"De conchinha com o chefe"

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A posição de "conchinha" era erradamente boa. Quente, confortável e sentimental falando, eu me sentia segura, mesmo dormindo ao lado do Sr. Lobo mal.

Eu não podia dormir tão próxima e daquela forma com meu chefe, mas ele, ao contrário de mim, parecia não dar a mínima para o rumo que a invasão de espaço pessoal estava tomando.

— Está com frio? — Maurício questionou algum tempo mais tarde.

— Ah, não. — Murmurei, correndo o risco de nem mesmo os cães me ouvirem naquele tom.

— Você está tremendo.

  Então noto que realmente o faço, talvez eu estivesse em choque por que as coisas começavam a esquentar demais.

— Acho que estou com um pouco de frio, pensando bem. — Falo para não dar na cara.

Seus braços então me sentam junto dele no colchão, o direito se estica e pega a coberta mais grossa ao pé da cama, para ato seguido, nos deitarmos na mesma posição de antes, com a pequena diferença de que agora ele estava mais colado a mim, e sua mão direita que antes pendia sobre seu quadril, agora envolvia minha cintura.

— Chefe. — Pronunciei quase sem fôlego.

— Humm?

— Não creio que seja apropriado… — Eu travo ao dizer.

— O quê não é apropriado? — Ele pergunta, claramente sem senso de perigo.

Estou para me afastar dele quando as vozes conhecidas das crianças começam a perdi para nós abrirmos a porta.

Antes de ir atender os filhos ele me pede para ver que horas são em meu celular e quando eu digo que são vinte e duas e meia, o maior esfrega o rosto.

— Eles já deveriam ter ido dormir há três horas atrás. — Maurício diz e por fim se levanta da cama.

A temperatura do meu corpo baixa drasticamente e quando desço da cama, percebo pela primeira vez que o quarto realmente está frio.

Na porta, o pai tenta argumentar com os meninos.

— Então três histórias de dormir e um passeio amanhã, o que me dizem?

— A genti qué domi com a mamãe! — Eles dizem impassíveis.

Eu os ouço e quero rir pela forma tão decidida e fofa com que se expressão ao pai.

— A mamãe trabalhou muito com o papai, ela precisa descansar. — Ele tentava explicar aos gêmeos.

Me sinto estranha instantâneamente ao ouvi-lo se referir a mim daquela forma e sem perceber estou sorrindo.

— Maurício, não me custa nada deitar com eles. Tudo bem mesmo.

— Mas era pra você tirar sua folga do acordo hoje. — Meu chefe parece não querer me incomodar, mal sabendo que a minutos atrás enquanto estávamos deitados juntos, aquilo era mais desgastante do que estar com os gêmeos.

Quando os limites e as intenções são claras não tenho que me preocupar, porém não tinha ideia de como agir estando deitada com meu chefe de conchinha.

— A mamãe qué a eu e o Atui! — Max fala animado e mostrando a língua pro pai.

Maurício se levanta e antes que ele dê uma bronca no filho por ser mau educado, os clones passam por entre suas pernas e sobem na cama de casal no quarto do meu chefe.

— Tenho a impressão que suas pastilhas não estão sendo fortes o suficientes pra hoje. — Digo rindo.

Nós dois voltamos para a cama, os gêmeos pularam por uns bons minutos enquanto esperávamos que eles se cansassem um pouco mais. Max estava surpreendendo ao pai, mesmo doente, o garoto não estava disposto a ir dormir tão cedo.

Mais tarde, com as ferinhas mais cansadas, o pai lhes contou uma história para dormir e quando percebi, Arthur já tinha caído no sono em meus braços. Notei também que ele tinha adormecido novamente com as mãos em meu seio e cheguei à conclusão de que o menino parecia gostar de ouvir as batidas do meu coração.

Após confirmar que eles dormiam profundamente, levamos os pequenos para dormirem eu suas próprias camas. Quando voltamos ao quarto, Maurício me agradeceu.

— Por que me agracedesse?

— Minha vida parece mais fácil com você. — Meu chefe diz com um meio sorriso de canto que me tira as razões.

Eu permaneço calada enquanto pego do piso todos os travesseiros que os meninos jogaram. Quando me deito novamente na cama, o quarto está um breu porque desta vez os abajures estão desligados, eu ainda não sinto sono e volto a escutar meu livro, e desta vez é ele quem pergunta se pode continuar a ouvir comigo. Quando respondo que sim, outra vez o sinto se enroscar em mim.

A narrativa em nossos ouvidos continuam por um tempo e quando estou próxima de fechar os olhos, o sinto se aninhar um pouco mais a mim.

— Mau… — Pronunciou seu nome de forma entrecortada. — Não devíamos estar tão próximos.

Ele beija minha testa e diz:

— Não pense demais, só se concentre em dormir.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplWhere stories live. Discover now