Capítulo 68

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Harry retornou para o quarto compartilhado.

Tom o olhou brevemente quando ele entrou, antes de voltar seu olhar para a janela, observando as ruas de Londres.

A janela estava aberta, uma brisa fresca soprava pelo quarto.

Harry se aproximou, juntando-se a ele, descansando as costas contra a vidraça onde Tom estava apoiando os braços cruzados. Tom olhou para ele novamente. Harry levantou uma sobrancelha.

- O que?- Tom questionou inocentemente, mas seus olhos estavam brilhando.

- Sirius acabou de conversar comigo sobre como devo tomar cuidado com você. Não acho que você tenha causado uma boa impressão.

Tom continuou parecendo divertido com isso, embora seu tom de voz fosse quase perfeito em sua preocupação fingida, assim como seu suspiro.

- Oh, não, sério? Devo ir dar-lhe algumas flores?

Harry riu da imagem, antes de ficar sério.

- Por que você está agindo assim?- ele perguntou.- Você não morreria se desse uma chance a eles.

A cabeça de Tom se inclinou, examinando-o atentamente, apesar do sorriso casual em seus lábios.

- Provavelmente não, mas o esforço para ser legal pode ser doloroso, e você é masoquista o suficiente por nós dois.- ele respondeu.

- Eu não sou um...-  Harry começou, enfurecido, antes de apenas balançar a cabeça, cruzando os braços e examinando as costas do outro, tentando ignorar a palavra 'órbita' flutuando em sua cabeça.- Você quer saber o que eu acho?- ele questionou em vez disso.

- Não particularmente.- disse Tom secamente.- Mas isso nunca o impediu antes.

- Eu acho que você está testando eles.- Harry persistiu obstinadamente.- Você está os avaliando, mas variando sua personalidade para que eles não possam fazer isso de volta.

Tom apenas se virou para a janela em resposta, nem confirmando nem negando sua declaração, mas desta vez, Harry tinha certeza de que estava certo e sorriu interiormente em vitória silenciosa.

Afastou-se da janela novamente, enfiando as mãos nos bolsos, e foi essa autoconfiança que fez Tom se virar para observar seus movimentos, curiosamente.

Harry tirou a mão abruptamente do bolso quando sentiu algo metálico e frio...o medalhão. Estava inocentemente em sua mão.

A autoconfiança desapareceu mais uma vez, substituída por um milhão de incertezas.

- O que o 'S' significa?- ele perguntou, com um vago interesse, mas mais para preencher o silêncio.

- Sonserina.- Tom respondeu.- Era da minha mãe.

- Você não quer?- ele perguntou, incrédulo que Tom não o faria, ele odiava sua família, e havia declarado o desejo de matá-los (e os assassinou na linha do tempo de Voldemort), mas ele também estava fascinado por sua própria ancestralidade.

Harry podia entender isso, quando criança, ele se sentava no armário imaginando sua família por horas a fio na escuridão.

- Claro.- disse Tom, sua voz estranhamente monótona.

Harry o estendeu imediatamente, uma oferta

- Então pegue, é seu.- disse ele.- Eu ia dar a você como um presente de Natal de qualquer maneira, quando pensei que ainda era só um medalhão.- Tom não fez nenhum movimento, apenas o observou.- Tom, é seu, pegue.- Harry insistiu, confuso.

Tom sorriu ligeiramente, amargamente.

- Não posso.- disse ele.- É uma Horcrux, o que significa que contém parte ou uma variante da minha alma.- o Sonserino mais velho riu baixo, sem alegria.- O paradoxo ainda não é nulo, Harry. Não posso tocar na coisa.

Harry mordeu o lábio, sentindo seu peito doer, antes de tomar uma decisão momentânea da qual imediatamente se perguntou se iria se arrepender, mas não conseguiu determinar naquele momento.

Ele enrolou o medalhão em volta do próprio pescoço, o ouro pesado assentando-se acima de seu coração.

- Então eu vou mantê-lo até que você possa.- disse ele, com um tom de promessa.

- Descanse um pouco.- Tom instruiu depois de um minuto, calmamente.- Você parece exausto...e não use o feitiço silenciador.

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Harry acordou com o choque terrivelmente familiar de despertar de um pesadelo.

Algo estava em seu peito, algo queimando, quente e abrasador e...sumiu, os gritos morreram em sua garganta, seus olhos lacrimejando movendo-se febrilmente ao redor do quarto, antes de se fixarem em Tom.

O herdeiro da Sonserina estava sentado ao lado dele, a Horcrux levitando alguns centímetros acima de sua mão. Harry engasgou profundamente para respirar, os olhos semicerrados.

- Eu pensei que tinha dito para não usar o feitiço silenciador.- Tom repreendeu, asperamente.

Harry lutou para se sentar, uma mão indo automaticamente para a estranha sensação em seu peito, apenas para seu olhar se desviar.

Havia um buraco enorme em sua camiseta, uma cicatriz feia em seu peito.

Seus olhos se voltaram para Tom novamente, e a Horcrux, todo o seu corpo tremendo.

- Você disse que não iria me machucar.- disse ele, soando meio acusador, sem saber por que se sentia tão...traído.

- Eu também disse para você não usar um feitiço silenciador.- Tom rosnou, antes que sua voz se suavizasse.- Eu tive que arrancar o medalhão do seu peito, aqui, você pode tê-lo de volta agora.- Tom o deixou cair em seu colo e Harry o pegou automaticamente, embora cauteloso.

- O que...er...aconteceu?- ele questionou, sua respiração começando a se regular novamente, sua garganta doendo de tanto gritar.

- Usar o feitiço silenciador significa que ninguém pode te ouvir gritar.- Tom disse, muito levemente.- O que significa que ninguém te acorda, o que significa que sua magia corre desenfreada até estilhaçar o feitiço em um esforço para conseguir ajuda, e geralmente envia sinais de socorro devido à sua dor…e quando você usa uma Horcrux que tem a mesma alma e, portanto, os mesmos pensamentos que eu, presumivelmente, ela tenta acordá-lo antes que você cause ferimentos...um medalhão não pode sacudi-lo fisicamente para te acordar como eu faria, então...- Tom acenou com a mão em direção ao seu peito para terminar sua explicação.- Portanto, não use o feitiço silenciador. Eu já lhe disse mil malditas vezes.

- Eu tenho usado feitiços silenciadores por anos.- Harry disse, mal-humorado.- Isso nunca aconteceu antes.- ele encolheu os ombros defensivamente.- Além disso, você não me disse como a Horcrux reagiria!

Harry ainda se sentia exausto por causa do pesadelo. Ele olhou para o medalhão dourado, mais uma vez em sua mão, inocente e despretensioso, apenas uma joia bonita.

- Por que essa coisa se importa? O diário não teria dado a mínima.

Tom franziu a testa marginalmente, parecendo sem resposta pela primeira vez em relação às Horcruxes, antes de seus olhos começarem a brilhar.

- Eu não sei...- Tom disse.- Por que não perguntamos?

- O quê? Tom...- Harry começou, entrando em pânico repentinamente, além de estar distraidamente agradecido por não ter acordado a casa inteira.

- Abra.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now