13 | Dahlia

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Eu sei bem que não deveria me meter nos assuntos de Jungkook e sei melhor ainda que fui muito enxerido ao lhe oferecer carona num momento de tanta preocupação. Eu gostaria de dizer que a minha motivação para tomar tal atitude foi a urgência em seu tom de voz e a forma como pulou da cama e correu em direção à porta, mas a realidade é que... eu não queria ficar longe dele.

Sou uma pessoa de horários regrados, mas fiquei acordado até o último segundo durante a madrugada, mesmo caindo de sono, só para não interromper nossa conversa tão boa. Sou um filho exemplar, se me permitem o autoelogio, mas não hesitei em esconder Jungkook debaixo das minhas cobertas diante do medo de minha mãe expulsá-lo (ela certamente o faria). Sou rigidamente seletivo com minhas amizades, mas me encontrei fascinado com o pouco que vi de Jungkook naquela noite e com a ânsia de saber mais.

E pensar em ficar longe dele foi realmente estranho, tanto pelo medo de voltarmos a nos ignorar após racionalizarmos o que havia acontecido, como também pelo que eu sabia que sentiria se me visse longe dele. Por conta disso, a solução mais imediata que me surgiu à mente foi a abobada sugestão da carona e, surpreendentemente, receber uma resposta positiva quando já estava preparando-me para receber uma negação direta.

Quando Jungkook me disse que eu deveria estar pronto em cinco minutos, eu realmente pensei que fosse um exagero proposital, para me apressar o máximo possível, mas, exatamente no tempo estimado, ele começou a bater na porta do meu quarto.

— Nós precisamos sair agora — avisou, antes mesmo de eu conseguir assimilar qualquer coisa.

Não estou pronto. Eu definitivamente não estou pronto.

Mas sei que alguma coisa séria está acontecendo e, por isso, saio correndo para fora do quarto, ignorando meu cabelo desalinhado e o rosto ainda inchado de Jungkook. Não tenho certeza sobre o horário, mas deve passar das nove horas, porque quando descemos até o primeiro andar, encontro meus pais terminando de comer o café da manhã.

Eu acabo me surpreendendo, porque havia esquecido que hoje seria o sábado de folga do meu pai. Quando paro de andar e os olhares duros me alcançam, quase saio correndo de volta para o meu quarto, porque me sinto realmente exposto, aqui, agora, ao lado de Jungkook. Minha mãe está muito séria e meu pai está com o rosto parcialmente escondido atrás de uma xícara de café, com a expressão inflexível.

— Bom dia, querido — minha mãe diz, claramente desconfortável. Ela pigarreia brevemente, antes de continuar: — Você está se acostumando a acordar mais tarde? Não está dormindo bem?

Abro a boca ao menos três vezes, tentando pensar em algo para dizer, mas não consigo raciocinar direito. Odeio ser um péssimo mentiroso, porque eu realmente poderia responder qualquer coisa e estaria tudo bem, mas, em vez disso, estou agindo como se precisasse arranjar alguma desculpa. Quando meu pai ergue as sobrancelhas, encolho os ombros, um pouco assustado. Meu pai é um homem ótimo, sempre gentil e compreensivo, mas, ao mesmo tempo, sempre me senti retraído na sua frente.

Provavelmente pelo medo de decepcioná-lo. Provavelmente, não. Com certeza é pelo medo de decepcioná-lo.

Jimin, a gente precisa ir — escuto a voz de Jungkook atrás de mim.

Meu corpo reage imediatamente ao ouvi-lo se pronunciar na frente dos meus pais, dando a entender que vamos sair juntos.

Mas vocês vão sair juntos, meu cérebro relembra.

Quando olho para trás, Jungkook encara o meu rosto com dureza, analisando-me em silêncio. Sinto-me no meio de um campo de batalha, como se precisasse decidir qual seria meu aliado, mas estou nervoso demais para tomar qualquer atitude e apenas balanço a cabeça para Jungkook discretamente, sem saber o que fazer.

ASTER • jjk + pjmWhere stories live. Discover now