- Capítulo 62 -

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- JOANA FLORES -

Minha filha agarrou-se ao meu pescoço quando o táxi nos deixou em frente as grades de ferro da mansão de Edgar. A aparência daquele lugar realmente me dava medo! A sensação era de que estávamos entrando em uma mansão mal-assombrada.

— Mamãe, esse lugar é feio — ela me apertou mais forte.

A coloquei no chão e segurei suas mãos.

— Não precisa temer filha, eu estou aqui e não vou deixar com que nada de mal nos aconteça.

Ela confirmou com a cabeça e apertou forte a srta. Pompom contra seu corpo.

Toquei a campainha, e como da última vez, Norma veio atender os portões utilizando o seu mesmo avental gasto enquanto manuseava o grande molho de chaves.

Expliquei que minha filha e eu tínhamos assuntos para tratar com Edgar e sem fazer perguntas ela nos conduziu pelos extensos corredores da mansão indo em direção ao cômodo onde o homem estava repousando.

Norma bateu na porta e depois de alguns segundos ouvimos a voz rouca e fraca dizer:

— O que você quer, Norma? Eu já disse que não vou mais tomar esses malditos remédios!

— Tem visita para o senhor — a mulher falou.

— Ah, — o homem murmurou do outro lado da porta. — Quem é a essa hora?

Norma me olhou, certamente já não se lembrava mais o meu nome.

— Joana — sussurrei para a mulher.

— Joana, senhor!

Fez-se silêncio por um tempo.

Norma e eu nos encaramos sem resposta, e de repente, ouvimos o homem dizer:

— Mande-a entrar.

Abri a porta devagar, a imagem do homem deitado na cama com um lençol fino cobrindo as suas pernas, revelava-se, à medida em que a porta ia se abrindo.

Quando abri a porta por completo, Isabel pulou dentro do quarto e encarou o homem. Norma ao ver que a situação estava sob controle se retirou nos deixando a sós. Me aproximei da minha filha e a peguei no colo.

— Ele é velho e feio! — escondeu o rosto na curva dos meus ombros. — Não é igual ao papai, Gael.

Edgar riu, como se estivesse diante da sua maior realização.

— Então essa é a minha filha? — falou avaliando Isabel com um sorriso triste.

Concordei com a cabeça.

Inesperadamente, Isabel desceu do meu colo e subiu em cima da cama.

— Eu trouxe meu livro favorito, posso ler para você?

O homem riu e se sentou.

— Mas, é claro.

Me sentei na poltrona e observei Isabel ler o livro e conversar com Edgar, mesmo que o meu coração estivesse cheio de ressentimentos eu não conseguia mais odiar aquele homem, pelo que ele havia feito comigo, naquele momento ele não passava de uma alma amargurada, triste e solitária.

Minutos passaram e eles conversaram bastante, Isabel apresentou a ele a srta. Pompom, contou sobre suas atividades favoritas e falou muito sobre Gael e das brincadeiras que eles faziam juntos. Ao ouvi-la falar sobre Gael com tanta nostalgia, meu coração encheu-se de saudades daquele embuste!

— Bem... foi ótimo, mas precisamos ir — me levantei da poltrona e caminhei em direção a cama.

Edgar me lançou um olhar triste, porém satisfeito. Ele sabia que no nosso acordo, depois de ele conhecer a menina, nunca mais poderia vê-la novamente, e com aquele olhar eu tinha a certeza de que ele iria cumprir sua parte no trato.

Antes de descer da cama, Isabel deu um beijo no rosto envelhecido do homem, pegou seu livro favorito e a srta. Pompom e me deu a mão.

— Adeus, pai! — Disse a menina sacudindo a mãozinha.

— Adeus, querida! Eu adorei a história. Eu quero que você seja muito feliz e cuide de sua mãe.

Sorri de leve e puxei as mãos de Isabel em direção a porta, e quando estávamos saindo, Edgar murmurou quase sem fôlego o meu nome, olhei para trás e ele estava segurando um envelope dourado.

Parei onde estava, e olhei em sua direção.

— Isso é um presente para Isabel. — Fiquei relutante em aceitar, mas o homem insistiu. — Por favor aceite.

Me movi de onde estava e caminhei em direção a cama, quando toquei no envelope olhei para os olhos cansados e tristes do homem, meu coração ficou minúsculo no peito. Eu já não conseguia odiá-lo, eu também não queria mais carregar tanta mágoa em meu peito, então...

— Eu perdoo você, Edgar.

Ele confirmou com a cabeça e sorriu, seus olhos ficaram iluminados como se estivesse obtendo graça divina. Descansou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos como se estivesse se libertando de um gigantesco fardo de culpa.

Saí daquela mansão sentindo como se toneladas de tristeza e ressentimentos estivessem saído do meu peito. Eu até conseguia respirar mais aliviada.

Na noite daquele dia, quando abri o envelope, descobri que Edgar havia deixado o apartamento, a mansão e vários outros bens para Isabel, e também recebi a notícia da qual eu desejei ouvir a vida inteira, mas agora não me causava nenhum prazer. Edgar por não estar tomando seus remédios, teve seu quadro agravado. O câncer no fígado evoluiu e ele não resistiu. Morreu enquanto dormia.

Com todos aquelesacontecimentos, a única certeza de que eu tinha era de que estava pronta paraviver um novo e especial capítulo da minha vida, onde a tristeza daria lugar abelíssimos sentimentos, e finalmente eu poderia ser feliz de verdade, com ousem o homem que eu amava.

Com todos aquelesacontecimentos, a única certeza de que eu tinha era de que estava pronta paraviver um novo e especial capítulo da minha vida, onde a tristeza daria lugar abelíssimos sentimentos, e finalmente eu poderia ser feliz de verdade, com o...

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