei frustrada.

Eu simplesmente não consigo fazer isso funcionar...

- Você está se auto-sabotando. - O Theo sussurrou do meu lado e eu encarei ele confusa.

Ele me observou com atenção.

- Você quer a minha opinião? - Ele perguntou largando o lápis na mesa.

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora