"Coisas a se saber sobre Maurício De La Torre"

604 65 3
                                    

Eu gritei assim que ele tocou e quando percebi que estava assustando os meninos, engoli o choro.

— Não era só por gelo? — Perguntei enxugando as lágrimas que ainda rolavam por meu rosto.

— Não neste caso. — Ele se virou e pegou algo dentro do terno sobre a mesa de centro no lugar. — Tome. — Me entregou um lenço.

Eu sorri.

— Céus, o clichê dos romances. — Murmurei enxugando o rosto com o tecido macio.

— Como é?

— Nada. — Disse pensando em algo para desviar o assunto. — Agradeço pelos movimentos, agora nem dói mais tanto assim.

— Fiz alguns semestre de fisioterapia. — Ele revelou fazendo com que eu não pudesse esconder minha surpresa.

— Incrível. Eu jamais adivinharia que você poderia gostar dessas coisas.

— Te contarei muitas coisas que não sabe sobre mim com o tempo, mas agora isso não é importante. — Disse saindo da sala e voltando com uma compressa gelada.

O silêncio com apenas os meninos animados durou pouco mais de dez minutos, Emily chegou e uma sacola cheia da farmácia foi posta sobre a mesa de centro. Eu não tive tempo de protestar, ele já estava novamente cuidando do meu tornozelo. Quando terminou, o vi pegar uma caixa de sapato e as tais sapatilhas que o ouvi pedir ao telefone foram-me entregues.

— Acertei. — Ele disse quando a primeira do par se encaixou perfeitamente em meu pé.

— Senhor, são três minutos até a reunião começar. — Emilly o lembrou.

— Estarei descendo em um minuto. — Garantiu a ela.

Emily saiu e a primeira atitude do CEO foi trancar a porta, Max pareceu estar planejando a fuga outra vez.

— Escutem, vão obedecer e se comportar, o papai já volta. — Ele deu a ordem antes de abrir a porta novamente. — Amanda, qualquer coisa ligue em meu telefone, Emily vai estar comigo na reunião.

— OK. — Assenti o observando sair.

Foi como se uma bomba com três segundos estourasse naquele escritório depois de o pai deles sair.

Gritos, brigas, choros e sobre tudo, muita bagunça.
Eu mal conseguia estar de pé, e correr atrás deles foi muito difícil e doloroso, até que Arthur encontrou o frigobar embutido em um dos armários do pai e arrancou tudo o que tinha dentro da mini geladeira.

— Não, Art coloque isso onde estava! Art! — O gritei pelo apelido.

Toda aquela batalha e enquanto corria acabei derrubando meu celular, até pisando sobre o pobre aparelho.

— Que droga! — Olhei para o coitadinho estilhaçado.

Não havia tempo, à minha frente, Arthur tinha aberto uma das garrafas de água do frigobar e subido em cima da cadeira do pai. Se o pequeno chegasse a derrubar uma gota que fosse nas assinaturas, um dia de trabalho de muitos iria valer de nada.

Tentei pegá-lo, e seu bracinho foi pra trás, ele era bom sem se esquivar pra um garotinho tão pequeno.

— Quem eu sou Arthur? — Parei, fazendo essa pergunta para o distrair.

O pai sempre fazia isso quando os garotos estavam sendo levados.

— A mamãe? — Ele respondeu em dúvida.

Não, eu esperava que ele disse Amanda, mas qualquer papel que tivesse importância o suficiente em sua mente estava bom pra mim.

— Se eu sou mamãe, você deveria ser bonzinho e obedecer como o papai disse, lembra?

— Shim… — Ele disse cabisbaixo e entregando a garrafa da água pra mim.

— Obrigada bebê. — Beijo sua bochecha e o menor sorri. — Agora vai lá e pega seu irmão pra mim. — O desço da cadeira e ele corre.

Max era uma criança muito mais enérgica do que o irmão gêmeo, ele gostava muito mais de me enlouquecer do que de bagunçar. Sua brincadeira preferida era desenhar. Ele tinha encontrado o kit de desenho do pai em algum lugar e agora rabiscava em todas as superfícies que podia. Para meu terror, meu chefe guardava pedaços de carvão no estojo e o sofá do escritório passou a adquirir uma mancha preta enorme em um dos acentos coberto pelo tecido branco.

Arthur se aproximou do irmão e pediu para ele parar, porém quando Max não o fez as coisas ficaram tensas entre os dois.

Ainda no meio do percurso do grande escritório, eu não sabia se iria chegar a tempo de impedir que os gêmeos enfiassem os lápis um no olho do outro. Eu tentei apressar os passos, pisei em falso outra vez e quando achei que veria sangue entre os pequenos o pai entrou os afastando um do outro.

— Amanda, o que houve aqui?!

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplOnde histórias criam vida. Descubra agora