Capítulo 61

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O coração de Harry parou de bater por um momento, o medo criando um lar em seu âmago.

Levou alguns momentos para que as palavras de Hermione realmente fossem absorvidas, antes que ele olhasse exigente para os professores, chocado demais para falar.

Ele já não deveria saber disso por causa da conexão? Era uma cobra, tinha que ser Voldemort.

Eles o observavam com pena, embora a expressão de Snape estivesse indecifrável como sempre.

Ele engoliu um nó na garganta, olhando para Tom, sem saber o que ele estava procurando nas nuances do semblante do outro. Ele olhou de volta para McGonnagal.

- Mas ele vai ficar bem, não vai?- ele gaguejou.- Quero dizer...como isso aconteceu? Quando? Os Weasleys estão bem? Posso vê-los?

- Harry.- McGonnagal começou, gentilmente.

- Os Weasleys desejam algum tempo sozinhos para lamentar.- Snape falou.

Lamentar...merda. Não. Não. Não. Não pode ser...Sr. Weasley...Hermione se dissolveu em uma nova onda de lágrimas. McGonnagal lançou a Snape uma expressão escandalizada, presumivelmente por ter dado a notícia dessa maneira.

- Ele está morto?- Harry ficou boquiaberto.- Mas ele não pode ser...deve haver algum tipo de engano...quando?- ele demandou.

- Mais cedo esta noite.- McGonnagal disse, suavemente.- Sr. Potter, sinto muito.

Harry fechou os olhos com força. Isso não poderia estar acontecendo. Ele deveria ter sido capaz de evitar, de alguma forma. Ele olhou para Snape, sabendo que o homem lhe daria uma resposta direta.

- Será que ele teria sobrevivido se alguém soubesse sobre o ataque e alertasse sobre isso antes? Presumo que vocês tenham demorado um pouco para encontrá-lo?

Harry odiava o quão clínica sua voz soava, o quão vazia de qualquer coisa.

O olhar de Snape brilhou com algo incompreensível, antes que o Mestre de Poções concordasse. Harry assentiu com força, grato pela honestidade.

- Talvez você devesse ficar sóbrio agora, Sr. Potter.- Snape disse.- Sr. Riddle.

Ele assentiu novamente e McGonnagal apertou seu ombro. Hermione ainda estava soluçando, e ela se agarrou a ele desajeitadamente.

Ele não sabia como confortá-la, o que dizer, como melhorar. Foi culpa dele. Tudo culpa dele. Ele tinha que fazer Tom terminar de derrubar a barreira, o paradoxo já a havia enfraquecido a ponto de Voldemort se infiltrar quando queria, ou quando Harry estava dormindo. Ele não podia se dar ao luxo de não saber sobre essas coisas. O Sr. Weasley estava morto...e ele estava em um restaurante se divertindo.

O vinho ameaçou subir de volta para fora de sua garganta.

Ele voltou para a sala comunal da Sonserina algum tempo depois, apenas querendo rastejar em uma bola e morrer.

A viagem foi feita em silêncio, embora ele sentisse o olhar de Tom sobre ele tão afiado quanto agulhas. As masmorras estavam vazias, todos já tendo ido para a cama.

Ele não conseguia se obrigar a segui-los. Ele não merecia dormir. Ele não queria dormir. Doeria mais quando a barreira fosse derrubada, mas essa era sua penitência.

- Eu quero que você tire a barreira de Oclumência.- ele disse, suavemente, continuando aquele pensamento em voz alta, olhando para o fogo.- E estou interrompendo as aulas de Artes da Mente. Deus, isso é tudo culpa minha!

- Que o traidor de sangue morreu?- Tom questionou desapaixonadamente. Harry se virou para encarar o sonserino, que arqueou uma sobrancelha.

- Ele não é um traidor de sangue.- Harry rosnou.- Arthur Weasley foi um grande homem!

- Isso não o impede de ser um traidor de sangue e um amante dos trouxas, e nem de estar morto.- Tom encolheu os ombros.- Pelo contrário, se ele não consegue nem se proteger de uma cobra...

Harry não pensou, lançando-se para frente em um ataque, os lábios retraídos de uma maneira quase selvagem. Eles estavam caindo no chão, lutando, se debatendo e xingando e...então ele estava preso, Tom montado nele com uma expressão indecifrável, olhos brilhando.

- Fisicamente e emocionalmente comprometido, assim como bêbado...não é uma boa combinação, querido.- Tom comentou.

- Saia de cima de mim.- Harry rosnou.- Juro por Deus que é melhor...

- Na verdade, vou ficar aqui até você se acalmar.- interrompeu Tom, observando-o como se fosse um espécime particularmente interessante em um laboratório.

- Acalmar?- Harry respirou furiosamente, tentando atacar novamente.- Acabei de descobrir que ele...- ele engasgou com as palavras, fechando os olhos brevemente.

- Morreu?- Tom ofereceu, em um tom de voz útil. Harry se encolheu.

- Pare com isso.- ele alertou, desesperadamente.

- Ou o que?- Tom ousou, sorrindo ligeiramente.- Caso você não tenha notado, sou eu quem está no controle aqui.

- Você não pode me dar um tempo?- Harry estalou, sua voz falhando ligeiramente.- Ele está morto e a culpa é minha...

- Para alguém que acredita na justiça tanto quanto você.- Tom meditou.- Você é bastante arrogante.- Harry balbuciou, entorpecido, sem saber se tinha ouvido direito. A imprecisão do álcool não era mais apreciada.

- Com licença?- ele demandou. Sua cabeça doía com essa conversa.

- Para alguém que acredita na justiça tanto quanto você.- repetiu Tom.- Você é bastante arrogante. Realmente, o que diabos lhe dá o direito de reivindicar o crédito pelas ações de Voldemort?

Harry olhou, com os olhos arregalados, para o herdeiro da Sonserina.

- Eu...- ele começou, sabendo que provavelmente parecia ridículo.- Mas eu deveria ter sido capaz de impedir isso.- disse ele.

Tom inclinou a cabeça, a imagem do ceticismo.

- Tudo sem saber o que estava acontecendo, imagino.

- Eu deveria saber!- Harry retrucou, irritado. Tom simplesmente não entendeu!- Eu tenho uma maldita ligação mental com o mmmph...- suas palavras foram interrompidas quando Tom pressionou a mão sobre sua boca, presumivelmente para calá-lo. Ele o encarou. Que diabos?

- Então você pode dizer o que estou pensando agora?- Tom questionou.

Por fora, ele ainda parecia divertido, mas Harry estava rapidamente percebendo que qualquer entretenimento que Tom mostrara desde que eles entraram na sala comunal não era totalmente verdadeiro.

Ele percebeu pelas ações de Tom que ele não estava completamente sóbrio.

Isso não ia ser bom.

Tom soltou a boca, os dedos se enrolando em seu cabelo. Harry suspirou.

- Eu não estou tendo essa conversa com você agora.- disse ele, tentando freneticamente ser razoável em vez de sucumbir ao impulso da raiva.- Eu bebi demais e eu...- ele parou. Estou de luto. Em choque. Algo. Ele não sabia. Tudo o que sabia era que iria atacar a pessoa mais próxima a ele e, atualmente, era Tom.

Tom era um gênio. Ele tinha que saber disso. Ele tinha que...oh.

- Por que você está tentando me fazer te atacar?- Harry questionou.- E pule a parte enigmática porque estou muito cansado para lidar com isso.

- Porque sou um sádico e gosto de te ver sofrer.- disse Tom preguiçosamente.- Suas reações são altamente divertidas.- Harry estreitou os olhos. Tom suspirou, soando muito sofrido, inclinando a cabeça para trás.- Estou bêbado, Potter. Bebi pelo menos meia garrafa de vinho de uma só vez e, honestamente, nós dois sabemos perfeitamente bem que, uma vez que você esteja realmente pensando coerentemente, vai se fechar e engarrafar tudo até se matar...e embora ver você se quebrar em um milhão de lindos pedacinhos seria interessante, ainda não terminei de brincar com você. Satisfeito com essa resposta?

Harry piscou.

Ele culpou o álcool e a negação entorpecida em suas veias pelo que aconteceu a seguir.

O Favorito do DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora