" Ideia difícil de tirar da cabeça"

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Perfeita. Esta era a palavra para descrever minha imagem diante do espelho.

— Agora sim. — Mariana me diz em aprovação.

— Não está demais?

— Não. Agora você parece uma jovem arquiteta de vinte e quatro anos, elegante e digna de ser considerada uma futura De La Torre.

— Se você diz. — Dou de ombros, afinal nunca fui do tipo que julgaria um livro pela capa.

Soube que estava atrasada quando três toques à porta do quarto me lembraram de que tínhamos de ir trabalhar ainda.

Meu chefe adentrou alguns segundos depois de bater, sua reação ao me ver foi a certeza de que eu precisava para saber que Mariana havia me transformado.

A começar pelo que eu vestia, era um conjunto de shorts e blazer social, camisa branca de seda por dentro do shorts e uma corrente de ouro com um pingente, cujo a letra "m" pendia em meu pescoço. Sapatilhas da marca Vizzano que custavam um aluguel acomodavam meus pés e para meu cabelo, ela os prendeu parcialmente atrás deixando a meia parte de baixo solta em cascata de cachos feitos por babyliss descendo dos meus ombros até a altura da minha cintura.

— Uau… — Ele disse da porta.

— Pois é, vai ter que me chamar de Santa Mariana, porque hoje meu irmão, eu operei um milagre. — Mariana diz e arranca uma risada do irmão.

— Ta, an… vamos descer? — Pergunto.

— Claro, vamos. Chegaremos atrasados. — Maurício diz e me aguarda para sairmos do quarto.

— Espera! Espera! — Mariana pede.

— Esperar mais o quê? — O irmão a questiona.

— Preciso mandar uma foto pra mamãe.

— Estamos com pressa Mari, numa próxima vez você faz isso.

— Poxa Mau, é dois minutos no máximo!

— Ta, OK. — Ele se dá por vencido.

Mariana então vem até nós, nos posiciona e nos diz para sorrir para a câmera de seu celular.

— Já tirou? — Ele pergunta com pressa.

— Não, só mais um momentinho.  — Ela pede.

Novamente se aproxima e me arruma nos braços de seu irmão como se eu fosse uma boneca de vitrine.

— Pronto! — Ela diz depois de um minuto.

— Finalmente! — O irmão fala desmanchando o sorriso do rosto.

Eu estou pra sair de perto dele, quando sinto minha barriga doer. A esfrego, mas a sensação prevalece forte por uns segundos, fazendo com que eu me curve ligeiramente.

De repente tenho a atenção do meu chefe e de sua irmã sobre mim, ele sussurra ao meu ouvido perguntando se estou bem, e eu o respondo de volta em um murmúrio que se trata de uma cólica passageira.

— Espera. — Ele diz afastando meu blazer e colocando sua mão sobre a minha barriga, a esquentando rapidamente.

— Melhor? — Maurício pergunta ao pé de meu ouvido.

— Sim, obrigada.

Estamos para seguir caminho até que ambos ouvimos a voz conhecida.

— Ela está bem? — Posso jurar ser a mãe do meu chefe quem pergunta.

— Parece que sim. — Mariana a responde baixinho.

Olhamos para trás e noto que ela está em uma video chamada com a mãe.

— Meu irmão colocou a mão e acho que o bebê parou de chutar. — Ela disse à mãe e posso ouvir gritinhos das duas empolgadas.

Naquele momento ouvi meu chefe bufar atrás de mim, ele então pegou minha mão e descemos ao primeiro piso.

Mariana ainda insistia com a ideia da gravidez e eu já estava pensando em questionar ao meu chefe o porquê.

Os meninos já tinham tomado café da manhã e pareciam ter armado uma guerra na sala com os brinquedos depois que o pai subiu para me chamar.

— Pode pedir o café da manhã no escritório. Faça uma pausa antes de começar o expediente já que não comeu em casa.

— Vou aceitar. — Falo, e ele assente com a cabeça.

Com cada um carregando um dos gêmeos partimos para o carro. Seria um longo dia.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplWhere stories live. Discover now