26_ VAI DAR NAMORO!

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Eliza Claire

Eu tinha no total 6 escravos agora.

- Eu achava que era pra imprimir! - A Zoé se defendeu mostrando as fotos de uma barata usando biquíni pra mim.

- Eu falei que achei bom pra imprimir e colar na parede do meu quarto, não pra você colocar no trabalho da empresa. - Repreendi e ela fez uma careta feia, voltando para a impressora que ficava na casa do capeta da biblioteca.

- Eu posso usar o post-it rosa? - O Brad pediu com um sorriso e a namorada dele sorriu também.

Até hoje não sei o nome da menina...

- Não, os post-it rosas são apenas pra hot. - Avisei e ele abaixou o olhar triste.

- O que você acha desse título? - A Brenda perguntou me mostrando o título de canetinhas que ela fez.

Eu menti pra ela falando que ela podia fazer os títulos, mas o trabalho é digitalizado.

Eu apenas não queria ter que explicar que a letra dela parece uma barata sendo afogada, espancada, atropelada, siriricada e voadora, tudo ao mesmo tempo.

- Você acha que os gráficos têm muita cor? - A Soso virou o computador dela pra mim.

Eu acabei por descobrir que a Soso ficava me mandando pedrinhas de "perdão" durante uma semana.

Só descobri isso quando levei pro pai do Theo investigar...

Eu vi vários casos criminais pra ignorar essas pedras brilhantes...

Não tocamos mais no assunto da Zoé e ela parece esconder o desconforto em ver ela aqui me ajudando na biblioteca.

- Tem mais cores nesse gráfico de exportação do que tem arco-íris na comunidade LGBTQIA+. - Falei arregalando os olhos.

- Não tem só arco-íris lá... - A Soso sussurrou brava.

- Soso, eu quis dizer que você não pode colocar arco-íris em vez de setas nos gráficos. - Expliquei e ela me encarou chateada.

- O Adam ainda não voltou com os cafés? - A Brenda questionou.

- Eu mandei ele pro outro lado da cidade pra buscar os cafés. - Confessei e todos pararam o trabalho pra me encarar em choque.

Eu quase me senti nua sentindo todos aqueles olhares sobre mim.

- Eu pedi um sorvete da esquina... - Os olhos da Soso se encheram de lágrimas.

- Virou água de chuca... - O Brad abaixou a cabeça triste e a Soso olhou pra ele em choque.

- Ok, chega! - Fechei o livro de economia que eu estava fingindo estudar pelas últimas 2 horas. - Temos apenas 45 minutos para terminar esse trabalho.

- Eu espero receber um sorvete de camomila depois disso. - A Soso reclamou.

- Quem gosta de sorvete de camomila? Estranha... - A Brenda semicerrou os olhos para a Soso.

- A minha vó. - Ela soltou brava.

- O meu pai também. - O Brad sorriu.

- Que pai? - A Brenda se virou pro Brad em choque.

- Ai... - O Brad abaixou a cabeça.

[...]

- Senhorita Claire, nos fale sobre a sua empresa. - O diretor pediu e eu sorri.

- A minha empresa funciona através de um aplicativo. Ela consiste em disponibilizar para o cliente todo tipo de serviço que ele possa precisar. Por exemplo, se o cliente precisa de uma empresa que fornece caixas, nós temos a empresa. Se o cliente quer comida, nós temos a comida. Quase como um faz tudo, mas nós apenas somos a ponte. - Expliquei o básico antes de passar os gráficos no telão.

Consegui ver os olhos dos responsáveis pela bolsa brilharem enquanto eles encaravam os gráficos que a Soso fez.

Sorri sentindo o olhar de todos os participantes sobre mim, incluindo o olhar do Theo.

Diferente de todos naquela sala, o Theo não encarava o meu trabalho. Ele estava mais ocupado me encarando sem emoção.

[...]

- Perdeu o cu na minha cara? - Encarei o Theo com ódio depois de depositar a minha mochila na cadeira.

Ele tá me encarando faz uns 5 minutos inteiros.

- Qual o seu problema, garota? - Ele respondeu indignado.

- Você ter nascido e ficar me encarando igual um pombo atropelado. - Argumentei me virando pra ele.

Todos os nossos colegas de classe pareciam estar observando a discussão e disfarçando ao mesmo tempo.

- Idiota. - Ele xingou se aproximando com ódio.

- Estúpido. - Devolvi o insulto travando a minha mandíbula.

- Patética. - Ele continuou e eu escondi um sorriso preparando o meu próximo insulto.

- Filho do Bolsonaro! - Soltei e os olhos do Theo se arregalaram em choque.

Até a sala de aula parecia ter se perdido um pouco no personagem e todo mundo travou me encarando.

- Imunda. - Ele insultou com ódio.

- Pedaço de merda. - Devolvi me aproximando dele.

O Theo e eu estávamos apenas com uma carteira escolar de distância e eu consegui ver ele cerrar a sua mandíbula com ódio.

Os seus olhos se semicerraram pra mim e eu ergui as sobrancelhas esperando outro insulto dele.

- É isso que os jovens chamam de amor hoje em dia? - Ouvimos a voz da professora Anne na porta.

A classe inteira parou, talvez porque todos sabiam do ódio mortal que o Theo e eu sentíamos um pelo outro, ou talvez porque ninguém nunca viu essa professora sorrir com tantos dentes que até os dentistas sentiram inveja.

- Como já dizia o lendário Celso Portiolli: VAI DAR NAMORO! - Um dos alunos no fundo da classe gritou.

continua...

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