Capítulo 57

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Cristal

Fico andando em círculos na sala de estar do castelo do meu pai enquanto espero minha mãe ansiosa, pois pretendo sair daqui quando ela for. Eu gostei de passar um tempo com Dante, mas aqui está ficando chato, e eu tenho medo de envolver eles no meu problema, pois alguns dos meus tios são espertos demais.

Vejo pelo canto do olho um vulto laranja o que me faz me virar, apenas observo Dragomir me olhando encostado na parede, queria saber como passou tão rapidamente por mim sem eu conseguir sentir sua presença.

—o que quer aqui? Não vai me deixar em paz nem para falar com minha mãe?— digo com um tom sério, pois estou me sentindo um pouco incomodada.

Dragomir —poderia mostrar um pouquinho de interesse em mim sabe, pois não vou me afastar de você quando voltar a morar no outro lado do purgatório, seria mais fácil para sua mãe me aceitar por perto se dissesse que gosta de mim, para ela acreditar que estarmos nos conhecendo, que me deseja como namorado— a cada palavra que ele soltou me fez  sentir extremamente incomodada.

—eu não entendo porque precisa tanto de mim, tenho certeza que nada que planeja vai fazer algum de nós dois ganhar mais tempo— digo virando o rosto, consigo escutar os passos dele vindo até mim, sinto um calafrio quando coloca o braço em cima do meu ombro e aproxima seu rosto do meu ouvido.

Dragomir —fique tranquila, se qualquer situação for piorar as coisas para você irei a tirar da reta e assumir a culpa, se algum dos deuses de perguntar algo caso tudo acabe dando errado é só dizer que eu te ameacei, você e sua família, que mataria todos, acredite, eles são benevolentes com crianças irresponsáveis com menos de 50 anos de experiência— ele parece muito certo disso.

—acho que Raven não é benevolente com quem o trai— digo me virando para ele que vira o olhar por alguns segundos, acho que estou certa disso.

Dragomir —não, ele não é benevolente, não mais, mas não é ele quem decide isso, seu destino já está escrito, aquele pirralho já sabe tudo que vai acontecer, além disso, eles não podem punir sua alma não a colocando para reencarnação, isso prejudicaria o ciclo da vida já que não tem mais uma deusa para criar almas— eu tinha esquecido completamente que o Deus do destino lê mentes e sabe de tudo, se ele sabe de tudo pode contar ao Raven.

—se aquele garoto contar ao Raven seus planos já acabaram antes mesmo de começar— digo e ele abre um sorriso.

Dragomir —você não imagina o fardo que aquele pirralho carrega nas costas, ele não pode falar, estragaria o destino já escrito por ele, e quando tenta sua voz não sai, se de alguma forma conseguir evitar algum acontecimento vai ser punido perdendo algum dos seus sentidos.

—do jeito que as coisas estão a piorar não vai ser nem surpreendente tudo dar errado, e pelo caminho que estou seguindo  eu acabar sendo punida, provavelmente será merecido— digo abaixando a cabeça, desde que não leve ninguém para meus problemas acho que não prejudicarei ninguém.

Dragomir —pare de pensar tão negativamente, somos mortais, precisamos acreditar que tudo vai dar certo, todos são movidos por esse pensamento, conseguir mais tempo, dinheiro e poder, é o que nos diferencia dos deuses— diz abrindo um sorriso meio debochado.

—e foi por isso que matou a deusa da vida?— pergunto e logo a expressão divertida em seu rosto se desfaz.

Dragomir —se é nisso que você acredita—agora seu tom ficou sério.

—não é bem no que acredito, mas parece ser um fato, já que deuses não morrem e você parece estar sendo caçado, se ao menos me contasse o porquê mudaria minha forma de como vejo você— digo o encarando e ele respira fundo, vejo que ele se senta no sofá confortável,

Dragomir —não era para eu existir, uma criança criada do nada, com poderes estranhos, sem pai ou mãe, sendo destinada a morte simplesmente por ser um erro inexplicável, mas ao invés dela me matar decidiu me acolhedor, me deu um colar para ninguém jamais conseguir me perceber nem notar que não tinha alma— só fico um pouco confusa com a explicação sem sentido dele.

—ela seria a esposa do Raven?— pergunto confusa.

Dragomir —quem mais séria?— que estranho.

—eu pensei que você tinha sido amante dela, que esse era o motivo para Raven te odiar tanto além de dela matado— digo e ele me encara por um tempo, acho que se sentiu inojado.

Dragomir —eu amava ela, mas não dessa forma— estou me sentindo meio envergonhada agora, tinha certeza absoluta que ele era amante dela.

—entendi, mas como matou ela, pois você a matou, pois Raven não odiaria você a toa—  ele ia abrir a boca para falar, mas parou, não entendi o porquê até a porta ser aberta, não consigo nem olhar para trás antes de ser abraçada.

Eliza —eu não pensei que sentiria tanto sua falta, minha estrelinha— sei lá, mas ouvir a voz da minha mãe tirou completamente minha atenção do assunto.

Quando ela me solta apenas me viro e a abraço forte, pois me sinto tão bem e protegida nos braços dela.

Eliza —parece que também sentiu saudade.

—claro que senti, eu gostei de ficar aqui, mas senti saudade de passar meu tempo  com você— paro de falar ao lembrar que Dragomir está aqui, acho que minha mãe notou, porquê logo depois que a soltei olhou para um lugar fixamente.

Eliza —acho que não conheço você?— diz ficando com a voz e expressão de desconfiança.

Dragomir apenas olha para mim, acho que quer que eu o apresente, mas nem ferrando que vou dizer que ele é meu namorado, a gente mau se conhece e minha mãe sabe que eu não namoraria assim do nada.

—mãe, esse é Dragomir, ele foi meu professor, me ajudou a controlar o teletransporte, e também cuida da minha segurança quando saio, é amigo do papai e gostaria que o conhecesse— digo abrindo um sorriso meio sem jeito o que faz ela o encarar mais ainda.

Eliza —entendi, e quantos anos você tem Dragomir?— começou o interrogatório.

Dragomir —nem eu mesmo sei ao certo, mas tenho quase a mesma idade do Dante— ele foi esperto em não dizer apenas mais velho.

Eliza —idade do Dante....— pelo forma que falou e olhou para ele não gostou nada— eu tenho certeza que vi você antes, era você na festa da minha filha, a queria como esposa e parecia irredutível sobre isso— ela lembrou.

Dragomir —sua filha é impressionante, não consegui evitar de querer conhece-la, além de muito bonita, puxou sua beleza imagino— só o olho com a sobrancelha levantada quando se abaixa um pouco e beija a mão de minha mãe que inclusive ficou travada e sem palavras —melhor irmos comer, pois já está na hora do almoço.

Queria entender esse frio na barriga que começou agora, por que sinto que vai dar tudo errado hoje?

Entre Mundos (Deuses Elementais)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora