"O susto"

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Por Amanda Monteiro.

Por uns bons minutos, tudo o que eu queria era continuar no colo do meu chefe, ali ao menos ele acariciava as minhas costas e me dizia que não era nada demais, afinal de contas, eu devia aceitar faríamos aquilo como casal muitas vezes.

Maurício De La Torre pela primeira vez me passava forças e não vontade de chorar. Alguns minutos mais tarde eu já estava mais calma e é quando desço de seu colo, neste momento toda a vergonha pela "manha" que fiz enquanto estava em sua cintura, chega a mim e o senso faz com que minhas bochechas corem.

— Tudo bem filha, vocês são noivos, é normal quererem demonstrar afeto um pelo outro.  — Minha mãe está se divertindo em me dar conselhos dos quais já sei.

— Que sabiá é minha mãezinha. — Eu digo rindo, mas sem deixar de ser verdade.

Os meninos estão notoriamente entretidos em terminar seu café da manhã, pela primeira vez não estão tentando fugir e comem com vontade.

— É a primeira vez que os vejo comendo assim. — Digo, agradecida por mamãe ter conseguido tal feito

— É verdade. — Maurício concorda atrás de mim.

Ele tinha subido ao segundo andar depois que eu desci de seu colo, por que foi só aí que notou que não vestia camisa.

— Amor, minha mãe está vindo pra cá e…  — Antes de ele terminar a campainha toca.

— Acho que ela chegou. — Eu completo.

Meu chefe/noivo saiu correndo para atender a porta. Sei que ele quer interromper seu percurso e lhe dizer para ser gentil com minha mãe.

— Espera! — Ouço ele falar mais alto do que os outros cochichos e de repente Alexandra já está na porta do cômodo em que estamos.

  O surgimento de minha sogra na cozinha gera uma troca de olhares entre ela e minha mãe, é como se já tivessem se visto antes.

— Vovó, agola tem o tá vovó! — Arthur diz a senhora Alexandra.

Minha mãe se levanta, retira o avental e o deixa no balcão antes de ir cumprimentar a comadre.

— Já nos vimos antes? — Minha mãe a pergunta.

— Ouvi que a senhora morava em São Miguel, mas não imaginei que seria justamente você. Como esse mundo é pequeno.

— E como. — Minha mãe a abraça. — Como esteve? A última vez que te vi, você estava grávida de uma menina, não é?

— Sim, lembro que você e seu marido, mesmo sendo humildes, me acolheram e ajudaram como o parto da Mariana. — A mãe de Maurício fala e deixa a mim e ao filho curiosos com a coincidência.

  Ambas se sentam à mesa para conversar, os meninos terminam seus cafés da manhã pouco depois e cada um se senta com um de nós. Arthur com o pai e Max comigo. Enquanto eu e meu "noivo" comemos, Mariana desce e a mãe conta sobre seu nascimento e como a minha mãe as ajudou.

Mais tarde Maurício sobe para tomar banho e eu estou brincando com os gêmeos na sala.

— Arthur, você vai cair.  — Aviso.

O garoto continua a correr por toda a casa enquanto estou convencendo seu irmão a tomar o remédio. Quando Max finalmente aceita tomar o xarope, Arthur desequilibra e cai com cara em uma das quinas da mesa de centro na sala.

Naquela hora, meu coração salta do peito, eu deixo Max no sofá e corro pra socorrer Arthur.
O garoto não chora, mas parece assustado, ele se levanta, eu o checo e noto que seu queixo está sangrando.

— Maurício! — O grito no mesmo segundo que vejo mais sangue começar escorrer.

Seguro Arthur no braços, ele desce as escadas e eu nem preciso dizer nada. Ele pega as chaves do carro e gritamos para que alguém cuide de Max na sala.

  Maurício dirige o mais rápido que pode, e quando chegamos ao hospital infantil no centro da cidade, eu noto aí, que estou de pijama e que partes dele estão ensanguentadas. Isso assusta algumas crianças, eu não me importo, na verdade a única criança com que me importo naquele momento é a minha em meus braços.

— Você vai ficar bem, meu amor. — Eu repetia isso para ele e para mim mesma.

Ainda o carregava em meus braços e beijava seu rostinho todas as vezes que eu podia.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang