34 | Bromelia

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Notas Iniciais

Capítulo narrado pelo Youngsoo, pai do Jungkook.


| Esse capítulo contém gatilhos. Tenham o discernimento para pular as partes que acharem necessário. |


Meus sonhos são tingidos de vermelho-fosco. Tenho a sensação de que estou olhando para a parte interna do meu cérebro, latejando feito um coração, firme feito uma gaiola de músculo enervado que aperta e sufoca. Parece quente demais para aguentar. Não vou aguentar. Não vou aguentar. Não vou aguentar. Não vou ague

Um jato de vômito me faz acordar com espasmos horríveis na garganta e gosto de leite azedo na língua. A visão turva demora para reencontrar o equilíbrio de quem está vivo, e o escuro me faz entrar em desespero, mas não estou em uma cela — nem de músculo, nem de ferro. Estou em casa, estou em casa, mesmo que meu coração acelerado e estômago embrulhado confundam as informações todas as manhãs. Meu corpo funciona com tanta precisão quanto um pedaço de merda.

Escorrego na poça do meu próprio vômito quando tento levantar e bato o cotovelo na parede, então um choque agudo rodopia até meu ombro e, de repente, muitas partes de mim estão doendo. Mas os lamentos baixos não vêm da minha garganta, vêm de algo pouco distante, algo estranho à primeira vista, me trazendo a sensação de que vou vomitar mais uma vez.

Olho primeiro para o gesso. Nunca tinha visto um tão pequeno desse jeito. Devo ter faltado à aula de como engessar bebês, ou a ocorrência é baixa demais para os acadêmicos terem que aprender isso na universidade. Realmente nunca tinha visto.

— Ele quebrou o bracinho. — Chohee soluça. Duas vezes, antes de fungar e esfregar o rosto gosmento de lágrimas e saliva. Bolsas escuras sob os olhos a deixam com uma péssima aparência.

Desvio dos dois e vou em direção ao banheiro, mas ela me chama antes de eu conseguir fechar a porta. Fixo o olhar no ponto entre suas sobrancelhas e conto até dez.

— Você se lembra do que aconteceu ontem?

Não pisco. Conto novamente até dez, depois até vinte.

— Estou com dor de cabeça — digo, sem ousar reagir. Ela me encara como se não acreditasse na vida, e tenho a sensação amarga de vê-la abraçar mais forte o garotinho em seu colo quando movo um dos meus pés.

Acho que ela vai dizer mais alguma coisa, insistir no assunto, persistir em tentar tirar alguma resposta minha, mas fica em um silêncio coberto de tudo. Entro no banheiro, convencendo-me de que é apenas isso que quebra nossa conversa e não o fato de que ela realmente não consegue voltar a abrir a boca.

Fecho os olhos apenas quando começam a arder, e o vermelho-fosco choca-se novamente contra mim. Tenho dor de barriga desde a noite passada. Lembro de segurar o braço de Jungkook muito rápido e muito forte, tentando tirá-lo do meu caminho, e de ouvir um choro infantil alto e arranhado antes de deitar na cama esburacada. Não gosto da sensação de seu pulso estreito em minha mão, mesmo que apenas em lembrança; tão estreito que as pontas dos meus dedos se encontravam do outro lado, tornando impossível a liberdade. Algemas infantis.

Se ele não chorasse tanto, se não chorasse o tempo todo, sem parar, sem fôlego...

Não aguento ouvir seus soluços, são insuportáveis a ponto de

Conto até dez.

Lavo meu rosto quatro vezes seguidas, porque tenho a impressão de que, em alguma dessas vezes, a água vai estar tão gelada que meus olhos e boca vão se anestesiar. Mas o sabonete apenas faz com que a sensação se torne ardida perto do nariz, e tenho dificuldade para respirar depois disso. Não é um bom dia.

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⏰ Última atualização: Jun 23, 2022 ⏰

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