- Capítulo 57 -

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- GAEL GARTER -

Quando passei pelas portas de casa, Cristina me disse que Joana havia saído para resolver algumas questões do casamento, fiquei aliviado por saber que enquanto ela estivesse ocupada com esses assuntos, eu teria tempo para limpar seu nome e me divorciar de Jasmine.

Como meu irmão não estava em casa e as meninas estavam brincando no quarto de brinquedos com a babá, preferi ficar no meu escritório e tentar resolver alguns assuntos pendentes.

Afrouxei a gravata e me sentei em minha cadeira, abri meu laptop e comecei a conferir os gráficos da bolsa de valores.

E, quando menos esperei, Joana entrou no meu escritório com a respiração ofegante, os olhos vermelhos e esbugalhados, e com bochechas preenchidas em rubor, completamente fora de si. Suas mãos trêmulas seguravam uma folha, ela a amassou e jogou em mim.

— Como teve coragem de fazer isso comigo? — ela limpou os olhos e fungou sentida.

— Meu amor? O quê... — Me levantei da cadeira lentamente sem entender o que estava acontecendo.

— Como você consegue ser tão cínico, Gael?

— Eu não estou entendendo, Joana. Se você não me contar o que está havendo, não vou poder resolver.

— Não tem nada para resolver, porque eu vou embora! — gritou ela.

Meu coração deu um salto no peito.

O que estava acontecendo?

Me aproximei e toquei em seus braços olhando aquela feição tão atordoada, tentando entender o que estava acontecendo.

— Por favor, meu amor, me fala o que está acontecendo? — Tentei a abraçar, mas ela se desfez do meu abraço.

— Não me toca! Não me toca nunca mais! — começou a chorar feito uma criança quando machuca o joelho.

Encarei sua feição tão atormentada sem saber o que dizer e fazer.

— Me diz o que está havendo, Joana? — O desespero começou a me deixar desestabilizado.

— Você é casado, droga! E eu não vou ficar aqui para prestar esse papel ridículo de amante — gritou se desmanchando em lágrimas.

Meu coração gelou.

Engoli a seco.

Tentei falar alguma coisa, mas nada saía dos meus lábios além de palavras mal executadas.

— Eu vou embora — ouvi sua voz dizer enquanto seu corpo se virava em direção a porta.

Eu não poderia deixá-la ir embora daquela maneira, não por causa de uma coisa tão insignificante.

— Joana, eu posso explicar — toquei em seu braço e ela se virou em minha direção limpando os olhos. — Jasmine e eu tínhamos apenas dezoito anos quando viajamos para a Índia. Lá existe uma cidade onde fazem casamentos em praça pública, nós pensamos que fosse apenas algo simbólico e fizemos esse casamento, mas nós não sabíamos que o documento emitido era válido em todo território Indiano, e agora passou a ser aceito aqui no Brasil também.

Ela limpou as lágrimas, mas mesmo assim continuava a me encarar com aquele olhar frio.

— E por que você negativou meu nome dizendo que eu havia sido presa por traficar drogas? — falou com a voz chorosa.

Merda! Ela sabia? Mas como?

— Como você ficou sabendo disso? — Perguntei deixando minha voz ficar rouca.

— Edgar, ele me contou — confessou.

— Você foi procurá-lo? — perguntei incrédulo.

— Sim, droga! — Esbravejou. — Ele me contou o que você fez! Como você teve a coragem de fazer isso? Manchar meu nome com uma acusação tão grave?

O miserável só poderia estar tentando me tirar de seu caminho.

— Meu amor, olha, eu posso explicar...

Tentei abraçá-la, mas ela estava irredutível. Com um rompante só me empurrou e deu alguns passos para trás como se estivesse diante de um monstro.

Engoli a saliva com dificuldade enquanto meus olhos não comportavam as lágrimas.

— Eu estava com raiva quando fiz isso, eu não pensei nas consequências, eu...

— Uma criminosa? É assim que você me enxerga, Gael? Como uma maldita traficante de drogas?

— Não meu amor, eu juro, eu só fiz isso porque estava com medo de você ir embora — Minha voz começou a ficar desestabilizada.

— E, precisava mentir, jogar sujo? — Ela riu sem humor. — Eu que fui uma burra acreditando que de você pudesse vir alguma coisa boa.

— Não diz isso, Joana. Tudo o que sinto por você é verdadeiro. Eu juro, eu me arrependi de ter feito isso. Eu te amo e estou tentando concertar tudo, eu...

— Cala a boca, Gael! Não quero mais escutar a sua voz! — ela me cortou. — Não tem mais nada para explicar, eu vou embora com a minha filha. Ou você vai inventar mais uma mentira para me manter presa aqui também?

Olhei para o chão, limpei uma lágrima e encarei seus olhos. De todas as certezas que já senti na vida, aquela era a mais dolorosa, eu estava perdendo a mulher que eu amava.

— Por favor, Joana, não vá?

Ela confirmou com a cabeça.

— Eu vou. E, nem você, e, nem ninguém vai me impedir. Eu nunca mais quero ouvir falar seu nome, você morreu para mim, Gael!

Ela me deu as costas... e, naquela mesma noite, Joana fez uma pequena mala, pegou Isabel no colo e saiu de casa chorando e dizendo que eu nunca mais deveria procurá-las.

O que me restou naquela noite fria e vazia, foi chorar e encher a cara de Whisky por ter sido tão burro. Meu irmão tinha razão, meus caprichos ainda me levariam ao fundo do poço. E era lá que eu estava, sem nenhuma força para conseguir sair.

 E era lá que eu estava, sem nenhuma força para conseguir sair

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