03 | Erica

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Notas Iniciais

• Edit (06/07/2019): correção de diálogos e acréscimo de informações em momentos que estavam incoerentes com capítulos posteriores;

• Edit (26/07/2019): atualização da mídia do capítulo para o novo padrão de design;

• Edit (30/07/2019): correção geral do capítulo.


Talvez eu não tenha reparado direito no dia anterior, porque estava eufórico demais por toda a situação, mas agora, em plena luz solar, é impossível não reparar no rosto infantil que ele tem. Os olhos pequenos de pálpebras únicas são levemente caídos, o que o faz parecer inocente e impotente, como um cachorro abandonado. Tenho que controlar o impulso de revirar os olhos quando ele vacila diante de mim.

É esse o tal garoto que meu pai sugeriu que eu fizesse amizade?

Fala sério.

Eu não me aproximaria de alguém assim nem se me pagassem.

O olhar que Dongyul lança ao próprio filho é humilhante e a vergonha que sinto pelo garoto aumenta quando, no lugar de se posicionar, ele apenas encolhe os ombros e chega mais perto com passos tímidos.

— É um prazer conhecer o senhor — o garoto chamado Jimin fala ao meu pai.

Também não me lembrava de sua voz ser tão aguda para um homem.

Tudo nele o faz parecer cada vez mais com uma criança.

Patético.

— Bom — Dongyul recomeça, tomando a dianteira da situação —, por que não mostramos a casa a vocês e os apresentamos aos seus respectivos quartos? Ninguém nunca os usou, então ainda estão novinhos em folha.

O sorriso dele me incomoda. Quando meu pai conheceu alguém assim? Por que nunca vi ele antes, se são amigos a ponto de nos hospedarem sabe-se lá por quanto tempo? E por que o clima entre nós parece, de alguma forma, tenso? Tudo isso soa estranho e me causa desconforto.

Mesmo assim, eu sigo Dongyul e seu filho pelo local que já conheço em partes. Ontem, no momento em que entrei aqui — fácil demais, diga-se de passagem —, fiquei chocado com o tamanho do lugar. Não tive tempo de explorar e observar tudo em detalhes, é óbvio, mas lembro-me claramente de questionar o motivo de pessoas ricas gastarem uma grana preta com tanta coisa desnecessária.

E quando eu digo "coisa desnecessária", eu me refiro, por exemplo, ao fato de eles possuirem duas salas.

Assim que entramos, à nossa esquerda já podemos ver um grande sofá de coloração cinza, com uma mesa baixa de vidro espelhado separando o móvel de um rack de madeira avermelhada que serve de apoio para uma televisão grande demais. Os objetos decorativos não foram economizados e cada pequeno espaço parece ter sido meticulosamente planejado. Um pouco mais a frente, um tapete quadrado serve de divisor para um espaço delimitado com cadeiras redondas e outra mesa central, também redonda, esta com um grande vaso de flores rosadas para enfeitar a superfície.

Olhando para a direita, há um painel mesclado com as cores branco, preto e dourado. A iluminação embutida no topo do painel faz o dourado brilhar, então eu considero a possibilidade de ter sido pintado com ouro de verdade. De qualquer forma, é o exemplo perfeito de algo completamente inútil para possuir dentro de casa.

Seguimos em frente e logo após o tapete com as cadeiras redondas, há uma mesa de vidro comprida cercada com, pelo menos, doze cadeiras acolchoadas de forro preto. A mesa está coberta com todos os tipos de comida; tem tanta coisa que eu acabo me perguntando se todo aquele povo de ontem resolveu voltar para o café da manhã. Entretanto, há apenas uma cadeira ocupada por uma mulher pequena, de traços duros e impenetráveis.

ASTER • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora