- Capítulo 04 -

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- JOANA FLORES -

Mais um dia naquele maldito Pub usando aquela roupa humilhante. Acho que eu sucumbiria a loucura se tivesse que ficar naquele emprego por mais de seis meses. Em casa deixei meu coração junto com a minha filha, pois aquela garotinha era a minha razão de viver, embora ela não tenha vindo ao mundo nas melhores condições.

Depois de fazer como na noite anterior, cumprimentei o meu chefe e caminhei em direção ao camarim. E enquanto eu me preparava para a noite, ouvi a conversa das outras meninas; geralmente aos sábados e aos domingos, eram dias em que o Pub tinha mais movimentação, e por aquele motivo, nós deveríamos ser ágeis, e dar atenção aos homens mais influentes que frequentava aquele lugar, era assim que funcionava. Os homens mais ricos pagavam mais caro por tudo e aquilo mantinha o estabelecimento funcionando.

Margaret faltou ao trabalho, segundo ela, estava sem condições de trabalhar, pois teve uma noite difícil com o suposto "cliente", ou seja: mais uma vez eu teria que voltar para casa sozinha.

Depois de pronta, caminhei para o bar, organizei os copos, passei uma flanela no balcão que parecia imundo. Embora o lugar fosse bem arranjado, tudo ali parecia ser muito sujo, indecoroso e cheirava orgia.

Tudo parecia normal, pois até então os homens que já haviam chegado estavam em um lugar reservado longe do bar, a música que tocava era um ritmo de jazz lento e o ambiente estava mais iluminado. O que me fez ficar mais tranquila, pois eu não seria importunada por algum abusado, e não precisaria da ajuda daquele brutamontes do segurança que não demonstrava nenhum sentimento enquanto ficava em pé próximo da porta, feito um tronco de árvore, sem se mover ou piscar.

Me distraí fazendo uma batida para um cliente até sentir as mãos do meu chefe tocar de leve na minha cintura e me chamar de Gracinha. Eu não sentia nenhum apreço por ele, pois estava sempre jogando fumaça em nossa cara com aquele charuto de algum narcotraficante, enquanto ajustava os cordões e pulseiras de ouro que carregava em seu corpo gordo.

Que homem nojento!

— Me parece que seu cliente favorito resolveu voltar — ele disse e deu uma gargalhada estridente mostrando seus dentes de ouro.

Senti todo meu corpo ficar tenso com a informação.

Movi a cabeça para a entrada do Pub e comprovei que aquele homem perverso realmente havia voltado, e estava passando pela porta ajustando o terno.

Meus olhos se direcionaram para a joia verde que estava no anel que ele carregava em seu dedo mínimo, que parecia custar um fígado ou mais, com toda certeza era um homem muito rico.

Enquanto ele se aproximava, senti minha respiração ficar densa, era uma mistura de ansiedade com repulsa. Aquele maldito certamente me insultaria novamente, e certamente seria mais uma noite de humilhação.

Não precisou que ele me chamasse, pois meu chefe me empurrou para que eu fosse sua preferência. Me aproximei, respirando pesado, sentindo meu rosto esquentar. Eu não toleraria uma gracinha daquele maldito novamente.

Whisky com gelo! — disse o homem ao se sentar na cadeira e soltar um pequeno sorriso torto carregado de deboche.

— Certo!

Enquanto eu permanecia com a cabeça baixa enchendo o copo daquele sujeito, o ouvi me chamar.

— Querida? — Fingi não ouvir, mas o infeliz insistiu. — Docinho?

Docinho? Folgado!

— Eu tenho nome! — resmunguei ao me virar para ele com o corpo rígido. — E eu me chamo Joana Flores.

A Garota perfeitaWhere stories live. Discover now