"Como acabar com costumes?"

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— Que droga Mauricio! Não me deixe mais sozinha com eles assim! — Eu gritei apenas expulsando a angústia nas palavras.

Tinha o peito quase explodindo porque achava que os pequenos acabariam feridos. Meu pé doía dez mil vezes mais agora pelo esforço de ter tentado impedi-los. A impotência que sentia estava presente para demostrar que por mais que em algum lugar no fundo eu quisesse ser a mãe de que tanto mencionavam, eu parecia estar longe de poder alcançar o papel.

— Chega, não chora. — Ele me pegou no chão, nos sentamos no sofá.

Eu chorei, e muito por uns bons minutos. Eventualmente os gêmeos se aproximaram e pediram desculpas por me deixarem triste. Eu ouvi o pai os repreendendo duramente. Cessei as lágrimas depois disso.

Tinha tanto medo de que algo os acontecesse que eu não conseguia tira os "e se" de minha mente. E se Arthur tivesse se machucado caindo da cadeira? E se eles houvessem ferido um ao outro com os lápis? E se eu não fosse boa o suficiente pra dar conta?

Cheguei em um ponto em que esta última parte passou de um "e se" para um "com certeza". Por que eu com certeza não estava dando conta. A quem eu queria enganar, eu me casaria com o pai deles,  me tornaria uma madrasta inútil e com o tempo as crianças me levariam menos a sério ainda.

Quando comecei a chorar de novo por frustração, o maior afastou minha cabeça de seu peito, me entregando o seu lenço que deixei no braço do sofá.

Espera! Eu estou com a cabeça recostada sobre o coração dele?

Me afasto abruptamente. Dou uma boa olhada em seu rosto, e constato que estou próxima demais. Não só isso, estou sentada em seu colo, feito uma garotinha consolada pelo pai.

— Hmm… — Pigarreio e me faço que levanto.

Sou bruscamente puxada de volta.

— Não se mexa! — Ele ordenou-me claramente irritado.

Seus braços me elevaram junto de seu corpo, estávamos de pé, ele deu meia volta e voltou a me descer, dessa vez me sentando sozinha no sofá.

Se ajoelhou ao meu lado, repousando os cotovelos em minhas coxas. Suas mãos vieram em direção a minhas bochechas e com o polegar limpou as lágrimas escorridas.

— Eu prometo, não vou mais te deixar sozinha com eles tão cedo. — Prometeu ele rindo.

Era a coisa mais radiante que eu havia presenciado na vida. Dentes perfeitos, covinhas e os olhos tão encantadores, era como se sorrisse com os olhos também.

— Me desculpa, eles são hiperativos e tenho certeza de que vão reconhecer sua autoridade com o tempo.

— Talvez eu devesse ser mais como você, eu os deixo fazerem o que querem quando me olham que aqueles olhinhos e os sorrisos fofos. — Digo, encarando os gêmeos, agora totalmente controlados.

— Não, não seja como eu. Desde que te conheceram eles ficaram mais falantes, mais alegres e pra ser sincero tenho inveja de como eles olham e sorriem pra você. Este é o principal motivo pelo qual me caso com você Amanda. — E termina a frase e ao invés de enxugar meu rosto como estava fazendo este tempo todo, sua mão escorrega para trás de minha cabeça e seu polegar e indicador estão entre minha orelha. — Agradeço por ser você. — Completa e trás meu rosto para próximo do seu.

Fecho os olhos achando que vai rolar o "proibido", mas tudo o que recebo é um selar em minha testa.

— Mas não esqueci de que usou palavras feias na frente dos meninos quando entrei aqui.

— Desculpa senhor, eu… — Dizia quando o notei rolar os olhos e então sou interrompida.

— É Maurício. Você disse meu nome quando entrei, por quê voltou a usar o "senhor"?

— Costume. — Dou de ombros, é difícil mudar.

— Então encontre uma forma de mudar, porque no domingo minha família quer conhecer sua mãe.

— O quê?!

𝐕𝐢𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐨𝐜𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞̂ 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞 - IncomplWhere stories live. Discover now