- JOANA FLORES -
Minha filha agarrou-se ao meu pescoço quando o táxi nos deixou em frente as grades de ferro da mansão de Edgar. A aparência daquele lugar realmente me dava medo! A sensação era de que estávamos entrando em uma mansão mal-assombrada.
— Mamãe, esse lugar é feio — ela me apertou mais forte.
A coloquei no chão e segurei suas mãos.
— Não precisa temer filha, eu estou aqui e não vou deixar com que nada de mal nos aconteça.
Ela confirmou com a cabeça e apertou forte a srta. Pompom contra seu corpo.
Toquei a campainha, e como da última vez, Norma veio atender os portões utilizando o seu mesmo avental gasto enquanto manuseava o grande molho de chaves.
Expliquei que minha filha e eu tínhamos assuntos para tratar com Edgar e sem fazer perguntas ela nos conduziu pelos extensos corredores da mansão indo em direção ao cômodo onde o homem estava repousando.
Norma bateu na porta e depois de alguns segundos ouvimos a voz rouca e fraca dizer:
— O que você quer, Norma? Eu já disse que não vou mais tomar esses malditos remédios!
— Tem visita para o senhor — a mulher falou.
— Ah, — o homem murmurou do outro lado da porta. — Quem é a essa hora?
Norma me olhou, certamente já não se lembrava mais o meu nome.
— Joana — sussurrei para a mulher.
— Joana, senhor!
Fez-se silêncio por um tempo.
Norma e eu nos encaramos sem resposta, e de repente, ouvimos o homem dizer:
— Mande-a entrar.
Abri a porta devagar, a imagem do homem deitado na cama com um lençol fino cobrindo as suas pernas, revelava-se, à medida em que a porta ia se abrindo.
Quando abri a porta por completo, Isabel pulou dentro do quarto e encarou o homem. Norma ao ver que a situação estava sob controle se retirou nos deixando a sós. Me aproximei da minha filha e a peguei no colo.
— Ele é velho e feio! — escondeu o rosto na curva dos meus ombros. — Não é igual ao papai, Gael.
Edgar riu, como se estivesse diante da sua maior realização.
— Então essa é a minha filha? — falou avaliando Isabel com um sorriso triste.
Concordei com a cabeça.
Inesperadamente, Isabel desceu do meu colo e subiu em cima da cama.
— Eu trouxe meu livro favorito, posso ler para você?
O homem riu e se sentou.
— Mas, é claro.
Me sentei na poltrona e observei Isabel ler o livro e conversar com Edgar, mesmo que o meu coração estivesse cheio de ressentimentos eu não conseguia mais odiar aquele homem, pelo que ele havia feito comigo, naquele momento ele não passava de uma alma amargurada, triste e solitária.
Minutos passaram e eles conversaram bastante, Isabel apresentou a ele a srta. Pompom, contou sobre suas atividades favoritas e falou muito sobre Gael e das brincadeiras que eles faziam juntos. Ao ouvi-la falar sobre Gael com tanta nostalgia, meu coração encheu-se de saudades daquele embuste!
— Bem... foi ótimo, mas precisamos ir — me levantei da poltrona e caminhei em direção a cama.
Edgar me lançou um olhar triste, porém satisfeito. Ele sabia que no nosso acordo, depois de ele conhecer a menina, nunca mais poderia vê-la novamente, e com aquele olhar eu tinha a certeza de que ele iria cumprir sua parte no trato.
Antes de descer da cama, Isabel deu um beijo no rosto envelhecido do homem, pegou seu livro favorito e a srta. Pompom e me deu a mão.
— Adeus, pai! — Disse a menina sacudindo a mãozinha.
— Adeus, querida! Eu adorei a história. Eu quero que você seja muito feliz e cuide de sua mãe.
Sorri de leve e puxei as mãos de Isabel em direção a porta, e quando estávamos saindo, Edgar murmurou quase sem fôlego o meu nome, olhei para trás e ele estava segurando um envelope dourado.
Parei onde estava, e olhei em sua direção.
— Isso é um presente para Isabel. — Fiquei relutante em aceitar, mas o homem insistiu. — Por favor aceite.
Me movi de onde estava e caminhei em direção a cama, quando toquei no envelope olhei para os olhos cansados e tristes do homem, meu coração ficou minúsculo no peito. Eu já não conseguia odiá-lo, eu também não queria mais carregar tanta mágoa em meu peito, então...
— Eu perdoo você, Edgar.
Ele confirmou com a cabeça e sorriu, seus olhos ficaram iluminados como se estivesse obtendo graça divina. Descansou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos como se estivesse se libertando de um gigantesco fardo de culpa.
Saí daquela mansão sentindo como se toneladas de tristeza e ressentimentos estivessem saído do meu peito. Eu até conseguia respirar mais aliviada.
Na noite daquele dia, quando abri o envelope, descobri que Edgar havia deixado o apartamento, a mansão e vários outros bens para Isabel, e também recebi a notícia da qual eu desejei ouvir a vida inteira, mas agora não me causava nenhum prazer. Edgar por não estar tomando seus remédios, teve seu quadro agravado. O câncer no fígado evoluiu e ele não resistiu. Morreu enquanto dormia.
Com todos aquelesacontecimentos, a única certeza de que eu tinha era de que estava pronta paraviver um novo e especial capítulo da minha vida, onde a tristeza daria lugar abelíssimos sentimentos, e finalmente eu poderia ser feliz de verdade, com ousem o homem que eu amava.
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A Garota perfeita
RomanceJoana Flores é uma mãe solteira que aceita trabalhar em um dos pubs mais badalados da cidade para criar a filha, mas sua vida muda quando ela cruza com Gael Cartier, um milionário frio e caprichoso que confunde Joana com uma garota de programa. Ele...