- Capítulo 49 -

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- GAEL CARTIER -

Norma me conduziu escada á cima. A casa embora estivesse com mau estado de conservação por fora, era bonita e muito bem conservada por dentro.

A mulher abriu uma porta de madeira vermelha, e eu entrei. Era um quarto com móveis em madeira estilo rústico. Haviam enormes janelas do chão ao teto que também era feito de madeira. Edgar estava deitado sobre a cama com a coluna apoiada em travesseiros enquanto cobertas cobriam suas pernas.

Me aproximei da beirada da cama e cruzei os braços, observando o findar daquele homem.

— Nos deixe a sós, Norma – a voz adoentada ordenou.

A mulher olhou desconfiada para mim, depois olhou para ele. Puxou a maçaneta da porta e sem retrucar, se retirou fechando a porta completamente.

Naquele momento era somente Edgar e eu, em uma conversa de homem para homem.

— O que devo a sua visita? – o homem me encarou.

Seus olhos eram verdes esmeralda como os olhos de Isabel, e mesmo ele sendo já avançado em idade, ou pela sua situação de saúde, dava para notar traços que foram estampados em Isabel; pele pálida, olhos repuxados, lábios bem desenhados e nariz pequeno.

— Quanto você quer para deixar Joana e Isabel em paz? — Fui direto ao ponto.
O homem teve uma crise de tosse, e tapou a boca com um lencinho vermelho.

— Então, foi para isso que veio? Joana te contou tudo?

— Sim, você é um pesadelo para Joana, e eu quero você bem longe dela. Então me diga, quanto você quer?

— Eu não preciso do seu dinheiro, rapaz — retrucou o homem em tom ofendido.

— Então, o que você quer para deixá-las em paz? – Meu tom saiu rouco, irritado.

— Nunca consegui dormir depois daquele dia. — Ele começou a falar como se eu tivesse pedido que ele contasse toda a história. — Eu estava bêbado, e acabei... — Ele se calou de repente, como se fosse difícil dizer o que pretendia.

— Não coloque a culpa na bebida, você fez porque é mal caráter, e nenhuma das suas desculpas vai me fazer te olhar com outros olhos, a não ser um maldito estuprador que merece apodrecer na cadeia, que só ficou impune por ser um privilegiado da sociedade — rosnei zangado.

— Você tem razão — ele abaixou a cabeça como se houvesse sido julgado e sentenciado. — Prisão perpétua seria pouco perto do inferno que tenho vivido durante todos esses anos.

Ficamos em um silêncio constrangedor e melancólico até ele começar a falar novamente.

— O que você é de Joana, Gael Cartier?

Enchi o peito de ar para responder.

— Somos noivos.

Ele assentiu com a cabeça.

— Agora sua presença aqui faz todo sentido. Fico e paz sabendo que Joana tenha encontrado um bom homem para cuidar dela e da nossa filha.

Fechei os punhos de raiva. Como ele tinha a coragem de chamar um fruto do seu estupro de filha, assim na maior naturalidade?

— Eu não quero mais perder meu tempo. Quero que me diga, o que você quer para deixar Joana e Isabel em paz?

Ele não demorou a responder.

— Quero que ela me permita a ver a menina pessoalmente, depois daí, eu juro que as deixo em paz.

— Isso é absurdo e ridículo! — Resmunguei.

— Você decide, ou me deixa conhecer a menina pessoalmente ou eu vou tentar a guarda dela na justiça...

Respirei fundo controlando o ardor da ira que subiu pela minha cabeça. Ele não parecia estar brincando.

— Você não passa de um velho moribundo, acha mesmo que o Juiz daria a guarda da menina a você?

Ele me avaliou com o semblante sério.

— Eu tenho dinheiro, Gael, muito dinheiro. Eu consigo tudo o que quero facilmente... Você sabe, todos  tem seu preço. Não foi assim que você tentou conquistar Joana, com dinheiro? Pelo que fiquei sabendo, era muito cheque de meio milhão de reais e com isso suponho que não seja nenhum puritano.

Miserável, como ele sabe disso?

Me senti envergonhado ao saber que aquele abutre sabia da forma estúpida como eu havia tratado Joana naquele pub, seu pudesse voltar atrás jamais tentaria conquista-lá daquela forma. Mas aquilo era um sinal de alerta, Edgar não era burro, ele sabia jogar, e já tinha suas cartas na manga.

— Não sei como ficou sabendo disso, mas fique sabendo que Joana é uma mulher digna, ela não aceitou a quantia, e se eu soubesse tudo o que ela havia vivênciado no passado, jamais a tentaria aborda-la daquela maneira.

- Então, estamos quites. Eu cometi um erro e me arrependi e pelo visto você também. Não sou um homem se negociar, e pretendo conhecer a menina da minha forma se for preciso e estou disposto a qualquer coisa para isso.

- Você não tem o direito, Já fez Joana sofrer o bastante, e se Isabel souber a forma como veio ao mundo vai crescer cheia de traumas, e com toda certeza não vai querer olhar para essa sua cara.

Ele ficou em silêncio refletindo as minhas palavras e quando tentou falar, mas tossiu feito um cão de rua.

— Tenha compaixão, eu errei e só quero reparar os estragos que fiz a elas. Eu não tenho mais tempo para isso, minha vida está por um fio. Só me deixa a conhecer a menina e eu juro que desapareço.

- Essa não é uma coisa da qual eu possa decidir, toda decisão está nas mãos de Joana.

- Então fale com ela, convença-a a aceitar o que estou propondo e eu juro que jamais volto incomoda-las novamente.

Concordei com a cabeça, pensando que se ele tivesse me pedido duzentos milhões de dólares seria mais fácil do que tentar fazer Joana aceitar aquele acordo.

— Não garanto nada, mas, espero que cumpra sua parte no trato caso Joana aceite o que está me propondo.

— Te dou a minha palavra, filho.

— Não sei se sua palavra vale de alguma coisa. — Dei as costas e caminhei em direção a porta. — E, eu não sou seu filho.

 — E, eu não sou seu filho

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A Garota perfeitaWhere stories live. Discover now