Capítulo 23

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Cristal

Pego uma taça de vinho, pois vou precisar para falar com os pretendentes que meus avós convidaram, caminho até o demônio de cabelos pretos soltos apenas na lateral, só me ânimo mais ao ouvir as músicas que escolhi começarem a tocar, isso me deixa mais animada para a festa que já está a acabar.

Quando ele me vê chegar apenas se levanta e puxa uma cadeira para me sentar, fico meio pasma, pois não esperava esse tipo de ação de um demônio, não que eu ache que todos são banais e selvagens, só que os livros dizem que não são nada educados, que são frios e não tem um pingo de empatia.

Apenas me sento na cadeira, enquanto o observo se sentar a minha frente, fico olhando os olhos dele, pois eu não sei puxar assunto com pessoas que acabei de conhecer.

Drenath —é um prazer poder conhecer você, alteza— eu odeio ser chamada de alteza, poderia ser uma garota normal como todas as outras.

—pode me chamar de Cristal ou apenas Cris, alteza é muito forte— ainda mais quando não me acho nem um pouco digna de ser uma princesa, quero dizer.... As coisas que eu desejo fazer é algo que uma princesa virtuosa jamais poderia pensar.

Drenath —seu olhar não é nada parecido com os daquelas damas tímidas que não conseguem nem encarar os olhos de um homem, e que tremem de medo ao ver um demonio— diz abrindo um sorriso interessado,  não sei por que mais estou reparando em seus lábios rosados, e seus dentes que são afiados igual aos de um animal carnívoro, eu não cheguei a perguntar a minha mãe, mas o que será que demônios comem?

—talvez seja por que eu não me considero uma princesa ou dama, se eu pudesse mudar de lugar...

Drenath —se pudesse mudar de lugar o que séria?— pergunta me interrompendo com um meio sorriso, parece estar realmente me ouvindo o que é estranho, pois homens só fingem que estão escutando enquanto pensam em outra coisa, eu acho, era o que  ouvia as empregadas falando.

—o que eu quiser, poderia viajar pelos três mundos(terra, inferno, purgatório), não precisar me preocupar com meu linguajar, atitude ou ações, poderia ser eu— vejo que ele me olha com a sobrancelha levantada por um tempo, olho fixamente nos olhos dele, começo a ouvir um som baixo na minha cabeça.

"~não parece nem um pouco com as características que o Dagon disse, acho que ele realmente não conhece a neta e só deduziu pela aparência fofa, gentil e indefesa dela"

Consigo ouvir a voz dele na minha cabeça, mas ele não mexeu a boca e não parece estar falando comigo telepaticamente, eu tô ouvindo os pensamentos dele? Por que diabos eu comecei a ouvir pensamentos!

Drenath —seu rosto ficou pálido, você está bem?— diz ficando sério, parece preocupado.

—não é nada, só que hoje foi a primeira vez que vi demônios, sabe— falo tentando mudar de assunto.

Drenath —mas você não parece estar com medo— é, ele sabe analisar as pessoas.

—na verdade estava pensando o que exatamente demônios comem— falo e ele meio que fica paralisado por um tempo, volto a olhar para os olhos dele "~como contar que 90% dos demônios comem carne humana e a alma dos indivíduos junto, inclusive que o avô dela também come?"

Drenath —coisas variadas sabe, vários tipos de carne...— ele realmente deu uma  resposta vaga.

—tipo almas e carne humana?— falo apenas para ver a reação dele que me olha fixamente.

Drenath —na maioria das vezes sim, Cris— acho melhor mudar de assunto.

Minha cabeça está começando a doer, será que é por estar ouvindo pensamentos? Toda vez que olho nos olhos dele ouso seus pensamentos então imagino que esse seja o gatilho, preciso evitar fazer isso.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Where stories live. Discover now