24 | Taraxacum

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Notas Iniciais

Oi, tudo bem? Não costumo fazer isso, mas vota no capítulo pra me ajudar, poxa. Por favorzinho. Às vezes eu mereço.

Estou dividido em dois, como se o mundo ou, talvez, como se toda a minha vida tivesse sido construída para que, nesse momento, eu não soubesse mais quem eu sou. O mundo é cruel. O mundo é tão cruel comigo que eu me lembro de pensar em todas as etapas da minha vida: o que eu fiz? O que eu fiz para merecer tudo isso?. Quando faço essa pergunta agora, entretanto, meu coração bate descompassado dentro do peito como sem nem mesmo ele conseguisse decidir se bate por tristeza ou por alegria.

Um lado do meu cérebro pensa infinitamente naquela palavra que me perseguiu nos últimos dezenove anos. Uma palavra tão pequena, porém tão aterrorizadora — dor. Estive sendo perseguido novamente por ela desde que meu pai sorriu um pouquinho para mim e desde que eu comecei a pensar, contra a minha vontade, quase inconscientemente, que talvez ele realmente sofresse tanto quanto eu sofri nos últimos anos. Quando acho que vou me afundar nessa escuridão, o outro lado do meu cérebro acende e outra pequena palavra começa a piscar dentro de mim com força — sim.

Sim. Sim. Sim.

Ele disse sim. Para mim. Park Jimin disse sim para mim. Para um cara como eu, quando ele poderia ter todos os homens e todas as mulheres do mundo ao seu lado.

Dou um sorriso fraco quando sinto o ar fresco atingir o meu rosto. À minha esquerda, Jimin está com o olhar fixo à sua frente, uma expressão serena o suficiente para me fazer pensar que ele poderia flutuar agora mesmo, e meu peito quase explode — da mesma forma que quase explodiu diversas vezes nos últimos minutos caminhando ao seu lado.

É surreal o que estamos fazendo agora, tão perto de sua casa.

Ao mesmo tempo que existe um conforto em olhar para o quarto dele e pensar que ali é o nosso mundinho de amor, existe um desespero em não poder gritar para todas as pessoas que, na verdade, o universo inteiro é nosso mundinho de amor.

Existe um desespero em não poder olhar para pessoas como Wonho e dizer que elas podem pensar qualquer coisa de mim, podem desejar Jimin o quanto quiserem, na intensidade que quiserem — nada disso vai mudar o que nós temos. E existe, também, um desespero gigantesco em não poder olhar para ele especificamente e dizer: foi para mim que ele disse "sim".

E foi por conta de todo esse desespero em não poder fazer nada disso que, assim que chegamos em casa, alguns minutos atrás, eu disse com os ombros encolhidos:

— Podemos sair um pouco?

— Sair? — Jimin perguntou. — Acabamos de chegar.

— Podemos sair de novo?

— E ir para onde?

— Só andar um pouquinho...

— Ah — ele me olhou com curiosidade —, podemos. É claro.

— Podemos andar de mãos dadas?

— Sim.

— Com os dedos entrelaçados e tudo?

— Sim — ele riu, parecendo apaixonadinho.

Ah, droga, eu pensei, porque foi realmente possível vê-lo apaixonadinho por mim. Por mim. Por mais ninguém, mas por mim. Eu poderia socar alguma coisa.

Se a rua estiver com algumas pessoas, podemos ficar só com os mindinhos entrelaçados também — disse, em vez disso. — Não tem problema.

ASTER • jjk + pjmDove le storie prendono vita. Scoprilo ora