14 | Chrysanthemum

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É difícil explicar as sensações que Jimin tem me causado nos últimos dias. Talvez eu nem consiga dizer qual foi o ponto de partida para o que estamos vivendo agora. Será que foi o dia em que ele me ajudou com os meus machucados, quando ainda mal conversávamos? Ou foi na primeira vez em que eu chorei na sua frente, recebendo seu conforto logo em seguida? Talvez tenha sido o dia em que eu fiquei bêbado e Jimin, mesmo estando com raiva de mim, foi me buscar e aguentou, pacientemente, minha versão deplorável de garoto pegajoso. Também teve o nosso primeiro beijo de verdade, no dia em que ele tentou me ajudar a falar com o Wonho; quando comecei a dormir em seu quarto e ele passou a segurar minha mão todas as noites, sempre respeitando minha necessidade de silêncio; quando ele ficou tão preocupado a ponto de querer levar o Yoongi hyung para o hospital; por fim, as duas noites seguidas em que eu dormi em seus braços como se quisesse fugir de todo o resto do mundo, como se aquele fosse o meu abrigo.

Pensando em tudo isso, é possível perceber que em quase todas as interações que tivemos desde o primeiro momento, Jimin estava em função de me ajudar com alguma coisa.

Eu sempre estava perdido, machucado, distante, alcoolizado, psicologicamente destruído; ele sempre estava curioso, envolvido, sentimental, cuidadoso, presente. Mesmo quando lançava suas respostas quase agressivas, nunca deixou de ficar ao meu lado quando pensou que era necessário. E, droga, sempre foi. Eu sempre precisei de alguém para cuidar de mim. Foi por conta disso que eu me encantei por Taeyang tão rápido, não foi? Porque ele também demonstrou o cuidado que eu tanto precisava na época, assim como Jimin está fazendo agora.

O problema nisso tudo, porém, não é a minha necessidade de acolhimento.

O problema sou eu, como um todo.

Por que eu preciso ter tanto medo? Por que eu preciso chorar e sentir esse aperto no coração, sendo que já está mais do que óbvia a minha dificuldade em manter distância de Jimin? Eu nem sei se ainda quero isso; se ainda quero continuar com essas tentativas patéticas de ficar longe. Não me importo de segurar aqueles dedos gordinhos durante a noite, sem que ninguém veja. Não me importo de rir quando estamos juntos, dentro de um carro, sozinhos. Não me importo de fazer nada disso às escuras.

Eu não preciso espalhar para o mundo que Jimin acalma o meu coração, preciso?

Então, por que mesmo quando estamos sozinhos e longe de qualquer olhar acusatório, longe de qualquer possibilidade de sofrimento e sangue e tortura, eu ainda sinto tanto medo? Por que eu sou tão medroso? Por que minha cabeça não funciona direito? Por quê?

Solto um suspiro e esse pequeno gesto, tão singelo, tão discreto e tão automático, preenche todo o meu corpo em questão de segundos. Porque quando inspiro o ar, ainda de olhos fechados, um aroma que estou começando a me acostumar adentra minhas narinas e percorre todo o caminho para o que deveria ser apenas os meus pulmões, mas também alcança todos os outros nervos capazes de enfraquecerem uma muralha inteira.

Se eu estivesse em pé, cairia; mas deitado, flutuo.

Afasto-me tanto do solo, em direção ao céu, ao meu paraíso particular, que o aroma se torna cada vez mais distante, mais e mais enfraquecido, até quase se tornar nulo. Sinto minha testa enrugar quando volto à realidade e passo minhas mãos pelo colchão. Vazio. Giro pela enorme cama, igual a minha, mas surpreendentemente mais confortável. Nada. Abro os olhos com dificuldade, as pálpebras ainda grudando, pesadas, antes de eu, finalmente, arranjar as forças necessárias para esfregar os cílios curtos com os punhos cerrados, enfim sendo capaz de abrir os olhos em tempo de encontrar Jimin dando a volta na cama, seguindo em direção ao banheiro.

ASTER • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora