28_ Mãe.

54.6K 6.8K 25.5K
                                    

*não vou pagar terapia de ngm então já estou avisando dos gatilhos*

Eliza Claire

Pulei a água que escorria pela calçada e caminhei até a entrada da garagem lentamente.

Assim que entrei na garagem, notei que na verdade todo esse rio imenso que estava na calçada não eram as minhas lágrimas depois de descobrir que o vibrador que a Soso me vendeu estava quebrado, mas sim porque o carro do Theo tinha sido lavado.

Passei pelo carro e me aproximei da porta em um canto da garagem que dava entrada para a casa.

A porta estava aberta, assim como as minhas pernas sempre que o Harry Styles chega perto.

Senti o meu coração acelerar e engoli seco passando pela porta, logo pisando no corredor escuro da casa. A madeira do piso fez um leve barulho quando passei por ela e eu olhei pra baixo no susto.

Segui o corredor, tentando procurar a luz mais próxima, e acabei por parar perto da cozinha, aonde o Theo estava.

Antes que eu conseguisse falar com ele, vi o pai do Theo aparecer e bagunçar o cabelo do filho com um sorriso enquanto ajustava o seu uniforme de policial.

O Theo apenas deu um olhar breve para o pai que se colocou na frente dele, tendo apenas a mesa separando os dois.

- Você parece cansado... - O pai do Theo comentou observando o filho secar alguns pratos na mesa.

- Essas últimas semanas da bolsa foram bastante cansativas. - O Theo respondeu com a voz baixa ainda sem encarar o senhor Cooper.

- Se você diz... - Deu de ombros dando a volta na mesa.

O Theo soltou o pano na mesa, apoiando as duas mãos sobre a madeira e curvou o seu corpo abaixando a cabeça.

- Eu dei tudo de mim. - Falou o Theo com uma quase frustração na voz ainda sem encarar o pai.

- Tudo não é suficiente quando se fala de você. - O seu pai parou do seu lado e o Theo se ergueu apenas pra encarar ele, ficando assim de frente.

Eles eram da mesma altura praticamente, mas tão diferentes na aparência... Eu presumo que o Theo deve ter puxado mais da mãe dele.

Mas eu também me pergunto, como o pai do Theo deve se sentir tendo que encarar o filho e ver a sua esposa morta nele todos os dias? Ou como o próprio Theo deve se sentir olhando no espelho...

- Eu falei com o seu diretor. - Informou o senhor Cooper abaixando a voz e o olhar.

- E então? - O Theo falou com desinteresse.

- Aparentemente, você não é mais o queridinho daqueles caras da bolsa. - Soltou e eu consegui ver o exato momento em que o Theo levantou o seu olhar e um brilho extremo de medo passou por eles, sumindo tão rápido quanto apareceu.

- Um prazer decepcionar. - Soltou com um sorriso falso. Eu nunca ouvi o Theo falando assim com o pai dele e por um momento as minhas sobrancelhas subiram pelo choque.

- Você deixou claro que tinha resolvido tudo. Como pode ser difícil ser melhor que aquela garota Eliza? - O pai do Theo se aproximou do filho apontando um dedo no rosto do mesmo e o Theo fechou os olhos com força.

Eu franzi o cenho recuando um passo com cuidado e o Theo abriu os olhos encarando o pai dele.

- Como você não consegue ganhar da porra de uma mulher? - O pai quase gritou ainda com o dedo perto demais do rosto do Theo.

- Você sabe perfeitamente que foi você que causou toda essa destruição. Só você. - O Theo soltou cuidadosamente, com um tom de medo se escondendo na sua voz.

O seu olhar também gritava medo. Um medo muito familiar.

Tive dificuldade pra lembrar quando na vida eu já tinha visto o Theo demonstrar medo, até que lembrei da cabine, quando eu vi as suas cicatrizes.

Senti o meu coração acelerar ainda mais e as minhas sobrancelhas se ergueram considerando a possibilidade que eu achava tão impossível.

- Você sempre teve tudo que você quis. - O senhor Cooper soltou com rancor.

- Tirando o seu amor. - Deu de ombros. - Porque pra você, eu obviamente não passo de algo que precisa ser salvo. Algo que a minha mãe quebrou. Algo que você quebrou! - O Theo recuou do seu pai, se aproximando da geladeira e o senhor Cooper imitou o movimento, se aproximando ainda mais do Theo.

- A sua mãe...

- Como você se atreve a tentar falar da mulher que você assassinou? - O Theo elevou o tom de voz, interrompendo o seu pai.

Os meus olhos se arregalaram e consegui ver ódio se acumular no olhar do pai do Theo, enquanto os seus olhos estavam fixos no filho.

O olhar aterrorizado e assustado que eu presenciei na cabine voltou para o rosto do Theo, mas de um jeito muito mais intenso. Eu estava presenciando o real motivo do seu terror.

- Eu aposto que a minha mãe deve estar tão orgulhosa de você. Ela deve estar tão orgulhosa do homem que ela amou e confiou mais do que a própria vida... O prestigiado policial que acabou de receber uma promoção por prender monstros. Eu sei que ela também deve estar orgulhosa de saber que o real monstro aqui é você. O herói da cidade não passa da porra de um monstro que foi capaz de MATAR A MINHA MÃE! - O Theo gritou e eu recuei mais um passo assustada.

Em um movimento tão rápido que fez os meus olhos se arregalarem e a minha boca abrir em choque, o senhor Cooper puxou a arma da sua cintura e apontou para a cabeça do Theo.

Senti o meu corpo todo tremer, não tendo certeza do que eu estava prestes a presenciar, eu virei o meu rosto para o Theo.

Os seus olhos no tom mais perfeito de castanho que eu já vi, estavam igualmente arregalados, com um terror imenso neles. O corpo do Theo parecia estar completamente congelado pelo medo e eu me amaldiçoei mil vezes por uma vez ter achado o seu medo divertido.

- VOCÊ TEM VIDA POR MINHA CAUSA E EU NÃO VOU ME IMPORTAR DE ACABAR COM ELA! - Gritou aproximando a arma da testa do Theo.

Ele estava contra a geladeira e uma arma.

- Eu queria ser como você. - O Theo soltou com a voz fraca, quase sendo cortada pelo choro. - Como você pode ter me mudado tanto?

Como resposta dessa pergunta, vi a arma acertar a cabeça do Theo com força e eu recuei no corredor em choque.

Senti o meu corpo todo tremer de medo, sem saber como me tirar dessa situação. Parte de mim queria acreditar que eu estava delirando e a outra parte de mim sabia que eu estava presente aqui apenas sentindo o meu coração explodir no meu peito.

Eu não conseguia encarar mais a situação, eu apenas conseguia ouvir. Eu conseguia ouvir perfeitamente o que estava acontecendo e eu nunca desejei tanto não conseguir.

Ninguém mais gritava, pois a casa tinha sido ocupada pelos sons repetitivos e rápidos demais pra eu conseguir processar de algo sendo espancado.

Eu sabia que não era apenas a arma sendo usada agora.

continua...

---

qnd tiver 10101 comentários eu posto o próximo cap ainda hj MUAHAHA

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora