- Capítulo 40 -

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- JOANA FLORES -

Depois do almoço, resolvemos nos reunir na área de lazer da casa, para tomar banho de piscina e aproveitar o clima quente.

Gael brincava na água com Isabel e a sobrinha — quem diria que ele levava jeito com crianças. Júlio nadava na piscina de um lado para o outro, feito um golfinho exibindo seus músculos definidos, enquanto eu... optei por ficar deitada nas espreguiçadeiras usando meus óculos escuro e um chapéu de palha na cabeça, tomando banho de sol, enquanto pensava no que de tão importante Gael tinha para falar comigo.

Não posso mentir, meu coração quase saiu pela boca quando ele me convidou para acompanhá-lo naquele evento, pois de alguma forma eu consegui sentir a tensão que corria por suas veias. Gael estava estranho além do normal. Até sua forma de me olhar ou falar havia mudado. Ele estava... digamos... estranhamente carinhoso.

E, se ele decidiu me libertar?

Isso deveria ser bom?

Sim.

Mas, porque será que eu estava desapontada com essa possibilidade? Algo dentro de mim protestava para que eu ficasse. Ir embora já não era mais a minha prioridade. Já não fazia parte mais dos meus planos.

Tudo estava indo tão bem. Depois da jura de dedinho que fizemos no hospital, Gael e eu paramos de brigar, até estávamos tomando decisões juntos a respeito do futuro da minha filha.

Isabel andava cada vez mais empolgada com a ideia de ter um pai, tudo estava fluindo. Eu só não saberia agir se tudo aquilo desmoronasse de uma hora para a outra.

Eu deveria procurar Gael e abrir o jogo. Dizer que eu gostava da forma como a situação estava sendo levada, dizer que eu gostava da ideia de ele cuidar de mim e da minha filha... dizer que eu não queria mais partir, mas eu estava com medo de ganhar um fora.

Gael era um homem muito caprichoso, e não gostava que nada saísse do seu controle, e, se ele estivesse pensando em se livrar de mim e da minha filha, nada falaria contrário.

Júlio saiu da água sacudindo os cabelos, enquanto seu lindo corpo era banhado com a luz do sol, o fazendo brilhar como cristal.

Mordi o lábio. Aquele homem era um tesão só.

Ele veio andando em minha direção, e se deitou na espreguiçadeira ao meu lado.

— As meninas estão se dando bem... — Ele puxou um assunto qualquer, mas eu sabia que ele queria falar sobre o irmão.

— Sim. Se tornaram boas amigas... agora Isabel está com a ideia de ter um irmãozinho.

Júlio riu e mirou o irmão de longe. Ficou sério de repente, e me olhou nos olhos com suas íris que com o contraste da água estavam da cor de uma safira polida.

— Meu irmão me contou tudo.

Quase pulei da espreguiçadeira. Eu jurava que Gael nunca teria coragem de contar para alguém as diabices que fazia comigo.

— Jura?

— Sim. Ele me contou todo o desastre que culminou na sua vinda para cá.

— Eh. — Abaixei a cabeça e olhei para os babadinhos do meu vestido florido que voavam com o vento.

— Conversei com ele, disse que não é correto tratar uma mulher assim.

— Não adianta falar, ele não entende... Gael é muito orgulhoso, gosta de levar a situação do seu jeito — respondi.

Virei o rosto e encarei o irmão do meu opressor. Júlio parecia ser um homem íntegro, honesto e falava olhando nos olhos. Por alguns segundos imaginei que ele tivesse sido enviado por algum ser divino para iluminar a mente obscura de Gael e nos levar a verdadeiramente ter um bom convívio.

— Ele é um bom homem, só ainda não aprendeu a lidar com os traumas do passado — Júlio comentou. — Dê nós dois, ele sempre foi muito apegado ao nosso pai, já que não tivemos uma mãe. E, quando papai faleceu ele depositou toda sua fé em seu relacionamento com Jasmine, o que também deu errado. Ele é só um bebê chorão e mimado.

Júlio se ajeitou nas espreguiçadeiras e olhou para o irmão que naquele momento enchia algumas boias para as meninas brincarem na água.

— E... muito caprichoso — comentei arrancando risos de Júlio.

— Esse é seu principal defeito... ou... dependendo do seu ponto de vista na situação, pode até ser uma qualidade.

Rimos juntos.

— Gosto dele — confessei. — Quero dizer... gosto de forma como ele cuida da minha filha e sinceramente estou começando a ficar confusa com o que sinto. Ao mesmo tempo em que odeio ele, eu... eu... quero o bem dele, entende?

Ele assentiu.

— Entendo.

— Por isso estou tão confusa. Misturamos nossos sentimentos no meio da bagunça e agora eu não sei lidar com mais nada sem ter medo de magoar alguém.

— Não fique assim, Joana. Eu conheço meu irmão, tenho certeza de que ele vai ajeitar as coisas entre vocês.

Júlio se levantou, se jogou na piscina e nadou em direção do irmão.

Fiquei com um ponto de interrogação maior ainda na cabeça. Seja lá o que estivesse acontecendo, eu precisava confiar que tudo daria certo.

 Seja lá o que estivesse acontecendo, eu precisava confiar que tudo daria certo

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