"Seu passado não é segredo"

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Antes que eu tivesse a chance de começar a falar, a porta de entrada se destranca novamente. Desta vez se tratando do irmão de Mariana, meu chefe carregando Max.

Confesso que respiro aliviada assim que o vejo.

— Como ele está? — Foi o primeiro que perguntei ao vê-los cruzar para dentro.

— É apenas uma gripe passageira. — Ele me responde, já seguindo rumo a escadaria.

— Espera Maurício! — Pedi o fazendo se interromper e me olhar surpreso. — Sua irmã está na sala.

— Que ótimo… — Ele murmurou como se fosse a última coisa que quisesse ouvir.

Deixando para colocar Max na cama mais tarde, ele dirigiu-se à sala. Cumprimentou a irmã e me chamou para sentarmos a conversar. Assim que o fez, minha futura cunhada começou a rir sem explicação.

— Então é agora que eu recebo a notícia de que vou ser tia outra vez?

— Não. — Sou direta.

Na verdade estou esfregando meu rosto, pois sinto minhas bochechas queimando de frustração.
A contar com Mariana, já haviam duas pessoas achando a mesma coisa. Ou eu estava gorda, ou acreditar em que alguém com tanto pudesse se interessar por uma formanda que ainda pagava o empréstimo estudantil, é uma espécie de loucura.

— A mamãe sabe? — Mariana pergunta ainda me fitando, mas sei que ela está questionando ao irmão.

— É claro que ela sabe.

— Ela conhece Amanda melhor do que eu e você. Então ela deve mesmo estar de acordo. Eu já devia imaginar. — A irmã segue rindo.

— Espera, acho que estou perdida aqui. A Sra. De La Torre me conhece melhor do que vocês, em que sentido? — Desta vez sou eu quem interrogo os irmãos.

— Minha mãe não tem poderes mágicos, e muito menos uma intuição tão boa assim. Pra chegar perto de nós, qualquer  um é investigado desde o jardim de infância. — A irmã de meu chefe conta, rindo um pouco mais de minha inocência em não saber a respeito.

— Maurício, isso é verdade? — Eu quero saber.

Ele apenas assente.
Me sinto um pouco balançada, eu achava mesmo que Alexandra De La Torre havia me escolhido como secretária pessoal do filho por meu currículo e pela oportunidade de um estágio para a minha área.

— Ei, não pense demais a respeito. Qual meu novo sobrinho ou sobrinha chegar, você também vai ficar meio paranoica pensando duas vezes antes de deixar ela ou ele com alguém.

— Vou repetir mais uma vez… — Levo a mão as temporadas. — Não estou grávida!

— Tá bom, tá bom. — Mariana levanta as mãos como seu eu apontasse para ela uma pistola carregada. — Não se estresse demais, pode fazer mal ao bebê. — Terminou de dizer rindo.

Eu bufei.
Peguei o garoto dos braços do pai e decidi eu mesma colocá-lo na cama, qualquer coisa era melhor do que passar mais tempo com Mariana De La Torre.

Enquanto deitava o menor sobre o colchão me peguei pensando que ninguém mais além da própria irmã do meu chefe sabia sobre quanto tempo passamos juntos, ou sobre o nível de intimidade que tínhamos. E bang! Me veio a mente que talvez o fato de a família inteira de Maurício pensar que já estávamos se devia a ninguém menos que Mariana.

Estou aferindo a temperatura de Max quando atrás de mim, apoiado ao batente da porta está o pai dos garotos.

— Não fique chateada com as brincadeiras da minha irmã.

— O problema não são as brincadeiras delas, mas acho que se ela te conhecendo tão bem pensa assim. Então todo o pessoal da empresa deve estar presumindo igual ou pior. — Exponho, deixando o termômetro na cômoda do quarto próximo a porta.

Meu chefe me olha, parece não ter muito mais a dizer. Provavelmente concordava com o que disse e não havia defesa.

— Bem, o que fez de café da manhã? Tinha um cheiro bom quando entrei em casa. — Ele mudava de assunto.

De certa forma era melhor não discutir sobre o assunto, pois mesmo que fizéssemos não mudariamos os pensamentos dos demais. Nem ele ou muito menos eu, tínhamos o poder de fazer com que os funcionários deixassem de fofocar a respeito.   

Olhei então para Maxwell adormecido, lhe sorri e agradeci que pelo menos duas coisas boas eu poderia ter naquele acordo. Os meus fofos clones.

— Não fiz nada demais, mas te indico comer aquelas torradas com o creme de avelã. Ficam incríveis. — Digo o acompanhando para descer.

Me encarando fixamente, ele responde:

— Sim, tenho certeza de que são incríveis.

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ