" Como diz o ditado: entre a cruz e a espada"

559 73 3
                                    

— Bom, estes são Arthur e Maxwell, Art e Max como chamamos eles. — Recomeço os apresentando ganhando tempo para me lembrar de onde eu tinha parado antes dos pequenos chegarem.

— "Chamamos"? Você e quem? — Minha mãe devia ter sido investigadora do FBI.

— Maurício De La Torre, meu chefe lembra dele?

— As crianças são dele. E o que fazem com você, te chamando de mãe assim? São próximos desde quando?

— Faz pouco tempo que estamos juntos… — Realmente, fazia menos de um dia. — Não contei pra você antes por que eu não estava totalmente segura e agora sei que as coisas entre nós são sérias. — O "antes", queria dizer naquela manhã, por que em algum lugar do meu subconsciente a ficha não tinha caído.

— Você nunca falou muito dele porque estava com medo de que eu notasse seu interesse, não é?

Minha mãe presumia isso, pois nunca gostei de dar muitos detalhes sobre meu chefe. Se ela soubesse o quanto o trabalho era pesado, jamais me deixaria na capital sozinha.

Eu tinha que responder e ela estava esperando por minhas palavras, mas concordar seria mentir e negar seria complicado.

— Papai! A ota vovô tá qui! — Arthur gritou de repente em meu colo.

E falando no diabo, o homem surgiu escorado ao batente da porta e minha mãe ao escutar Arthur chamar o pai, de imediato o pediu para conhecer.

Ele usa um pijama mais amostra do que a camisa branca larga e calças moleton da noite passada. Desta vez veste uma camisa regata com um ar de acadêmia, e uma bermuda na altura das coxas, mostrando o quão malhadas elas são.

— Amanda? Amanda?! — Ouço minha mãe chamando.

Volto minha atenção pra ela e a mesma está rindo da minha cara.

— Limpa a baba querida. — Diz ela, me fazendo enrubescer.

— Não estou babando mãe, não me faça passar vergonha. — Peço.

— Coloque ele frente a câmera e eu descido se conto sobre como você era fofa chupando chupeta até os dez anos.

— Mãe!

— O quê é?! Você era mesmo fofa, só não entendo até hoje como nunca usou aparelho.

— Chega mãe, por favor. — Eu já não sabia onde enfiar a cara.

Ele ria. Maurício De la Torre realmente estava rindo de mim.

— Que tal um de vocês vir com o papai? — Ele perguntou aos gêmeos.

— Eu! — Arthur esticou os braços para o pai.

— Então vêm aqui meninão… — Ele fingiu fazer esforço para levantar o filho.

Levantar os gêmeos não era esforço algum na verdade, não ao menos para ele. Para alguém que levantava sessenta quilos todos os dias pela manhã, o que eram dezesseis quilos de Arthur?

Já para mim foi uma tarefa realmente grandiosa levantar com o pequeno agarrado a mim. Dei espaço para que meu chefe se sentasse com Arthur na cadeira e puxei outra juntando-as ao lado uma da outra.

— Prazer em conhecê-la, Sra. Monteiro. — Ele cumprimenta formalmente minha mãe e eu já acho que dará errado.

Isabel Monteiro é alguém que gosta de pessoas mais íntimas e ele com toda a pinta de senhor gelo, não creio que consiga derretê-la facilmente.

É isso que acredito, até que diante dos meus olhos presencio todo contrário.

— Eu deveria ter pedido que Amanda nos apresentasse antes, peço desculpas. Mas eu quero que saiba que as minha intenções com ela são sérias.

— Eu não espero menos. — Minha mãe disse, parecendo reagir bem demais a notícia.

— Penso que devíamos nos casar no final deste mês, por que é uma época muito boa, e se deixarmos chegar o inverno, as coisas ficaram mais difíceis de organizar.

— Mas o fim do mês é em quatorze dias! — Mamãe disse, claramente alterada. — Me responda uma coisa rapaz.

— Qualquer coisa. — Ele lhe dá carta branca para investigá-lo.

— Engravidou minha filha?

É a pergunta insistente outra vez. Meu chefe não aguenta e posso ouvir sua risada contida.

— Se quiser podemos fazer um ultrassom quando fomos visitá-la. — Ele oferece a ela sem me consultar.

— Vou cobrar isso. — Minha mãe diz, parecendo muito desconfiada.

— Mãe, como vou fazer um exame como esse sendo virgem ainda, não tem cabimento! — Digo em linha irritada.

— Você é virgem? — Mauricio me questiona intrigado.

— Sou. — Respondo em um fio de voz, notando seus olhos brilhando por algum motivo ao me encarar.

Céus, meu chefe exibe uma cara de lobo mau que me faz engolir em seco.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplWhere stories live. Discover now