Capítulo 35

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Cristal

Apenas me sento na cama da minha mãe e fico esperando ela sair do banheiro, acho que Dante realmente a assustou, eu deveria ter entrado e o mandado embora para isso não acontecer, mas não vi nenhuma maldade em seus olhos.

Quando ela sai noto que tomou um banho por causa do roupão de algodão.

—mãe, está tudo bem?— pergunto preocupada, pois ela parece séria.

Eliza —não, mas isso só tem a ver comigo— seria mais fácil tentar entender ela se conversasse comigo.

—mãe, sei que não é o melhor momento, mas acho melhor morar com meu pai para ele poder me ensinar a usar esse poder de teletransporte— digo e ela encara meus olhos por um tempo, mas logo depois se vira.

Eliza —tudo bem, se é isso que quer não irei impedir, pelo lado bom não precisarei mais olhar para ele— fico meio espantada com a parte do lado bom.

—se não queria ele aqui porque o deixou ficar no castelo então?— pergunto sem entender e ela apenas volta a se virar para mim.

Eliza —é seu pai, Cris, muita escolha eu não tenho— acho que ela realmente queria estar com uma barreira separando os dois.

—eu pensei que você fosse brigar ou tentar me impedir de ir— digo e ela se senta na cama.

Eliza —se eu fizer isso você vai ficar?— pergunta de forma séria.

—não, mas....

Eliza —passarinhos não ficam no ninho para sempre, não vou continuar impedindo sua vida, pois você tem que aprender a viver em algum momento. Além disso, seria injusto impedir que se aproximasse do seu pai depois de todo esse tempo— então ela pensa no lado dele —alem disso, eu preciso que ele suma daqui, pois não aguento mais aturar aquele carrapato idiota!

Ela disse isso com tanto ódio que até me desestabilizou, mas logo depois olhou para mim e voltou a expressão normal.

—entendi... Vou arrumar minhas malas então...

Eliza —antes de sair, quando ver seu irmão diga a ele que gostei de conhece-lo, é bem mais esperto que o pai, igualzinho a você princesinha— acho que o problema dela é com o Dante em específico.

Será que ela dormiu com ele para ver se desistia de infernizar a vida dela? Para mim isso foi um plano bem ruim.

—posso perguntar o que vai fazer quando eu sair daqui?— eu tô curiosa, pois pensei que a vida dela girasse em torno de mim, mas parece que me enganei, não que isso seja ruim, na verdade é muito bom, a vida dela não acabará se a minha acabar.

Eliza —passar meu tempo com minha família no inferno, pois desejo isso desde criança— as vezes eu esqueço que ela não foi criada pelos pais, muito menos teve muito contato com eles.

—talvez conheça algum demônio legal lá, um que faça seu coração bater e seu rosto corar— quando digo isso a expressão dela some por alguns segundos.

Eliza —eu tô bem sozinha, não preciso de ninguém para me fazer feliz, Cris, você também não precisa— eu sei que ela está certa em dizer isso, mas sua voz mostra em sentimento tão ruim e sufocante.

—mãe, amar é tão ruim assim?—  as vezes eu penso que é melhor nem tentar.

Eliza —para mim foi, mas isso é relativo, pode ser feliz e amar, Cris.  Minha mãe fez isso e é feliz sendo rainha de um nível infernal e tento família. Poderia ir antes que eu acabe traumatizando você sem querer— apenas me levanto e vou até a porta sem olhar para trás, pois pelo jeito ela realmente vai acabar me traumatizando.
(...)

Apenas pego um livro curto para eu ler e caminho para o calabouço, pois não vou deixar de infernizar um pouco o cavaleiro de cabelos pretos super forte.

Quando chego na porta vejo ele parado segurando a corrente que prende sua cintura a parede, está tentando puxar para ver se solta, mau ele sabe que a corrente está presa em um ferro extremamente grosso atrás da parede de concreto.

Apenas entro e sento perto da porta para ficar observando ele tentar sair, pois vai precisar de muita sorte mesmo.

Vejo que ele vira para me olhar por um momento antes de  voltar a puxar a corrente na esperança de sair.

Fico lendo o livro por um tempo até ver ele se sentar em sua cama pelo canto de olho, acho que desistiu.

Cavaleiro —o que está lendo?—  quando escuto sua pergunta até paro de ler, pois nunca puxa assunto.

—um livro— digo voltando minha atenção para leitura, pois gosto de irritar as pessoas.

Cavaleiro —estar preso nesse cubículo sem nada para fazer é um tipo de tortura psicológica, pois é isso que está parecendo, poderia deixar o livro quando for sair— só abro um sorriso ao notar o quanto deve estar entediado.

—infelizmente prisioneiros não podem ler os livros do castelo é uma guerra restrita— digo com um sorriso provocativo —mas eu posso resumir o livro para você, que pena que disse que preferia ficar surto a ouvir minha voz.

Apenas volto a ler o livro enquanto o vejo bater o pé no chão impaciente, da para ver sua cara de bravo.

Cavaleiro —pode resumir o livro e ler para mim?— só fico pasma e travada quando escuto isso.

—nem um por favor antes?— digo e ele rosna para mim, tenta avançar em minha direção com suas garras, mas a corrente —tão orgulhoso.

Cavaleiro —P.O.R   F.A.V.O.R— quando ele começa a soletrar letra por letra abro um sorriso

—esqueceu o C.R.I.S.T.A.L—  quando digo isso vejo ele abrir as asas e as bater como se fosse voar, o vento produzido por elas faz meu cabelo bagunçar e o livro voar para fora da cela— seu babaca!

Cavaleiro —se não fosse por aquele homem eu teria te matado da pior forma possível— apenas me levanto para pegar o livro enquanto mau humorada, pois queria o humilhar mais.

Volto a me virar para sentar na cadeira, apenas noto que deitou na cama de pedra no fundo da cela, acho que perdeu a paciência.

—o livro é sobre uma princesa rebelde filha de um casamento arranjando, onde nenhum dos pais se ama, no seu aniversário de 18 anos é arrumado um acordo de paz que para ser zelado precisa de um casamento com um príncipe de um reino distante então o rei manda um dos mulheres guardas do reino para escoltar sua filha. Durante a viagem eles começam a se provocar, e a fazer coisas que não são permitidas— digo tentando achar a página que parei.

Cavaleiro —o que acontece depois?— ele está mesmo ouvindo.

—eu não sei, estava lendo quando me fez derrubar o livro, mas imagino que vão se apaixonar e fugirão juntos, não acha isso?— pergunto tentando achar o capítulo que perdi.

Cavaleiro —acho que o príncipe vai descobrir, mandar caçar os dois e os torturar pela traição que cometeram, vai fazer sua noiva observar os membros do seu guarda serem arrancados um por um para faze-la sofrer, depois vai a queimará viva— quando escuto isso fico travada no mesmo lugar.

—isso não é uma história darkside!— digo e ele apenas ri baixo como se achasse graça de algo.

Cavaleiro —finais felizes só existem em livros, borboletinha, a realidade é outra, ninguém jamais aceitaria ser traído, iria dar o troco na mesma moeda ou pior, e se fosse um darkside  o príncipe faria tortura psicológica e faria sua noiva de cadela obediente, a acostumaria com a dor da tortura e assim eles teriam um final (feliz)— eu não sei o que mais me causa agonia, as suposições dele ou o fato de ler esse tipo de coisa.

—isso seria impossível de acontecer se uma mulher estivesse nessa condição tentaria achar uma chance de o matar ou se mataria para não passar por isso— digo e ele rola na cama para olhar para mim.

Cavaleiro —eu invejoso a inocência de alguém que nunca torturou ou manipulou alguém na vida, sabe o que é dependência emocional não é? Chega um momento que a pessoa esquece completamente o que era antes de tudo, a vida começa a girar em torno no mestra, para de existir escapatória— a forma que ele fala está me assustando.

Apenas me levanto, pois preciso preparar minhas malas para ir embora antes que meu estômago fique mais revirado.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Where stories live. Discover now