Capítulo 5

1.1K 170 3
                                    

 Tom

Os olhos de Harry se arregalaram, as esmeraldas brilhantes escurecendo de dor. Era sua própria culpa por ser tão evasivo. Havia tanta insolência que Tom podia suportar.

Uma dúzia de imagens piscam em sua mente. Uma garota de cabelo vermelho estava gritando. Uma Weasley. Gina? Esse era o nome da garota? Ele mudou seu aperto, ciente de que Harry não aguentava mais, ele iria desmaiar mais cedo ou mais tarde. Seu rosto estava pálido, a pele normalmente bronzeada parecia cerosa e cinzenta diante do ataque mental.

Tom não sentiu nenhum remorso. Ele tinha dado um aviso justo. Harry sabia onde estava se metendo. Um momento depois, o elo mental caiu. Tom deixou a conexão desaparecer; observando o rosto de Harry cuidadosamente.

Isso pode ter sido um pouco duro. Harry tinha algo frágil dentro dele, algo ingênuo que tanto suas memórias quanto seu poder desmentiam. O chamado garoto de ouro da Grifinória estava longe de ser inocente, ele sabia disso, mas o sentimento estava lá. E Tom não tinha certeza se queria proteger a pureza ou destruí-la até que tudo o que restasse fosse apenas uma escuridão hipnotizante.

Com um suspiro inaudível, ele deixou seus dedos escorregarem pelas mechas escuras familiares. Harry acordaria logo. O idiota irritante nunca ficava inconsciente por muito tempo. Ele nem conseguia morrer direito.

As chamas que ecoavam do fogo davam ao quarto um efeito quase sinistro. Era calmante, reconfortante. A escuridão sombria da Sala Comunal improvisada era especialmente acolhedora depois de passar o dia sob o sol dos salões superiores. Tom nunca poderia relaxar, sabendo que alguém estava sempre lá, esperando para se deliciar com sua fraqueza, como um abutre em um cadáver.

O chão parecia frio mas as pedras eram quentes. Tom sorriu levemente, ele adorava magia. Impaciente, ele verificou a condição de Harry. Quando ele acordaria? Qual era o sentido da paciência quando se tinha o poder de fazer os eventos acontecerem mais rápido?

- Renervarte.

Para seu crédito, Harry ficou alerta instantaneamente, uma maldição pronta para ser proferida por seus lábios. Seus olhos estavam estreitos e cheios de raiva.

Imperturbável, Tom arqueou uma sobrancelha.

- Gina Weasley?- ele perguntou.

- Você não tinha o direito de fazer isso.- a voz de Harry estava firme e cuidadosamente controlada, sua fúria foi contida sob camadas de retidão e bondade. Se Tom tivesse um coração, poderia ter quebrado um pouco. Foi uma pena, ver tal talento escondido. Ele tinha visto o garoto, nas poucas ocasiões em que a necessidade de maldições mais sombrias estava presente, era lindo.

O lado da luz o estava arruinando. Dumbledore, o tolo manipulador, o estava arruinando. Harry era um ofidioglota pelo amor de Salazar! Isso não era um sinal? Era um insulto que ele fosse usado tão descaradamente.

Todos sabiam que Tom tinha direito a tudo, especialmente ao companheiro ofidioglota. Sem mencionar que ele era o único com a conexão. Não, Dumbledore. Não a sangue ruim, e nenhum dos cretinos Weasleys também. Somente Tom.

Isso não contava para nada? Além do fato de que, desconsiderando sua completa falta de respeito, Harry era reconhecidamente uma excelente companhia, quase um...amigo. Ambos poderiam realmente ter conversas inteligentes. Bem, eles costumavam ter.

Parecia que nessa época Harry era um coração mole, e um dos piores. Ele estava se comportando como um atleta, suas notas eram medíocres, em suma, ele agia como um salvador da luz. Aquele não era Harry. Qualquer tolo poderia ver isso.

- Eu tinha todo o direito.- ele respondeu. Foi com alguma diversão que Tom notou a raiva de Harry com o comentário. Era intrigante observá-lo, o menino era realmente um enigma.

As emoções que ele mantinha tão claramente para o mundo ver eram inegavelmente Grifinória, mas a maneira como ele as expressava era puramente Sonserina.

Ah, Tom via muito de si mesmo em Harry. Ele tinha tanto potencial. Era apenas uma questão de tempo. Se a luz o empurrasse para longe, para onde ele poderia ir, exceto o escuro.

Brilhante, mas tão simples. Claro, ele tinha que ter cuidado para não se envolver demais. Harry era extremamente leal, mas se essa lealdade fosse perdida, mesmo uma vez, ela se foi para sempre.

Às vezes, Tom não conseguia decidir se eles eram gêmeos separados no nascimento (Harry obviamente sendo o separado, a ideia de ser um Potter era revoltante) ou opostos polares. Ele sorriu com o pensamento.

- Você realmente vai defender o desrespeito e as mentiras dela?- Tom perguntou. Ele estava genuinamente curioso, mas também não se importava tanto.

- O que você quer?- Harry perguntou. Tom manteve suas feições neutras com perícia, escolhendo apenas curvar os lábios ligeiramente.

- Eu quero muitas coisas, algumas das quais você está ciente.

- Não seja tímido. Não combina com você.

- Ensine-me melhor então.- ele retrucou, sabendo que Harry nunca aceitaria a oferta. Ele era muito cauteloso, muito experiente para cair em uma armadilha tão sedutora. Não, com Harry, era um jogo completamente diferente. Era mais sutil, os movimentos exigiam muito mais sutileza e crueldade. Um paradoxo, mas tudo neles não era um paradoxo?

Ainda assim, Tom não pôde deixar de sentir uma leve decepção quando Harry lhe lançou um último olhar, antes de pegar suas coisas e ir embora. A melhor coisa sobre Harry? Nenhum deles teve que fingir.

  ✓

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now