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Barbara despertou antes de todos. Saiu do carro dando passos lentos até o tronco jogado na calça. Sentou-se, achando-o bastante desconfortável. Verificou o celular, encontrando chamadas de número desconhecido, mensagens de amigos e do arquiteto. Não se sentia bem para responder nenhuma delas no momento.
Queria voltar para a Suíça, apenas com o intuito de se encolher no sofá azul e adormecer sem pensar no amanhã. Cada dia era mais difícil esconder seus cacos. Ás vezes eles a machucavam até sangrar, então fugia de quem fosse, buscando se recompor antes de notarem. O álcool tornava tudo mais fácil, porém era a nicotina que diminuía os batimentos de seu coração. Não queria se arriscar com os vícios, já viu o que eles faziam com as pessoas.
Mexeu no anel em seu dedo. A prova de seu compromisso com Daniel. A frase descrita nele à fez rir, mas era tão real. Let's Fuck. Os dois estavam sempre resolvendo suas questões com sexo, sendo ele calmo ou feroz. Ela jamais reclamaria.
Os dois conquistaram muito em apenas alguns meses. Uma casa bonita, um relacionamento bom, companheirismo, e podiam ter muito mais.
Pela primeira vez não se via amando sozinha.
Permitir que Dylan envenenasse sua mente era um grande erro. Não tinha mais o que temer. Ela jamais voltaria para aquela casa no Brooklyn. Nunca mais gastaria seu dinheiro nos sonhos de outras pessoas que não mereciam. Havia tantas pessoas que amavam Barbara, e nenhuma delas pediram algo de valor, apenas reciprocidade.
No momento que o viu, pensou no pior. Sua mente voltou ao passado. Finalmente sozinha, sofrendo com a ressaca, percebia o quão tola foi.
Soltou o anel, respirando fundo.
Ficaria mais um tempo na América. O continente não era culpado por nada. Seriam mais duas semanas, e depois, viagens ainda melhores. Ela precisava de praia, ouvir as ondas e relaxar. Ninguém mais a machucaria.
Riu sem humor. Na primeira sensação de perigo, fugiria, ou se esconderia usando outro homem. Enganaria qualquer um, mas nunca ela mesma. Se tivesse nascido como Anita, já teria acertado Dylan com um soco.
Fechou a mão em punho, e socou o ar.
Barbara bufou, esticando as pernas.
Ouviu alguém se aproximar. Olhou brevemente por cima do ombro, se arrependendo. Havia se esquecido de que Max viera junto. O loiro estava tentando se aproximar dela, criar algum tipo de amizade, e ela desconfiava que foi Daniel quem pediu.
— Não estou afim! – avisou.
Max a irritava com bastante facilidade. Na última corrida quase quebrou a garagem com a largada do holandês. Contudo, o medo a calou. Max a salvara de Dylan quando precisou, porém o loiro tinha o dom de tocar na ferida até conseguir o que queria.
— Bom dia pra você também.
Manteve os olhos no amanhecer. Não iria demonstrar a própria ruína. Falar sobre ainda era bastante complicado.
