O Jardim de Perséfone

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Boa noite! Primeiro de tudo, desculpem o horário da postagem, não consegui postar mais cedo. Peço para que leiam as notas finais porque são importantes. Favoritem e comentem para incentivar uma autora que tem sérios problemas de baixas em estímulos cerebrais. Boa leitura com esse capítulo de 20k de palavras! 

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Eu estou na frente do espelho de corpo, sem sutiã, mas com calça jeans escura. Eu estou mais robusta do que era antes; essa é a forma completa de um anjo e toda a sua magia estava sobre como esse corpo poderia comportar as imensas asas douradas. Racionalmente, eu sei que não estou com o físico um pouco mais forte porque tenho uma genitália masculina, mas para comportar as asas sem ficar com as costas praticamente curvadas como antes. Minhas costas estão eretas, as asas fechadas, um pouco mais de definição dos membros do meu corpo.

Estou tensa, mas quando olho para baixo, vejo como a calça feminina não possui nenhum volume por questão de pressão e posição. E essa avaliação me coloca um pouco paranóica quando olho para os meus seios. Eles são pequenos, tenho mais quadril e bunda. Eu deslizo a mão pela minha barriga, também não pareço magra o suficiente. Eu não gosto do meu corpo e me sinto mal com ele.

Conciliar o que sou como deusa enquanto tenho essa mentalidade humana que foi treinada por quarenta e dois anos a ter a aparência perfeita, a sorrir quando precisava e ser bem vista, é a coisa mais difícil dos meus dias. Eu não tinha problemas com o espelho tanto quanto tenho agora. Odeio minha própria imagem.

Lentamente, eu tampo meus seios com a mão, mudando o ângulo para me olhar, mas nada parecia bom o suficiente. Eu observo as asas douradas se encolhendo quando escolho por fazer isso; sinto elas entrarem dentro dos meus ossos, mas esse corpo é tão poderoso que nem mesmo pisco ou faço o esforço que fazia só para deixá-las invisíveis antes. É incômodo deixá-las dentro das minhas costas, mas nesses momentos em que estaria em público, era necessário.

Sem as asas, a coisa que Lauren mais gostava de admirar, me sentia ainda mais constrangida. Ela amava as asas douradas, nisso eu acreditava. Elas eram bonitas, talvez as únicas partes bonitas do meu corpo no momento. Recolher não estava sendo algo agradável. Quando eu consigo ter a visão das costas, não tem nenhuma cicatriz, apenas a definição como se eu tivesse, algum dia, usado algum equipamento para malhar. E eu nunca fiz academia na vida.

Na Lauren, esse biotipo definido era lindo, mas em mim me parece feio. Frustrada, peguei o sutiã preto de renda e coloquei, dando as costas para o objeto que refletia minha imagem. Foi quando Lauren entrou no quarto.

— Achei que já estivesse pronta. – Ela comentou, me olhando dos pés à cabeça. O olhar dela me incomoda.

Eu preferia ser uma pantera negra, se isso não significasse que poderia arrancar a cabeça da minha noiva ou do meu filho e enteada. Qualquer coisa para não receber esse olhar que me faz sentir pouco desejada. E não queria exercer o diálogo sobre o assunto. Lauren iria me dobrar na lábia maldita dela, alegando que não estava querendo me pressionar porque eu não queria ser tocada, mas na verdade era muito provável que ela perdeu o desejo por mim.

Peguei a camisa de botões e coloquei, abotoando e olhando para Lauren que parecia impecável para trabalhar como sempre. É muito cedo ainda, e ela iria me levar para o meu trabalho antes de ir para o dela.

— Você parece triste. – Lauren comentou cuidadosamente, então eu forcei um sorriso, pegando o sapato de salto e colocando nos meus pés.

— Eu estou bem! – Digo, me movendo no quarto, mas sinto suas mãos segurarem a minha cintura. Sua mão direita segura a lateral do meu rosto, e os olhos verdes me olham profundamente.

A GregaWhere stories live. Discover now