𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - Incompl

"Assunto difícil"

— O que te aconteceu? — Ele volta do banho, afivelando o cinto nas calças do terno.

— Minha mãe…

— O que tem ela?

— Como vamos nos casar sem ela? Eu não vou conseguir esconder.

— Não minta, apenas esconda alguns fatos. Você vai sobreviver. — Diz se arrumando frente ao espelho do quarto.

Preciso pensar no que fazer e estar no mesmo ambiente que meu chefe me tira a capacidade de raciocinar.

Saio do quarto e desço as escadas, a avó dos meninos está sentada no sofá nos aguardando enquanto entretém os netos.  Olho para todos os lados sem enxergar a babá. A mulher devia ter chegado a vinte minutos e até então, nenhuma mensagem havia chego no celular do CEO avisando sobre sua falta.

Com toda a certeza, ela seria dispensada, era a terceira falta em menos de quarenta dias e apesar de ela ser uma boa babá, não era indispensável diante dos olhos do patrão. Senti muito por ela, imaginava que talvez ela tivesse um motivo para faltar, talvez fosse algo grave, mas Maurício De La Torre não tentaria compreender.

— Onde está a babá? — Ele perguntou descendo as escadas.

— Nada, já está atrasada quase meia hora agora.

— Parece que hoje será um dia diferente… — Ele esfregou as mãos no cabelo parecendo pensar no que faria com os gêmeos.

Não haveria aula, contratar qualquer pessoa sem uma entrevista adequada estava fora de questão e sua mãe não poderia ficar com os meninos quando tinha de estar na empresa também.

— Vocês vêm para o trabalho com o papai hoje! — Ele deu a notícia aos filhos que ficaram animados.

— Filho, tem certeza? — A mãe o perguntou, com preocupação no olhar.

— Não temos outra opção, mãe, não tem ninguém que eu confie para ficar com eles além de você e Amanda, e ambas estarão trabalhando também.

— Bem, podemos revezar, e assim eles não vão te atrapalhar nas reuniões.

— Agradeço, mãe. — Diz em aprovação.

— Clones, vamos subir pra trocar de roupa? — Perguntei aos pequenos que vieram correndo em minha direção e a do pai.

Ele pegou Arthur e eu, Max. Subimos e assim que chegamos ao quartinho dos meninos começamos a nos apressar para vestir e pentear ambos.
Terminamos colocando tudo o que seria necessário em uma mala e descemos novamente para encontrar a mãe do meu chefe.

Saindo para a garagem, corri em direção ao meu velho gol e peguei minha bolsa, então correndo de volta pro carro, quase tropeço com algo e sou amparada pelos braços do CEO.

— Isso parece mesmo coisa de comédia romântica… — Murmurei.

— O quê disse?

— Nada. — Me recompus.

Entramos no carro, as cadeirinhas com as crianças nos bancos traseiros e a avó sentada ao lado. Eu e meu chefe nos bancos dianteiros, seguimos metade do percurso em silêncio.

— E que tal conversarmos sobre este anel? — Alexandra De La Torre havia puxado o assunto.

— Mãe, na verdade quero falar sobre isso com a senhora.

— Ótimo!— Ela estava empolgada.

— Eu pedi Amanda em casamento ontem a noite, e ela aceitou.  — Ele contou, me causando um certo estremecimento.

  Sem menos nem mais, minha "sogra" começou a chorar.
Eu não sabia se deveria dizer algo, mas pelo modo tranquilo do próprio filho dela, imaginei que não seria nada demais.

— Estou pensando em nos casarmos no fim do mês. O quê acha?

— Espera, mas assim é muito rápido, não vamos conseguir fazer os preparativos. Ou conhecer a família dela. — A mãe tentou argumentar.

— Não queremos algo grande, não é amor? — Ele questiona pegando em minha mão e entrelaçando na sua.

Meu coração dispara e tento me acalmar, a última coisa de que preciso é ficar com a mão suada.

— Sim, não… não precisa ser nada grande. — Digo por fim.

Minha sogra faz uma cara de decepção.

— OK, posso montar algo pequeno. Mas o que me dizem sobre conhecer a família Monteiro? Será tão simples assim?

Eu penso a respeito, e de repente uma tristeza bate em meu peito. Meu chefe parece notar e me encara por alguns instantes antes de ter de olhar para a estrada.

— Na verdade, sim. Minha mãe é a única pessoa que tenho.