15 | Convallaria

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A boca de Jungkook é quente.

Muito quente.

Tão quente que meu corpo reage quase instintivamente ao seu toque, esquentando-me por completo, como uma panela de pressão quase pronta para soltar todo o seu vapor pelo pino da tampa, gritando e girando para avisar a todos que estejam por perto — ou não tão perto assim — de que está pronto.

Completamente pronto.

Mas imagine que, apenas alguns segundos antes de alcançar o ponto certo, alguém se aproxima e desliga o gás, consequentemente acabando com o fogo, fazendo com que a panela nunca chegue ao tão esperado limite. Frustrante, certo? Então, é assim que eu me sinto há mais de uma semana, desde que eu e Jungkook começamos com... seja lá o que isso for.

Quero dizer, nós nunca chegamos a conversar sobre o que exatamente é tudo isso e, muito menos, sobre o que aconteceu naquele dia em que, tão de repente, Jungkook apareceu e me beijou como nunca tinha feito antes. Eu pensava que tinha acontecido alguma coisa, porque ele estava novamente me perguntando sobre a questão do nojo e... aquela voz... sempre tão frágil, tão triste... era simplesmente demais para o meu coração aguentar.

Eu estava quase preparado psicologicamente para ficar ao seu lado durante toda a noite, em silêncio, sentindo-me indisposto a dormir por conta de seu choro baixo. Porém, para a minha total surpresa, não foi isso que aconteceu. Porque depois de me ouvir dizer que não havia qualquer vestígio de nojo dentro de mim, Jungkook me beijou.

E depois me jogou na cama.

E aquela voz, sussurrando para que eu dissesse à minha mãe que ficaria com ele no quarto; sua boca contra a minha; suas mãos em meu corpo; sua língua quente em minha barriga... Eu realmente nunca tinha sentido algo assim em toda a minha vida e, por mais fantasioso que isso possa parecer, tenho a certeza de que não teria acontecido dessa forma se eu estivesse com qualquer outra pessoa além de Jungkook.

Porque a sensação não está somente na sua língua úmida e macia em contato com a minha pele jamais antes tocada; não está nos seus olhos, por vezes brilhantes, por vezes opacos, mas sempre muito escuros. Não está nas mãos grandes que, dia após o outro, apertam mais a minha cintura, exploram mais o meu corpo, me prendem mais entre os dedos fortes. Não está em nada disso. A sensação está nele. Como um todo. Inteiramente nele e na forma como me olha — sim, com os olhos bonitos e redondos, mas com algo a mais por trás das íris escuras que eu arrisco dizer nunca ser capaz de explicar. Não está em sua língua úmida e quente, está em como eu, às vezes, sinto que ele gosta da minha na mesma proporção. Não está nas mãos grandes que me seguram, está em como ele suaviza o aperto de vez em quando, com medo de estar me machucando.

Está nele, em Jungkook. Em como me olha, em como me beija, em como me abraça.

Está em como ele sorri para mim, quando ninguém mais pode nos ver.

Ou em como ele pergunta, todos os dias ao deitarmos na cama, sobre o meu dia na faculdade, mesmo que ache a coisa mais chata do mundo.

E está em como ele conta sobre o dia dele também, mesmo que tenha ficado apenas em seu quarto, fazendo disso a coisa mais interessante do mundo.

E, ah, mesmo quando ele fica o dia todo trancado dentro de um único cômodo, eu ainda sorrio ao ouvi-lo falar, nos mínimos detalhes, sobre meu gato chato ronronando em cima de suas pernas ou sobre como ele perdeu seu par de meias preferido e ficou horas procurando por toda aquela bagunça. Está em como ele se estende, se prolonga, contando-me seus pensamentos e as suas sensações, por menores que sejam, só para que eu esteja um pouco mais inserido em seu mundinho particular.

ASTER • jjk + pjmWhere stories live. Discover now