- Capítulo 48 -

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- GAEL CARTIER -

— Tem certeza de que o endereço é esse? — Falei com Armando ao telefone.

— Sim. Aqui nos registros dizem que ele vive aí sozinho.

— Tudo bem, eu vou tentar ser recebido.

— Mas alguma coisa, senhor? — Perguntou meu fiel empregado.

— Sim. Quero que tire férias prolongadas.

Ouvi um riso abafado no final da ligação.

— O quê? Está falando sério, senhor?

— E, você já me viu brincar?

— Sim... digo... não... eu só pensei que...

— Armando – o cortei. — Reconheço que você tem trabalhado duro para mim durante todos esses anos, e agora eu quero te compensar por isso.

— Ah, senhor... muito obrigado.

— Por nada. Já depositei uma quantia para que você curta suas férias com sua família. E o restante... deixe comigo.

Depois de desligar o celular, respirei fundo, olhei para as gigantescas grades de ferro à minha frente e toquei a campainha.

Quando voltei com Joana do bangalô, me tranquei no escritório de casa e liguei para Armando, pedi que ele encontrasse o endereço de Edgar, pois a única pista que eu tinha era seu nome e o fato de ele frequentar um evento beneficente.

Eficientemente Armando descobriu que o nome do sujeito era Edgar Honorato, e que ele vivia em uma mansão não muito longe de nós. Após anotar o endereço, coloquei um terno preto, e saí de casa a fim de me encontrar com aquele sujeito. Eu precisava conversar com aquele homem, o confrontar para saber quais eram suas intenções ao dizer para Joana que sabia da existência de Isabel. E como prometi a Joana que eu não permitiria que nada de ruim acontecesse as duas, resolvi encarar o problema de frente, assim eu ficaria precavido caso houvesse a necessidade de tomar alguma medida.

Parecia que não havia ninguém no endereço. Então insisti tocando insistentemente a campainha. Finalmente depois de muito tempo uma senhora já avançada de idade, de olhos profundos, coluna curvada, cabelos grisalhos usando um avental bordado, apareceu entre meios as grades da casa.

— Bom dia, é aqui que mora o senhor Edgar Honorato?

A mulher me avaliou por um tempo, e confirmou com a cabeça.

— Sim. Tem muito tempo que ele não recebe visitas – disse a mulher com sua voz rouca e envelhecida.

— Me chamo Gael Cartier...

— Ah! Você não é aquele bonitão que saiu na TV?

Sorri.

— Sim. Eu vim tratar de negócios com o senhor Honorato.

— Oh! Claro... Eu sou Norma, a única empregada do senhor Edgar.

— Será que ele pode me receber?

— Claro... só um segundo, filho.

A gentil senhora me deixou esperando do lado de fora e entrou para dentro da casa. Minutos depois voltou segurando um molho de chaves. Ela escolheu uma e abriu o portão principal.

— Entre, rapaz — me deu as costas.

A segui em direção a entrada da casa.

Embora fosse uma mansão feita em madeira e alvenaria, a estrutura do local estava bastante comprometida e negligenciada. Os jardins estavam secos, nas paredes de cimentos haviam terríveis rachaduras e as estruturas com madeira estavam deterioradas por cupins. Logo me questionei o porquê de um homem, que participava de eventos beneficentes da alta sociedade, vivia sob aquelas condições? A menos que... ele estivesse falido.

— Onde ele está? — Perguntei quando a mulher entrou em um salão grande, com enormes tapeçarias, e uma escada de madeira que dava para o segundo andar.

— No quarto. O coitado não sai de lá para nada, mal quer se alimentar e ainda parou com os tratamentos. E ontem, o único dia que ele se animou para sair de casa, voltou terrivelmente pra baixo.

— Tratamentos? — Questionei surpreso.

— Sim. Ele foi diagnosticado com câncer no fígado, mas o coitado não quer se cuidar, parece que está se punindo por algo. Só vive trancado no quarto e já mudou seu testamento várias vezes. — Respirei fundo sentindo que aquele não seria um simples encontro. — Vamos... já avisei que você está aqui.

 já avisei que você está aqui

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