Capítulo 55

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Cristal

Depois de usar meu teletransporte para voltar para casa começo a tirar o vestido apertado, o salto rosa, a peruca e todas as joias que estou a usar em meu corpo.

Quando estou apenas de peças íntimas noto a luz que está entrando pela janela, o dia já está amanhecendo, eu fiquei no baile a noite inteira bebendo para ver se esquecia o maldito fato de que vou morrer e reencarnar como outra pessoa.

Só caminho até a janela e fecho as cortinas, pois eu estou tão cansada e bêbada que minha visão não para de rodar.

Eu me pergunto se realmente tenho sorte de estar viva, acho estou começando a achar que deveria ter morrido quando bebê, pois bebês não entendem nada, não sentem, não amam, não se arrependem de não ter feito algo.

Só caio de cara na minha cama macia e fecho os olhos, não demora para o sono chegar e eu me entregar completamente a ele.
(...)

Começo a abrir os olhos vendo uma claridade batendo em meu rosto, não demora para eu ver alguém de costas abrindo as cortinas e janelas.

—não abre, eu quero dormir— digo sem conseguir abrir muito meus olhos, minha cabeça parece que vai explodir, não demora para eu notar o cabelo alaranjado de quem está fazendo isso.

Dragomir —acho que já dormiu o suficiente, são duas da tarde, pelo que sei chegou cinco e meia da manhã, já dormiu doze horas. Vai acordar e me contar o que aconteceu na festa, e já ia esquecendo, belo conjunto de calcinha e sutiã— quando escuto suas palavras dou conta que dormi semi nua.

Pego a coberta e cubro meu corpo envergonhada, ele não tinha que ter o direito de entrar no meu quarto dessa forma.

—juro que se continuar entrando em meu quarto desse jeito vou falar com meu pai, eu tenho certeza que vai querer arrancar seus olhos por ter me visto assim — digo completamente irritada e constrangida.

Dragomir —eu sinceramente não entendo vocês mulheres, qual a diferença de estar usando calcinha e sutiã para estar usando um biquíni? Você toda hora vai para piscina com um, além disso, não tem nada de muito interessante para chamar minha atenção em você, é uma tábua— só sinto meu ódio e vergonha começarem a aumentar ao ouvir suas palavras.

—como você ousa dizer isso!— eu não sou uma tábua!

Dragomir —não é como se fosse uma mentira, agora fale logo o que de interessante aconteceu na festa que possa me ajudar— ajudar a quê? O que ele planeja?

—eu não sou obrigada a te contar, você poderia simplesmente ter esperado eu acordar!— vejo que ele apenas respira fundo e fecha os olhos, acho que irritei ele, mas está tentando não demonstrar.

Dragomir —se já aceitou seu destino, ótimo, morrer não deve ser tão ruim para quem vai reencarnar sem memórias— diz me olhando de forma séria, antes de se virar e se dirigir até a porta.

—espera!— digo por impulso, eu não quero morrer, não quero que minha alma seja usada para outra pessoa poder nascer, por que eu tenho que morrer para outro poder viver? Isso é completamente injusto, eu não quero que minha vida acabe por causa disso.

Dragomir —e então? Já se decidiu?— se eu não precisar ajudar diretamente não terá problemas não é? Não é como se minhas mãos fossem se sujar de sangue pelo que ele vai fazer.

—desde que eu não precise matar ninguém, apenas passar informações, não acho que vai haver problemas— digo abaixando a cabeça, pois no fundo eu queria ser capaz de verdade de aceitar meu destino, eu nunca deveria ter descobrido meu fim, seria melhor apenas viver sem preocupação até meus 25 anos.

Dragomir —por enquanto é só isso que quero,  informações, e então, descobriu algo interessante hoje?— diz abrindo um sorriso enquanto senta na cama perto de mim.

—nada de muito interessante, não consegui me aproximar de Leviathan nem Raven, acho que são desconfiados de mais para se dar ao luxo de se aproximar de qualquer um, mas entrei em um lugar interessante— paro dando uma pausa, me pergunto se deveria contar sobre o corredor, o Deus do destino e sobre a sala com o espelho.

Dragomir —que lugar?— ele parece estranhamente interessado.

—Raven queria me mostrar algo para me fazer aceitar mais facilmente a morte...

Dragomir —mas se está me contando não ajudou, só piorou imagino— Raven tentou me ajudar de certa forma, mas só me fez sentir impotente.

—ele me levou entre portas, passamos por alguns lugares até chegarmos em uma biblioteca cheia de livros que contavam a história de quem já tinha morrido, logo depois fomos para um corredor com livros sendo escritos, a história que quem estava a viver, bem .... Ali eu encontrei o Deus do destino, o que escreve histórias, cria destinações e faz tudo acontecer da forma que ele escrever— me parecia apenas um adolescente mau humorado.

Dragomir —entendo, aquele pirralho orgulhoso e ignorante, continue— então ele o conhece?

—continuamos reto pelo corredor até chegarmos a uma porta que levou a uma sala com um espelho no meio, um espelho que me mostrou as possibilidades para onde minha alma iria quando eu morresse— digo e o olhar dele mudou de forma quase imperceptível.

Dragomir —a Skirax, o espelho que responde quase todas as perguntas possíveis, seria útil se me fizesse um mapa sobre onde exatamente ele está com todos os máximos detalhes possíveis, inclusive quanto tempo andou reto no corredor de livros— eu queria saber de verdade o que ele pretende com essas informações.

—eu já te contei tudo que sei, agora saia do meu quarto e vá embora— digo com um tom de voz irritado o que o faz se levantar da cama e sair do quarto me deixando sozinha.

Sei que provavelmente estou seguindo um caminho sem volta, mas se ficar apenas entre nós dois não vai ser como se eu realmente estivesse ajudando ele.

Eu não quero o mau dos deuses, mas também não quero morrer..

Entre Mundos (Deuses Elementais)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن