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26 | Cornus

[!ATENÇÃO! O capítulo a seguir contém: sofrimento psicológico intenso em algumas partes do itálico; menção/tentativa de suicídio [parte final do itálico]; sofrimento psicológico intenso no final do capítulo. Por favor, evite ler o capítulo ou pule as cenas específicas caso tenha sensibilidade diante das categorias supracitadas.]

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Minhas perninhas são curtas demais para andar na neve.

Droga. Pareço um pateta.

Quando chego até mamãe e me agacho para abraçar meus joelhos, meu bumbum fica gelado por encostar no chão branquinho.

Porcaria. Agora sou um pateta de bumbum congelado.

Mesmo assim, estou surpreso demais para me importar com isso, então, ainda tentando me equilibrar na posição que mamãe gosta de chamar de "casulinho" , tento me equilibrar com os pés enfiados na neve e as roupas grandes demais para o meu corpinho. Odeio neve, porque fica difícil fazer o casulinho e eu gosto muito de abraçar meus joelhos. Aprendi a fazer isso só com quatro anos. Da última vez que perguntei, mamãe disse que eu já tinha quatro anos, dois meses e quinze dias, o que significa que agora eu sou como um profissional. Profissional é quando alguém faz algo muito, muito, muito bem. Então, como minhas perninhas são curtas, eu consigo me equilibrar super ultra mega power fácil e consigo fazer um casulinho perfeito; quando aprendi a fazer isso um tempão atrás, eu ainda não era tão bom, mas agora sou como um profissional de verdade! É bem legal.

Mas tanto faz. Eu estou no casulinho, meus pés estão enfiados na neve, meu bumbum está congelando e eu estou surpreso.

— O que ele é? — pergunto e percebo que minha voz está muito baixinha quando me inclino um pouquinho para a frente, tentando ver o negócio mais de perto.

Sei que não posso ver o rosto dela agora, mas mamãe está sorrindo. Tenho certeza. Ela sempre está sorrindo quando está perto de mim, porque eu sou o filho preferido dela.

— É um esquilo, Goo.

— É venenoso?

— Não. Esquilos não têm veneno, mas têm dentes bem grandes.

— Tipo jacaré?

— Hm, não. Mas é tipo castor.

— E castor é venenoso?

— Também não.

— Por quê?

— Porque só animais com dentes pontudos têm veneno.

— Por quê?

— Porque o veneno passa por um caninho dentro do dente, então precisa de uma pontinha para conseguir sair quando o animal morder.

— Tipo jacaré?

— Também não, meu amor — ela dá risada. — Nem todos os animais com dente pontudo são venenosos, mas todos os animais venenosos têm dente pontudo. Entendeu?

— Não.

— Quer que eu explique de novo?

— Está tudo bem, mamãe — digo, olhando para o esquilo com atenção. — Ele morde?

— Se ele ficar com medo, pode morder.

Enrugo minhas sobrancelhas claras demais e tento chegar um pouquinho mais perto. Só um pouquinho, porque não quero que o esquilo pule na minha cara. Mas não estou com medo, ok?