Ato III: Guerra e Almas

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Boa noite!

Bom... esse capítulo dispensa a necessidade da opening cold, mas no próximo, voltamos para a primeira cena sendo flashback. Favoritem e comentem para animar a autora desanimada. Boa leitura e espero que gostem!

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Muitas coisas aconteceram desde que Camila desapareceu no Mundo Inferior por vários dias e eu não obtive respostas de seu paradeiro. Confesso que fiquei preocupada, e inclinada a pensar que algo grave tinha acontecido... ou ela apenas não queria me atender. A última parte, eu já sabia que não era por isso porque era capaz de sentir que meu elo com Camila estava muito silencioso. Como um rádio com a estação vazia.

Nos primeiros três dias que não a senti da forma convencional, me convenci de que estava de tudo bem, porém... Em alguns dias a mais...

Eu nunca usei nenhum tipo de substâncias químicas, nunca fui nem mesmo conhecia a sensação de chegar tarde da noite em casa, alcoolizada e totalmente fora de mim. Não... Sempre admirei em mim mesma, a capacidade da minha genialidade enquanto sóbria. Mas conheci essa sensação, e eu não acho que exatamente isso que um dependente químico sente em abstinência. Nunca sentiriam o que senti.

Não era uma sensação que eu necessitava dessa coisa como uma viciada, uma dependente incorrigível. Era como se minha alma estivesse sendo arrancada do meu corpo para ser severamente torturada, e quando eu procurava por Camila na minha mente, não tinha nada além de um vislumbre insuficiente. É como se nosso elo estivesse prestes a se romper, e eu poderia perecer por isso.

Meus dias nunca foram tão longos, e tentei manter a naturalidade porque já estou acostumada com esse tipo de vazio. Me sentir preenchida e depois não ter nada, quebrou um coração que eu nem imaginava ainda estar vivo depois de tudo. Foi quando comecei a cogitar investigadores para saber o paradeiro de Floros, mas me contive porque não fazia sentido. Em algum momento, era como se Camila estivesse morta.

Olympia entrou em contato comigo e me pediu para conhecer meus filhos. Hesitei em permitir, mas estava tão doente que não tive forças para recusar o convite. E não foi surpresa quando meus filhos se deram bem com os filhos gêmeos de Olympia. Ainda estava muito longe de perdoá-la, mas entendo que Altair foi privado de uma parte de sua família que ele deveria fazer parte. Ao menos, a parte boa.

Minha irmã me venceu pelo cansaço: passei a ter contato com ela de maneira controlada e esporádica, mas nunca com seu esposo porque sei muito bem que devo ficar longe daquele homem totalmente. Em algum momento, Olympia confessava que sabia das traições de Andreas porque nossa mãe contou, mas não sabia o que fazer sobre isso. Não fui a melhor das conselheiras. De qualquer forma, Olympia é inofensiva.

Na noite anterior a festa em comemoração à recuperação do meu pai, eu a senti de novo. Ainda parecia mais frágil do que antes, mas ela estava ali, no fundo da minha mente. Exausta e doente. A mensagem veio mais cedo do que eu realmente esperei que viesse. Eu a vi deitada numa cama, frágil e necessitando de mim.

Ouvir que ela esteve no Mundo Inferior foi estranho. A festa inteira olhando para nós duas como se fossemos aberrações parecia a coisa mais normal da minha vida agora. Por mais incrível que pareça, não me senti desconfortável em momento algum apresentando Camila como minha namorada. Parece tão correto. Meu ato de chamá-la para o encontro, veio de um lugar que intimamente, eu não esperava tocar tão cedo.

Estava desesperada com a sensação que convivi por dias inteiros que se pareciam anos. Se é isso o que aquela mulher teve que tolerar enquanto imortal quando meu ciclo na terra se encerrava, então não deveríamos passar por aquilo. Não sou forte o suficiente para aguentar a dor tão profunda que senti com a ideia de perdê-la para seja lá o que fosse. Admirei o momento que eu tomei a decisão de salvar Camila da maldição porque não iria conseguir conviver comigo mesma se fosse feita qualquer outra escolha.

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