Ato VIII: Amor Divino

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Boa noite! O aniversário é meu, mas vocês recebem o presente. Favoritem e comentem para me alegrar. E ah, só revisei até a metade do capítulo porque perdi a paciência. Boa leitura.

*ATENÇÃO: Lembrem que é um capítulo do ponto de vista de uma mulher grávida passando por um recente processo de trauma e depressão. O ponto de vista da Lauren é válido, mas não o único, e o mesmo para o outro lado.

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Eu acordei abraçada com o travesseiro de Camila, tinha o cheiro dela, mas era totalmente insatisfatório. Não senti vontade de levantar da cama porque está tão difícil quanto todos os outros dias que se seguiram desde que Ícaro desencadeou uma crise tão forte que achei ter matado minhas filhas. Se eu não me movesse, eu não quebraria. Não abri os olhos e só suspirei, tentando voltar a dormir. Foi totalmente inútil por longas horas, mas ainda deitada e de olhos fechados.

Foi no raiar da luz do dia que senti a mão quente e pequena da minha noiva no meu rosto, acariciando, tocando os fios do meu cabelo. Revelei estar acordada ao suspirar com o beijo depositado na bochecha. Gostaria de puxá-la para cama e abraçar seu corpo até a sensação de letargia desaparecer.

— Acabou, minha eternidade. – Ela sussurrou no meu ouvido, roçando os lábios na minha orelha. O beijo era suave em meus ouvidos, um alento durante a minha sonolência e angústia. Não soube do que ela estava falando de início.

Minha noiva sumiu durante a madrugada e me deixou sozinha sem o calor de seu corpo, sem rastros. Ela se tornou meu suporte nas semanas que se passaram e encontrei dificuldade de ficar sem ela essa noite. Quis chorar por algumas vezes. Deuses... Como eu passei por isso sozinha tantos anos atrás? Como aguentei tanto? Mesmo sem alma, dói tanto que gostaria de arrancar meu coração do peito, então como era tão inerte? Uma sensação de angústia não parecia capaz de desaparecer.

— Ícaro não pode mais machucar você e nem nossas princesas. – Ela anunciou, em voz baixa, acariciando meus cabelos. — Você pode dormir em paz todos os dias de sua vida a partir de agora e saber que ele teve o que merece.

Eu abri meus olhos sonolentos. Tenho sono por conta da gravidez, mas não consegui dormir com a angústia no meu peito. Minha mente sempre tão rápida, agora trabalha com mais lentidão por querer apagar temporariamente. Ainda, olho para minha noiva que sorri para mim e acaricia as maçãs do meu rosto.

Minha ficha caiu.

Minhas lágrimas escorreram pelo meu rosto, grossas e livres. Meu coração começou a bater acelerado quando sufoquei um soluço. Camila colocou os braços ao meu redor, e eu chorei nos ombros dela por longos minutos. Chorei minha angústia, a dor que sentia pela vida que levei, e também chorei de alívio enquanto ela me dizia que agora realmente acabou.

— Está tudo bem, pode chorar. – Os dedos suaves e carinhosos massageavam meus cabelos. Apertei minha mulher nos braços, e me permiti chorar até que não houvesse mais o que chorar. — Eu estou aqui.

O choro começou a cessar depois que Camila parou de falar e apenas acariciou meu cabelo. A angústia no peito desaparecia lentamente e o alívio continuava presente. Eu chorei até que não restasse nada, e minha noiva ofereceu seus braços pacientemente. Quando afastei o rosto de seus ombros, os dedos enxugaram as lágrimas da bochecha e depositou um beijo terno nos meus lábios.

— Obrigada. – Eu limpo a garganta. Camila olha para minha barriga e pressiona um beijo no inchaço onde as gêmeas parecem quietinhas agora, como se tentassem não incomodar meu estado de espírito.

— Ele teve o que merece, e vai ter pela eternidade enquanto te vê reinando ao meu lado. – Camila falou, e arrepiou minha pele porque era poderoso ouvi-la falando assim. — Eu tinha esquecido como era agir com autoridade o suficiente para ser uma deusa e mandar alguém para onde merece por insulto.

A GregaWhere stories live. Discover now