Ato I: Elo

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Boa noite! Outro grande capítulo para vocês. Favoritem e comentem para deixar uma autora feliz porque a autora feliz, automaticamente, vocês vencem. Tenham uma boa leitura e aproveitem o Ato I.

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A deusa da Boa Morte fazia seu trabalho com todo amor que poderia existir dentro de si. Só os mortais mais bondosos eram dignos de ter sua presença. Os juízes do Mundo Inferior a respeitavam por isso; quase nunca, Macária escolhia pessoas que não fossem dignas da Ilha dos Afortunados. Essa era a parte de si que amava ser uma divindade, os que foram tão bons em vida que morriam em paz, com a certeza de que fizeram tudo ao seu alcance para serem bons sem olhar a quem.

Outra parte de si, pensava que amava-os o suficiente para querer conviver e essa era sempre a parte perigosa e que constantemente era lembrada sobre seus deveres. Pensava sobre isso enquanto observava a senhora colocando seus netos, crianças de dez e seis anos para dormir com um beijo terno na testa. Acompanhou, invisível, a senhora se sentar na cadeira da varanda de sua casa de campo. Suavemente, deixou sua presença acolhedora perceptível.

— Senhora Jilly? – Chamou gentilmente, ficando de frente para a senhora idosa em seus 108 anos.

— Quem é você? – Perguntou, sem forças para se assustar.

— Uma amiga. Por favor, venha comigo. – Estendeu a mão. Seus olhos eram quentes quando as asas feitas de puro ouro se manifestaram, farfalhando em suas costas.

— Oh, eu morri? – Jilly estava tranquila e serena com a possibilidade, fazendo a Boa Morte sorrir.

— Sim... Não precisa ter medo. Foi uma boa pessoa, e será recompensada por isso. Venha. – A senhora estendeu a mão e tocou a palma da mão da deusa.

A Boa Morte, Macária, que algum dia seria conhecida como Camila, tinha o toque sensível, aconchegante e quando os braços envolveram a senhora, recolheu o espírito dela. E ali estava, a imagem, outrora, jovial da senhora Jilly, sorrindo para a Boa Morte e olhando para si mesma em vitalidade.

— Eu sei... A morte é uma dádiva, não é? Não há nada o que temer. Estarei contigo até o final. – A Boa Morte impulsionou a Jilly pelo caminho escuro que se desenrolava à frente delas.

— Para onde eu vou? Para onde todos vão? – Curiosa, a senhora perguntou. A Boa Morte balançou a cabeça negativamente.

— Mortais sempre passaram a vida questionando seus lugares no mundo, mas todos eles tem quase o mesmo destino. Você, com sorte, estará na Ilha dos Afortunados e se assim o desejar, vai poder escolher renascer três vezes. – Contou, observando a criatura de armadura preta e espada empunhada guardando as portas do palácio de seu pai. — Será julgada pelos três juízes, mas eu ainda estarei com você.

A Boa Morte nunca abandonava uma alma que buscava. E ela assim cumpriu sua palavra. Ouviu os juízes julgarem a alma de Jilly e sentenciar seu lugar no Mundo Inferior. Acompanhou-a até os Campos verdejantes de Elísios, então teve que partir porque a próxima alma a esperava.

Atualmente

Lauren resistiu por mais dois dias, e então decidiu tentar. Ela parou de evitar sentir as coisas que normalmente sentia, de se reprimir. Ainda era a mesma mulher estóica em seu exterior, mas agora ela tinha consciência de que estava deixando Camila ciente de tudo o que se passava dentro de si. A dor amenizou, mas parecia só ser erradicada para Lauren, quando ela estava ao lado de Camila por causa das reuniões ou eventualmente trocando uma ligação ou outra planejando algo da exposição.

A convivência ainda se mantinha... Complicada, e estavam sendo obrigadas a se tolerarem sem realmente se machucar. Era mais do que poderiam pedir. Os deuses envolvidos naquilo sabiam tão perfeitamente bem que elas não seriam capazes de ignorar o que estavam sentindo. Foi fácil toda aquela brincadeira de sabotagem no início, mas não mais. Lauren não conseguia pensar em uma revanche, sem imaginar que acabaria se machucando. Camila estava tentando amenizar seu próprio rancor. Elas estavam em uma nova luta agora.

A GregaWhere stories live. Discover now