" A visita surpresa"

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Quatro dias se passaram desde então, a folga do noivado era praticamente impossível estando debaixo do mesmo teto que meu chefe, as crianças e sua irmã.

Nos ocorreu que neste dia especificamente eu poderia passar minha folga em meu próprio apartamento para evitar ser incomodada. Longe do ser humano terrível que eu o imaginava sendo como esposo, Maurício cedeu a mim o sábado como descanso no lugar da conturbada terça-feira que tivemos e a cá estou eu, chegando cansada em meu apartamento após um louco dia de trabalho.

— Ao menos posso estar sem Mariana em meu pé. — Digo me confortando com este pensamento.

Deixo meu casaco sobre o balcão da cozinha que está próximo a entrada do apartamento. Descalço meus sapatos os atirando para longe dos meus pés sem me importar com a direção que eles tomam e por fim, já saio me desvestindo por completo.

Levo comigo uma taça de vinho, me sento na beirada da banheira esperando que ela encha o quanto antes e desligo as torneiras assim que a água chega a uma boa altura.

Afundar-me debaixo d'água é tudo o que quero e quando o consigo, sinto-me relaxar por completo.

O smartphone que eu havia ganhado de meu chefe naquela manhã de sábado, precisava ser configurado e em seguida, eu ligaria para minha mãe.

Bem, estes eram os planos até que… dim-dom, a campainha toca.

Levanto-me da água a contra gosto, me enrolo na toalha que está a um braço de distância da banheira e com cara de poucos amigos sigo para a sala.

— Eu não tenho açúcar… — Já saio avisando enquanto giro a maçaneta da porta.

Quando a abro por completo, lá está ela.

— Bem filha, eu não vim pelo açúcar mesmo. — Minha mãe responde rindo.

Sinto meus músculos se petrificando. Ela estar ali é quase irreal.

— Vai me deixar passar ou não?

— Não eu… , quero dizer, claro mãe. Passa. — Falo fazendo um tremendo esforço para não parecer que estou muito nervosa.

Ela entra e eu tranco a porta atrás de nós.

— Senta por favor. — Peço, mas minha mãe olha para o meu sofá como eu olho para o fígado de galinha. Com nojo.

— Por que tanta bagunça e embalagem de comida mofada sobre este pobre móvel?

— Bem, você sabe que passei este últimos dias na casa do meu chef…, quero dizer noivo.

— Ta, mas antes disso você deveria ter organizado um pouco essa bagunça ou ao menos não deixar a comida largada em qualquer canto. — Ela diz tirando um prato de macarrão mofado de cima da mesa de centro.

Minha sala é pequena e o fato de eu não ter muito tempo para limpar, nem a vontade necessária, fazia com que a bagunça parecesse ainda pior.

Minha mãe mal havia chego e a mesma já estava limpando tudo o que via pela frente.

— Mãe, deixa isso aí. Eu limpo mais tarde.

— São sete da noite, é pra você estar jantando e não se preocupando em limpar. — Ela me olha com desaprovação. — Anda, volta pro seu banho, eu dou uma ajeitada nisso aqui.

Eu sorrio e a abraço.

— Quem? Quem é a melhor mãe do mundo?

— Parece que não sou eu, do contrário os anos que passei fazendo você limpar seu quarto todos os dias serviriam pra alguma coisa. Mas tô vendo que não valeram de nada. — Ela comenta sendo tão má quanto a reprovação de uma mãe pode ser.

— Tudo bem, não quero discutir, vou voltar pro banho.

— É melhor mesmo. E lava esse cabelo direito menina.

Assinto com a cabeça me lembrando de que para a minha mãe, tudo o que eu faço não é suficiente.

Brigamos algumas vezes por isso, porém sei que ela me ama. Mamãe implica comigo por que sou preguiçosa para fazer as coisas do dia a dia e tenho que admitir, acho que não vou mudar nunca.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplWhere stories live. Discover now