Capítulo 43

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Harry esperava que com a habilidade de Tom em Oclumência, houvesse uma barreira quase imediata que o faria voltar para sua própria mente.

Em vez disso, foi...estranho. Harry estava na mente de Tom, disso ele sabia, mas não havia lembranças, nem pensamentos. Ele estava vagamente ciente de seu corpo caindo no chão, antes de perder a conexão quando as paredes se fecharam em torno dele. Oh Deus. A oclumência de Tom era realmente fenomenal. Ele estava aplicando enquanto Harry já estava em sua mente, daí em diante prendendo-o lá, mas não permitindo que visse nada...e caramba.

Se sua mente estava na de Tom, certamente isso significava que o jovem Lorde das Trevas poderia ler todos os seus pensamentos e memórias como se fossem seus?

Abruptamente, Harry tentou abrir caminho para fora dos escudos de Tom. Isso foi estranho também. Ele não tinha um corpo, então o movimento era...Harry chamava isso de movimento, mas...as mentes eram confusas. Um momento depois, ele sentiu, a sensação estranha e horrível de alguém vasculhando vagarosamente seus pensamentos.

Como Tom foi capaz de fazer isso? Isso não era normal. Legilimência e Oclumência não deveriam funcionar assim...a menos que...fosse porque Harry era um horcrux? DROGA! Por que ele pensou nisso? Quando ele estava praticamente transmitindo seus pensamentos? Era como se alguém lhe dissesse para não pensar em elefantes cor-de-rosa. Harry simplesmente não conseguia evitar seu processo de pensamento.

Ele sentiu Tom congelar e quase gemeu. Oh sim, o outro estava definitivamente ouvindo todos os seus pensamentos. Harry tentou outro empurrão frenético; mas ele não sabia como trabalhar sua mente nas artes mentais. Ele não conseguia controlar, era apenas um movimento desajeitado e ineficaz. Tom rebateu como se não fosse nada, quase rasgando sua mente agora.

Ele alcançou a memória segundos depois, a cena passando por seus olhos.

No momento seguinte, Harry estava de volta ao seu próprio corpo, piscando para o teto.

Bem, isso não funcionou.

Harry supôs que Tom havia adivinhado o que ele iria fazer e planejado contra isso. Sua varinha caiu no chão da sala de aula quando seu aperto afrouxou, e agora ele se lançou para tentar pegá-la. Tom se moveu ao mesmo tempo, colocando o pé sobre o pedaço de madeira no momento em que sua mão envolveu o cabo.

Ambos pararam por um momento. Então Tom se agachou, ainda mantendo o pé sobre a varinha de azevinho, colocando-os no mesmo nível. Harry sentiu seu corpo ficar tenso.

- Uma horcrux?- Tom questionou, os olhos brilhando de fervor e excitação.- Você é uma das minhas horcruxes? Quero dizer, eu tinha suspeitas, mas...

- Você tinha suspeitas?- Harry repetiu perigosamente.- Você sabia? Nossa, isso explica muita coisa!- ele sente uma onda de desgosto.

Tom pareceu tomar consciência dele como uma pessoa ativa e consciente em sua resposta.

- Eu sabia que havia...algo sobre você. Você é um ofidioglota, mas eu nem pensei até muito recentemente que poderia ser por causa de...Salazar.- a cabeça de Tom se inclinou de repente, seu olhar se aguçando.- O que você quer dizer com 'isso explica muita coisa?'- ele exigiu.

- Bem, é por isso que você está aqui, não é? A horcrux, eu sendo uma, é disso que se trata.

Harry provavelmente não deveria ter se sentido tão insultado. Não era como se fosse logicamente por qualquer outro motivo. Ele tentou puxar sua varinha, mas não funcionou porque ele estava muito preocupado em danificá-la acidentalmente.

- Harry, eu acabei de dizer que não sabia que você era uma horcrux. Até muito recentemente eu não desconfiava.- disse Tom, parecendo irritado.- E mesmo se eu soubesse, se a horcrux fosse tudo o que me interessasse, então por que eu me incomodaria com tudo...isso? não danifique a si mesmo e, portanto, a horcrux.

Os olhos de Harry se arregalaram ligeiramente com horror. Tom sorriu. Houve uma pausa concisa na conversa. Sua garganta estava seca.

Uma multidão de perguntas guerreava por pedir espaço em seus lábios. Por que você iria querer ser imortal? Como você descobriu? O que você vai fazer agora? Você não consegue ver como as horcruxes estão erradas? A mais urgente escapou primeiro.

- Você pode se livrar dela?

- Com licença?- a mandíbula de Tom se apertou.- Livrar-se dela? Não estou destruindo minha própria alma.

- Você já fez, ou vai fazer, tanto faz.- Harry rosnou.- Você rasgou em pedaços.

- Eu não espero que você entenda.- Tom retrucou.- De qualquer forma, esse assunto é irrelevante. Não vou me livrar dela, por que iria? E você também não.- a convicção violenta na voz do herdeiro da Sonserina causou arrepios em sua espinha.

- Ou o quê, você vai me matar?- Harry perguntou, apenas meio brincando.

- Mais uma vez, Harry, por que eu destruiria minha própria horcrux?- Foi assustador o quanto Tom estava entusiasmado e encantado com a ideia de Harry ser uma de suas horcruxes. Não era um bom presságio.

- Eu não quero isso.- ele rosnou.

- Eu não me importo.- Tom respondeu sombriamente.

- Então, você vai apagar minha memória?- Harry perguntou friamente. Tom o encarou por um momento.

- Não.- ele disse, finalmente.

- Sim, seria terrível bagunçar minha mente agora que sou uma horcrux, não é?

- Harry.- a língua de cobra continha um tom suave e sibilante de advertência.

- Caramba!- Harry respirou profundamente, acalmando-se.- Solte minha varinha.- ele ordenou, com os dentes cerrados.

- Você não vai precisar dela.- disse Tom. Harry quase se encolheu. Era como uma lembrança distorcida de seu segundo ano...Tom Riddle na câmara. Horcrux. Presa de Basilisco…

- Eu me livrei delas.- disse Tom. Harry olhou para cima para ver o outro observando-o atentamente.- As presas do basilisco.- se ele não conhecesse o sentimento de legilimência...

- É realmente assustador quando você faz isso.- afirmou irritado.

- Você é fácil de ler.- Tom respondeu com desdém, embora sua expressão fosse dura.- Você não vai se livrar dela. Eu não vou deixar.

- Eu gostaria de ver você me parar.- Harry rosnou. Tom arqueou as sobrancelhas.

- Você gostaria?- ele questionou, seriamente.- Realmente?

O silêncio parecia se estender, um vasto horizonte de incerteza.

- Por que você iria querer ser imortal?- Harry perguntou ao invés disso.

- Por que eu não iria querer?- Tom retrucou.

- Tom...

- Eu não quero morrer.- Tom continuou calmamente. Aqueles olhos penetrantes encontraram os seus.- O que há para mim? Inferno? Danação eterna? Vou passar, obrigado.- Harry abriu a boca para falar.- E a alternativa? Eu sei o que você vai dizer, então não me diga que pode não ser assim. Uma eternidade de nada, possível consciente, mas incapaz de fazer qualquer coisa! Como se fosse melhor. É um inferno de qualquer maneira que você olhe.- sua voz se aquietou novamente.- Sem falar que ainda tenho muito o que fazer. Uma vida é muito curta.

Algo nele doeu com as palavras do jovem Lorde das Trevas.

- Você já pensou nisso.- ele murmurou.

- Eu morei em Londres durante a blitz. Tive tempo e motivação para pensar nisso.

- Mas horcruxes?- incredulidade coloriu sua voz. Horror e medo.- Dividir sua alma? Sem falar que a vida nem sempre é tão boa...e a imortalidade? Imagine ver todos com quem você se importa morrerem repetidamente enquanto você permanece o mesmo, congelado em um mundo em constante mudança. Isso soa como o inferno também.

- Vou arriscar.- declarou Tom, com um ar de conclusão em sua voz. Ele estava encerrando a conversa e o assunto.- Vamos assistir suas aulas, meu querido horcrux.

- Não me chame assim! Merlin, acho que prefiro 'Menino de Ouro'.

Isso foi um pesadelo.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now