"Uma reunião difícil"

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— Ta, conto tudo o que quiser saber mais tarde, mas agora temos que descer para a reunião.

— Espera, espera.  — Pedi. — "Temos" implica mais de um.

— Exatamente. Vocês três vêm comigo.

Eu quis protestar, entretanto, quando ameacei abrir a boca Emily adentrou a sala.

Será que sempre vão me impedir de me negar? Droga!

— Vamos descer senhor?

— Sim, Emily. Pode segurar as mãos dos gêmeos, estou com as minhas ocupadas. — Ele me exibiu sendo carregada em seus braços, assim conseguindo arrancar uma risada contida de sua outra secretária.

— Claro senhor. — Emily assentiu.

— Garotos, segurem na mão dela e se comportem. — O pai deu a ordem e sem demora os clones obedeceram.

Um dia eu poderia chegar no nível do pai deles? Talvez não, mas eu dei de ombros. Se não pudesse contra eles, então me juntaria a eles e causaria problemas igualmente. – está aí um ótimo plano. – pensei comigo rindo.

Já estávamos para pegar o elevador quando notei no reflexo metálico, meu estado visual.

— Maurício, eu estou horrível. — Apontei para meu reflexo.

— Vou descer você e arrumar seu cabelo. — Ele me avisa e eu volto a tocar o piso.

Antes de que eu reclame sobre minha torção, ele me vira de frente para seu peitoral e faz com que eu abrace sua cintura. Eu o faço. Percebo o silêncio e os olhares atentos das crianças e principalmente de Emily. Afundo meu rosto contra seu abdômen e o sinto mexer em meus cabelos.

Quando o elevador se abre, com cuidado andamos para fora, passo em frente ao espelho no hall de recepção daquele andar, pois àquele em especial possuía muitas salas. No reflexo posso ver minhas mechas muito bem presas em um rabo de cavalo e me surpreendo de que ele possa ter feito tão bem.

— Mariana é dez anos mais nova que eu, então sobrou pra eu como irmão mais velho aprender a fazer este tipo de coisas. — Ele se explicou ao pé do meu ouvido enquanto me apoiava pela cintura até a sala onde já acontecia a reunião.

Dizer que chamamos a atenção seria um eufemismo, todos nos observaram entrar, repararam em meu tornozelo enfaixado mais cedo por meu chefe, e logo um deles me ofereceu uma cadeira de escritório com rodinhas.

— Meninos, fiquem sentados com Emily lá no cantinho. — Ele pediu, e ficamos esperando até que ela se acomodasse com as crianças nos sofás embutidos na parede da grande sala de reuniões.

Eles se sentaram e meu chefe empurrou minha cadeira para perto da sua, ele se sentou e continuaram a reunião. Muitos quase gaguejaram por estarem presenciando em o CEO de mãos dadas comigo.

— Não pode soltar, estamos chamando a atenção e ainda estou em horário de trabalho.

— Nos casaremos em quinze dias, se não nos mostrarmos agora, vão começar a dizer que casei com você porque está grávida de mim. — Ele respondeu, mas ao invés de mim que o encarava com nervosismo, ele me olhava radiante.

Queria esconder o que falávamos e eu devia admitir, para alguém que não gostava de mentiras, ele se saía muito bem.

— Tome as decisões finais com meus pais e daremos por encerrada a reunião. — O CEO se pronunciou depois de quase quarenta minutos.

Naquele meio tempo as crianças já se haviam cansado de não ter com o que brincar e já estavam em nossos colos. Os acionistas eram quase todos parentes ou amigos, e segundo o que meu chefe disse, não seria considerado falta de profissionalismo trazê-los, todos ali um dia precisaram fazer o mesmo.

Max, quem mais entediado estava, quis ficar em meu colo, e pelo menos assim o pequeno voltou a dormir. Mais para o finalzinho da reunião, enquanto alguns se juntavam em um círculo ao redor do pai das crianças para conversar sobre outros assuntos, o ar-condicionado já estava forte demais para os gêmeos que não usavam casaco. Arthur no colo do CEO e Max tremendo adormecido em meus braços.

Procurando por calor, sua mãozinha adentrou dentro de minha blusa social e os dedinhos se agarraram ao meu seio.

— Max está precisando cortar as unhas… — Murmurei sentindo o pequeno agarrando minha pele.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplOnde histórias criam vida. Descubra agora