- Capítulo 66 -

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- JOANA FLORES -

No sábado fui acordada às seis da manhã por Margaret — horário em que o sol nem mesmo tinha aparecido no horizonte —, e os barulhos de sua incansável animação. Margaret invadiu meu apartamento, entrou no meu quarto e foi abrindo as janelas e gritando que estava na hora de levantar, segundo ela teríamos um longo dia pela frente.

— Ah, Margaret... são seis da manhã. — Murmurei enfiando a cabeça embaixo dos travesseiros.

— Nada disso, hoje a nossa agenda está lotada — ela puxou meu edredom. Me encolhi na cama em posição fetal.

— Eu só quero dormir.

— Vamos amiga, hoje é o grande dia...

Tirei a cabeça debaixo do travesseiro ainda sonolenta e resmunguei:

— A aniversariante aqui é você! Não eu...

— Por isso mesmo — ela se jogou de barriga para cima na cama e afundou no colchão. — Marquei horário no SPA para nós quatro — deu um gritinho.

— Quatro?

— Você, Isabel, Maria e eu. Lembra que nosso sonho sempre foi passar um dia inteiro no SPA, então agora podemos realizá-lo. Você tem dinheiro e eu também. Pobreza, nunca mais!

Ri e tentei argumentar.

— Mas eu não tenho dinheiro, tudo o que está no banco é a herança da minha filha.

— Há! — ela se levantou da cama me ignorando completamente. — E, eu trouxe uma coisa para vocês.

A volátil, saiu do quarto e voltou com duas enormes caixas pretas iguais a que veio comportando o vestido que Gael me deu de presente.

Me sentei na cama e cruzei as pernas observando-a caminhar com aquelas coisas em minha direção.

— Essa não são as caixas da Grife que Gael criou?

Ela riu tensa.

— Grife? Gael? Não... Você me ouviu falar em Gael? Eu não falei nada sobre Gael. — Deu um tapa no ar. — Imagina.

— Você disse o nome dele, pelo menos três vezes só agora — murmurei.

Ela riu tensa.

— Impressão sua.

Ela colocou as caixas em cima da cama e abriu minuciosamente uma por uma.

— Esse — ela levantou do meio do papel de seda um vestido infantil azul com uma fita dourada na cintura —, é da Isabel.

Continuei observando em silêncio.

— Esse — ela levantou um lindo vestido preto de algum tecido de primeira, de ombros abertos e uma linda fenda na perna —, é o seu.

Conhecendo bem a minha amiga, ela não tinha gostos tão recatados para vestidos, afinal ela sempre gostou de exagerar nos decotes e nas roupas justas.

— Margaret, desde quando você se tornou uma mulher recatada? Esses vestidos são lindos e comportados.

Margaret riu.

— Deixe de ser mal agradecida! — fingiu estar brava.

— Desculpe — levantei as mãos em rendição. — É que não parece você quem escolheu essas peças.

Ela arregalou os olhos.

— Mas é claro que foi eu, quem mais poderia ser?

— E onde está o seu vestido? — Perguntei desconfiada.

— Não se preocupe com isso. — Falou enquanto guardava as peças nas caixas. — E o vestido de Maria já foi enviado. Agora pelo amor de Deus, levanta dessa cama e vamos logo para o SPA, a cada minuto que perdemos nossas células envelhecem.

Ri e coloquei o pé no chão, me espreguicei e caminhei em direção ao banheiro.

— Tudo bem, você venceu.

— Tudo bem, você venceu

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