SCARLETT STARK // Peter Parker

Capítulo 57 - Ferida Não Curada

SCARLETT STARK

Eu estava de volta em Wakanda, com aquelas criaturas diabólicas desejando sangue, morte. Naves gigantescas cortavam os céus e destruíam tudo o que viam pela frente. Eu lutava com todas as minhas forças e lutaria até meu corpo ceder.

Parecia apenas um flashback daquela batalha, mas dessa vez, vejo teias passarem por mim. Imediatamente meu coração se aperta e penso que é um pesadelo, uma alucinação. Tento me obrigar a acordar, mas tudo parecia tão real. Eu sentia cada gota de suor, o calor das explosões, o desespero era real, não teria como ser mentira.

Quando me desatento por um segundo, meu pai aparece matando um dos alienígenas que estava prestes a me matar.

-Pirralha, vai atrás do Visão, agora!

Eu começo a correr. Minhas pernas queimavam com o esforço, mas eu não parava.

Tropeço em algo e caio no chão. Minhas mãos se ralam e eu sinto a pele arder.Tudo muito real pra ser mentira.

Quando eu me levanto para continuar correndo, meus pés parecem ficar presos. Meu corpo parece paralisar e eu não consigo mexer um músculo sequer.

Olho pra frente e vejo Visão caído ali, cinza, com a testa destruída. E sem a jóia.

Eu só queria chorar e correr e gritar. Não podíamos ter falhado de novo, não queria passar por aquilo de novo...

Thanos estava ali, prestes a colocar a última jóia em sua manopla. Mas uma teia se prende na mão dele e eu arregalo os olhos. Não, não e não. Peter não tem chance.

O titã envolve Peter em uma energia azul e o trás até ele. Meu coração estava tão acelerado que parecia que ia pular pra fora do meu peito. Eu tentei me mexer, ah como eu tentei. Tentei usar meus poderes, mas eu não conseguia, estava completamente paralisada. Só conseguia gritar. Eu gritava para o Thanos deixar o meu Peter em paz, mas ele apenas me olhou com desprezo.

-O amor é uma fraqueza, pequena.

Assim, Thanos atravessou uma lança que estava caída no chão na barriga do Peter. Eu gritei em agonia como se tivessem atravessado meu coração, porque foi essa a sensação.

Acordei em um pulo, o lençol molhado de suor e os olhos cheios de lágrimas.

Não é meu primeiro pesadelo, definitivamente não é. Mas ultimamente, eles são tão reais que me assombram. Tem dia que parece que eu sonho acordada, uma hora estou no complexo e de repente parece que estou de volta naquele campo de Wakanda.

Pego meu celular e vejo que são 4:15 da manhã. Não quero voltar a dormir porque, caso eu o faça, as chances de os pesadelos me perturbarem novamente são grandes.

Pra distrair a minha mente resolvo ir treinar, descarregar toda essa energia ruim dentro de mim. Coloco uma roupa, lavo meu rosto, escovo meus dentes e prendo meu cabelo em um coque rápido.

Chegando na sala de treinamento, coloco uma música na caixa de som, já que ela fica bem distante dos dormitórios e não acordaria ninguém

Comecei fazendo uns exercícios básicos apenas para aquecer, usei um pouco a esteira, depois fiz alguns abdominais, agachamentos, levantei uns pesinhos, e por aí vai.

Fui até um pequeno armário da sala ali e enrolei minhas mãos com uma faixa para não machucar as mãos no saco de pancadas. Não sou obrigada a ficar com as mãos roxas todo final de treino.

Respiro fundo e me preparo para os primeiros socos. Me permito sentir tudo aquilo que evito sentir frequentemente. Todo esse trauma, o luto que deixou suas cicatrizes, e principalmente, o medo e a culpa que o pesadelo trouxe.